Culture and Sustainability Symposium • 2019 • Lisboa Incomum
Culture and Sustainability Symposium • 2019 • Lisboa Incomum
16-17 Nov 2019
PROGRAMA [resumido]
PROGRAM [summary]
16.11
Concerto/Concert #1 | 15:00-16:00
Música Acusmática/Acousmatic Music
Obras/Works:
Cândido Lima - CHANTIER - melodias em pedra*
Panayiotis Kokoras - Sound Forest
Ângela Lopes - Reciclo-Recirculos – em forma de sanza*
Annette Vande Gorne - Déluges et autres péripéties
*Estreias absolutas. Encomendas do Festival DME - Dias de Música Electroacústica./Premieres. Works commissioned by Festival DME - Dias de Música Electroacústica.
Conferência/Conference #1 | 16:15-17:15
(Em português/In Portuguese)
Cândido Lima
Ângela LopesConferência/Conference #2 | 17:30-18:30
(Em inglês/In English)
Ieva Petkutė - “Susitikime muziejuje”: Museum Programming for People Living with Dementia, their Carers and Family Members in Lithuania
Marco Bidin - Recycling musical material as a creative composition process
Astrid Rieder - My concept of trans-Art
Workshop #1 | 19:00-20:00
Astrid Rieder - Trans-Art
Com a participação de Carlos Santos (electrónica), Ernesto Rodrigues (violeta) e Joana Sá (saxofone).
With Carlos Santos (electronics), Ernesto Rodrigues (viola) and Joana Sá (saxophone).
17.11
Conferência/Conference #3 | 15:00-16:00
(Em inglês/In English)
Joel Preto Paulo - Immersive soundscape as a form to influence tourism
Helena Vasques de Carvalho - The Performing Arts – challenges and sustainability in the creative economy
Rui M. Borges dos Santos - Illuminating the marine soundscape: the sound of phytoplankton photosynthesis
Concerto/Concert #2 | 16:15-17:15
Laboratório de Música Mista José Luís Ferreira da Escola Superior de Música de Lisboa
Programa/Program:
Improvisação/Improvisation I
Joshua Keeling – Ñamandu Improvisação/Improvisation II
André Simões – Cruor
Com/With:
Eduardo Marques
Ricardo Almeida
Marta Domingues
André Simões
Gualter Silva
Joana Sá
Jorge Rosário (produção/production)
Conferência/Conference #4 | 17:30-18:30
(Em português/In Portuguese)
Carlos Marecos - A Casa do Cravo
Pedro Félix - A noção de sustentabilidade na teoria dos arquivos. Ponto da situação, problemas, futuros
António Ângelo Vasconcelos - A Educação Artística em tempos incertos: por uma ecologia de ação e de formação
Pedro Moreira - Resiliência e Sustentabilidade: uma reflexão etnomusicológica a partir do estudo de caso do Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio
Comunicação-recital/Recital-conference - 19:00-20:00
(Em português/In Portuguese)
Cantos do céu e vozes da Terra:
Elementos de paisagem sonora na música para piano,
do Barroco ao presente
Ana Telles, piano e comentário
João Eduardo Rabaça, comentário
Carlos Marecos, electrónica
Programa/Program:
Jean-Philippe Rameau [1683-1764]
Le Rappel des Oiseaux, para piano (ca. 3’)
Henri Dutilleux [1916-2013]
Blackbird, para piano (ca. 2’)
Sofia Gubaidulina [n. 1931]
The Little Tit e The Woodpecker, de Musical Toys, para piano (ca. 1’15’’ + 1’50’’)
Olivier Messiaen [1908-1992]
Le Rouge Gorge (de Petits Esquisses d’Oiseaux), para piano (ca. 2’30’’)
Francisco de Lacerda [1869-1934]
Le Canard qui a mangé des grenouilles, de Trente-six histoires pour amuser les enfants d’un artiste, para piano (ca. 1’30’’)
Eurico Carrapatoso [n. 1962]
Pombo-torquaz, de Six histoires d’enfants pour amuser un artiste, para piano (ca. 5’)
Franz Liszt [1811-1886]
Légende No. 1: Saint François d’Assise prêchant aux oiseaux, para piano (ca. 10’30’’)
Carlos Marecos [n. 1963]
A casa do cravo, para piano e eletrónica (ESTREIA MUNDIAL, Encomenda DME)
____
PROGRAMA [detalhado]
PROGRAM [detailed]
16.11
Concerto/Concert #1 | 15:00-16:00
Música Acusmática/Acousmatic Music
Obras/Works:
Cândido Lima - CHANTIER - melodias em pedra*
Panayiotis Kokoras - Sound Forest
Ângela Lopes - Reciclo-Recirculos – em forma de sanza*
Annette Vande Gorne - Déluges et autres péripéties
*Estreias absolutas. Encomendas do Festival DME - Dias de Música Electroacústica./Premieres. Works commissioned by Festival DME - Dias de Música Electroacústica.
Notas de programa/Program notes:
Cândido Lima - CHANTIER - melodias em pedra
CHANTIER-melodias em pedra
Música electroacústica
Duração: 8 minutos
Cândido Lima
CHANTIER-melodias em pedra é uma homenagem aos trabalhadores dos subterrâneos e espaços sobrepostos, nas pessoas de dois ilustres “chefs de chantier” (meus irmãos Daniel e Luís), responsáveis técnicos pela elevação de gigantescos edifícios nos céus de Paris, das ruas de Montparnasse às ruas da Bastilha, dos Campos Elísios ao edifício da UNESCO. Nesta obra entroncam as premissas do projecto “cultura e cidades sustentáveis”, proposto pelo compositor Jaime Reis, a quem a obra é também dedicada, para o simpósio “Cultura e Sustentabilidade”.
A geografia de onde parte a concepção deste painel electroacústico é dupla: das destruições e construções em locais de ruas de Paris e dos arredores (Malakoff, Asnières-sur-Seine, Saint-Ouen...), às duas destruições e construções em locais das ruas do Porto, uma delas, dos escombros em que tornaram a estação de comboios da Avenida de França, transformada numa estação de Metro, a outra, dos escombros em que tornaram a estação dos eléctricos-REMIX, da Rotunda da Boavista, transfigurada numa invulgar figira geométrica em “melodias em pedra” que é a Casa da Música.
As construções dos prédios em Paris seguia-os a partir dos alicerces até aos céus, quando lá vivi, e o nascimento e elevação de novos edifícios seguia-os nas viagens à cidade ao longo dos anos; no Porto acompanhei, das minhas janelas, a vida de ambas as construções a partir das suas fundações e sua elevação nos céus da Boavista. Durante as obras dos estaleiros observava e filmava o nascimento e o crescimento de ambos os imóveis, e em 2000 fiz uma viagem a Paris expressamente para revisitar e filmar os edifícios de sangue, memórias de família, símbolos da “cultura e de sustentabilidade das cidades” sujeitos às perspectivas e ângulos por que cada cidadão as olha.
Um dos centros de gravidade à volta do qual gira esta obra electroacústica é a Casa da Música do Porto. Esta obra vinda de outras obras tem origem no primeiro minto de 8 partituras provenientes de encomendas de instituições e grupos, executadas em concertos e em ensaios na Casa da Música, e evoca o nascer físico e simbólico dessas duas obras de arte da cidade nortenha ligadas, por afectos, à construções seguidas em Paris. Esse primeiro minuto e meio extraído de cada uma dessas partituras instrumentais é transformado, por procedimentos informáticos, num amontoado caótico de sons, de ritmos, de sonoridades, de orquestrações e de configurações. Encontram-se, aqui, os princípios que estruturam a obra: construção-desconstrução-construção, também construção-desconstrução-reinvenção.
A disseminação desses materiais no interior do minuto e meio inicial de cada obra mistura-se, no fluir do tempo musical, em novos contextos, numa transfiguração radical das suas origens através de nova alquimia. A deslocalização destes sons para longe da obra-mãe dá origem a uma nova arquitectura, síntese de arquitecturas de natureza e origem diversas, numa anulação e, ao mesmo tempo, fusão orgânica de sentidos e direcções de origem.
Foi destas partituras de uma tão diferentes que nasceu esta paisagem de escombros electroacústicos, síntese simbólica dos alicerces das grandes construções das cidades transformados agora, através de montagens, colagens e fusões que levaram o compositor a erigir um novo edifício audiovisual imaginário. Neste edifício onde se cruzam histórias e evocações, conciliam-se caos e ordem, numa transferência metafórica do mundo físico caótico que nos rodeia, numa alegoria lírica e dramática sobre “sustentabilidade e cultura” na nossa vida quotidiana urbana. Como extensão desses sons e imagens sob todas as suas formas, de que o autor é testemunha ocular, vive no seu cérebro, como um longo mural sinfónico e audiovisual um desejo irreprimível mas utópico, mentalmente real, porém, fora do domínio dos possíveis da sustentabilidade e cultura da cidade.
Data da estreia de CHANTIER-melodias em pedra programada para 16 de Novembro de 2019, no Espaço Lisboa Incomum-festival Dias de Música Electroacústica (DME).
A escrita ao computador das partituras foi realizada pela professora Aura Reis
Os trabalhos em estúdio em estúdio teve a colaboração da compositora Ângela Lopes.
A voz retirada de um momento da música de câmara “ECOS-música de um dia e de ironia” é da soprano Cláudia Pereira Pinto.
Porto, 25 de Outubro de 2019
Cândido Lima
“CHANTIER-melodias em pedra” is a tribute to the underground and overlapping space workers after two distinguished “chefs de chantier” (my brothers Daniel and Luís), technicians responsible for lifting giant buildings in the skies of Paris from the streets of Montparnasse to the streets of Bastille, from the Champs Elysées to the UNESCO building. In this work the premises of the project “sustainable culture and cities”, proposed by the composer Jaime Reis, to whom the work is also dedicated, for the symposium “Culture and Sustainability”.
The geography from which the design of this electro-acoustic panel is based is twofold: from the destruction and construction of Paris and surrounding streets (Malakoff, Asnières-sur-Seine, Saint-Ouen ...), to the two destruction and construction of local the streets of Porto, one of them, the rubble where they turned the Avenida de França railway station, transformed into a Metro station, the other, the rubble where they turned the REMIX tram station, of the Rotunda da Boavista, transformed into a unusual geometric figure in “stone melodies” which is the Casa da Música.
I have followed the construction of the buildings in Paris from the foundation to the sky when I lived there, and I have followed the birth and elevation of new buildings in my travels to the city over the years; In Porto I followed, from my windows, the life of both buildings from their foundations and their elevation in the skies of Boavista. During the works of the shipyards I observed and filmed the birth and growth of both buildings, and in 2000 I made a trip to Paris expressly to revisit and film the buildings of blood, family memories, symbols of the “culture and sustainability of cities” subject to the perspectives and angles that every citizen looks at them.
One of the centers of gravity around which this electroacoustic work revolves is the Porto Music House. This work from other works originates in the first minute of 8 scores from commissions from institutions and groups, performed in concerts and rehearsals at the Casa da Música, and evokes the physical and symbolic birth of these two linked works of art from the northern city, affections, to the buildings followed in Paris. This first minute and a half taken from each of these instrumental scores is transformed by computer procedures into a chaotic jumble of sounds, rhythms, sounds, orchestrations and configurations. Here are the principles that structure the work: construction-deconstruction-construction, also construction-deconstruction-reinvention.
The dissemination of these materials within the initial minute and a half of each work mixes, in the flow of musical time, in new contexts, in a radical transfiguration of their origins through new alchemy. The relocation of these sounds away from the masterpiece gives rise to a new architecture, a synthesis of architectures of different nature and origin, in an annulment and, at the same time, organic fusion of meanings and directions of origin.
It was from such different scores that this landscape of electroacoustic rubble was born, a symbolic synthesis of the foundations of the great constructions of the cities now transformed, through montages, collages and fusions that led the composer to erect a new imaginary audiovisual building.
In this building where stories and evocations intersect, chaos and order are reconciled, in a metaphorical transference from the chaotic physical world around us, into a lyrical and dramatic allegory about “sustainability and culture” in our urban daily life. As an extension of these sounds and images in all their forms, of which the author is an eyewitness, it lives in his brain, like a long symphonic and audiovisual mural, an irrepressible but utopian desire, mentally real, but outside the realm of possible sustainability. and culture of the city.
Date of the premiere of CHANTIER-stone melodies scheduled for November 16, 2019, at Espaço Lisboa Uncommon-Electroacoustic Music Days (DME) festival.
The computer writing of the scores was performed by teacher Aura Reis.
The studio works in the studio had the collaboration of the composer Ângela Lopes.
The voice taken from a moment of chamber music “ECOS-song of a day and irony” is performed by soprano Cláudia Pereira Pinto.
Porto, October 25, 2019
Cândido Lima
Panayiotis Kokoras - Sound Forest
Em 'Sound Forest', a paisagem sonora inicial funciona como ponto de partida para o processo de composição. A realidade é ampliada e o som concreto transformado em um objeto sonoro abstrato. Novas texturas complexas introduzem paisagens sonoras inéditas com gestos poderosos. Os padrões ecológicos de insetos, pássaros, chuva, vento e outros determinam a estrutura de composição e tornam-se recursos para um maior desenvolvimento.
In Sound Forest the initial soundscape works as a starting point for the compositional process. The reality is amplified and the concrète sound transformed into an abstract sound object. New complex textures introduce unheard soundscapes with powerful gestures. Ecological patterns from insects, birds, rain, wind and other determine the compositional structure and become resources for further development.
Ângela Lopes - Reciclo-Recirculos – em forma de sanza
Reciclo-Recírculos – em forma de sanza (reutilizar-reciclar)
Reciclo-Recirculos – em forma de sanza (2019) é uma obra acusmática, encomenda do Festival DME, para ser estreada no âmbito da 3ª edição do Simpósio – Cultura e Sustentabilidade a realizar no Lisboa Incomum de 15 a 17 de novembro.
Trata-se de uma paisagem sonora construída a partir da ideia de sustentabilidade. Poderei, enquanto compositora, agir de forma mais sustentável? E poderá a minha música ser reflexo dos meus princípios de sustentabilidade? Num mundo em que quase tudo é descartável, de que forma a minha obra pode ser resultado de uma ação mais consciente? Foi este o ponto de partida para a composição de Reciclo-Recírculos - em forma de sanza.
Palavras de ordem ou palavras-chave: reutilizar e reciclar. Estes são os princípios essenciais da gestão moderna de resíduos: reduzir, reutilizar e reciclar. Em Reciclo-Recírculos, reutilizo e reciclo um computador, a minha ferramenta de trabalho, o hardware e o software, além de materiais sonoros de obras minhas electroacústicas, nomeadamente de A menina dos olhos de chuva e de Granulations – sons do parque, obras de 2008, um teatro musical com electroacústica sobre suporte, a primeira, e uma obra acusmática composta para a série Sound walk/Festival Música Viva 2008, a segunda. Aqui recupero um computador inativo com um sistema operacional da Apple Mac OS Z1 - 9.2.2 e Mac OS X 10.2.8 (com dois discos de arranque). Uma utilização mais consciente que fizesse com que cada um de nós usasse por prazos de vida mais longos os nossos instrumentos electrónicos e digitais (reutilizando-os) talvez fizesse toda a diferença na melhoria do nosso ambiente. Tomar por missão compor Reciclo-Recírculos – Em forma de sanza neste velho Mac foi, simultaneamente, um risco e uma provocação, mas um risco e uma provocação de um prazer e de um retorno fantástico ao passado.
Revisitar, reciclando, os materiais sonoros de obras da minha autoria foi igualmente um desafio. A maioria desses materiais tinham sido já utilizados, outros eram resíduos. A dificuldade foi a conciliação das naturezas distintas, a natureza rítmica e não temperada dos materiais de Granulations (de sons de uma sanza) e a natureza melódica e tonal de outros, de A menina dos olhos de chuva. Foi imperativo conciliar o inconciliável, fundindo, combinando e orquestrando as diferenças. A obra tem claramente duas camadas justapostas, contratantes que se interligam, se confrontam ou se anulam.
Do título, Reciclo (do verbo reciclar, ou do substantivo) é referente aos materiais que retornam à vida (a conversão de desperdício em materiais de potencial utilidade). Já Recírculos, dado o carácter circular e repetitivo, como num loop, de parte dos materiais. O sub-título, em forma de sanza, é relativo à presença de uma sanza, instrumento africano, por mim tocado, gravado e transformado.
Ângela Lopes
Porto, 3 de novembro de 2019
Reciclo-Recírculos – em forma de sanza (2019) is an acousmatic work commissioned by the DME Festival to be premiered in the 3rd edition of the Symposium - Culture and Sustainability to be held in Lisbon Uncommon from 15 to 17 November. It is a soundscape built from the idea of sustainability. Can I, as a composer, act more sustainably? And can my music reflect my principles of sustainability? In a world where almost everything is disposable, how can my work be the result of more conscious action? This was the starting point for the composition of Recycle-Recirculations - in sanza form.
Order words or keywords: reuse and recycle. These are the essential principles of modern waste management: reduce, reuse and recycle. In Recycle-Recirculations, I reuse and recycle a computer, my work tool, hardware and software, as well as sound materials from my electroacoustic works, namely The Girl with the Rain Eyes and Granulations - Park Sounds, Works by 2008, a musical theater with electroacoustics under support, the first, and an acoustic piece composed for the Sound walk / Música Viva Festival 2008 series, the second.
Here I recover an inactive computer with an operating system from Apple Mac OS Z1 - 9.2.2 and Mac OS X 10.2.8 (with two bootable disks). A more conscious use that would make each of us use our electronic and digital instruments for a longer life (reusing them) could make all the difference in improving our environment.
Taking as a mission to compose Recycle-Recirculation - Sanza-shaped on this old Mac was both a risk and a tease, but a risk and a tease of pleasure and a fantastic return to the past.
Revisiting, recycling, the sound materials of works of my own was also a challenge. Most of these materials had already been used, others were waste. The difficulty was the reconciliation of the distinct natures, the rhythmic and untempered nature of the Granulations materials (of sounds of a sanza) and the melodic and tonal nature of others, of The Girl with the Rain Eyes. It was imperative to reconcile the irreconcilable, merging, combining and orchestrating the differences. The work clearly has two juxtaposed layers, contractors that interconnect, confront or annul each other.
The title, Recycle (from the verb recycle, or noun) refers to materials that come back to life (the conversion of waste into potentially useful materials). Recirculations, given the circular and repetitive character, as in a loop, of some of the materials. The subtitle, in the form of sanza, refers to the presence of a sanza, an African instrument that I played, recorded and transformed.
Angela Lopes
Porto, November 3, 2019
Annette Vande Gorne - Déluges et autres péripéties
Déluges et autres péripéties
Texto de Werner Lambersy
Música acusmática de Annette Vande Gorne
Com as vozes de
Werner Lambersy, recitante
Françoise Vanhecke, soprano
Annette Vande Gorne, voz transformada e leitura das citações
16 canais
“Nós aguardamos a destruição." Esta frase, como uma ladainha que se aplica a todas as atividades das sociedades humanas hoje, impressionou-me pela sua evidência implacável. Eu construí uma suite encadeada com cenas curtas e diferentes, com as improvisações de Françoise Vanhecke e a nova técnica de canto por inalação que ela desenvolveu como a principal fonte de material sonoro. O espírito da peça é o de um hörspiel na forma de uma cantata.
Com a ajuda do WBI (Wallonie-Bruxelles international), a obra foi realizada no estúdio "PanaRoma" de 16 canais da Unesp - Universidade Estadual Paulista (graças a Flo Menezes) e no estúdio de 16 canais "Métamorphoses d'Orphée » de Musiques et Recherches (Ohain, Bélgica).
Déluges et autres péripéties
Text by Werner Lambersy
Acousmatic music by Annette Vande Gorne
With the voices of
Werner Lambersy, recitant
Françoise Vanhecke, soprano
Annette Vande Gorne, transformed voice and citation reading
16 channels
“We are waiting for the destruction.”
This leitmotiv is brutally assaulted in ten verses, which demonstrate, drawing on all human activities and sensations, with the evocative power and sensitivity of one of our most prominent French-speaking Belgian poets, that the only way out of the rebirth of our civilization under other auspices, is that of his death.
This terrible text challenged me. I had no choice but to reinforce it with "terrible" sounds too, constantly renewed in a chained series of small paintings that respects the structure of the text, in the spirit of the cantata-shaped hörspiel. At the same time, Françoise Vanhecke commissions me a work that highlights the singing technique she develops and which is the subject of her doctoral thesis at the University of Ghent: singing backwards, by inhalation. It seemed to me very emblematic of what the Poet says.
Commissioned by Françoise Vanhecke, this work has benefited from a grant to help the composition of the federation Wallonia-Brussels: general service of artistic creation, performed at the studio 16 channels "Metamorphoses d’Orphee" of Musiques & Recherches (taken sound, composition and spatialization) and in the 16-channel PANaroma studio of the State University in Sao Paulo UNESP (sound and spatialization), thank you to Flo Menezes for inviting me.
World premiere of the full version on October 25, 2015, in Brussels in the 22nd festival L'Espace du Son.
Conferência/Conference #1 | 16:15-17:15
(Em português/In Portuguese)
Cândido Lima
Ângela Lopes
Conferência/Conference #2 | 17:30-18:30
(Em inglês/In English)
Ieva Petkutė - “Susitikime muziejuje”: Museum Programming for People Living with Dementia, their Carers and Family Members in Lithuania
Marco Bidin - Recycling musical material as a creative composition process
Astrid Rieder - My concept of trans-Art
Ieva Petkutė - “Susitikime muziejuje”: Museum Programming for People Living with Dementia, their Carers and
Antecedentes: A prevalência de demência está a aumentar rapidamente em todo o mundo. Cerca de 50 milhões de pessoas viviam com demência em todo o mundo em 2018. Prevê-se que este número triplique para 152 milhões em 2050, esmagando famílias, comunidades, sistemas de saúde e economias em todo o mundo (World Alzheimer Report, 2018). Cuidar de pessoas com demência apresenta desafios profundos para as famílias e para a sociedade, e a crescente carga global é amplamente subestimada. O sector cultural está a começar a preocupar-se cada vez mais com a programação de acesso livre e o envolvimento de pessoas que vivem com demência, seus cuidadores e familiares.
Conteúdo: No workshop de apresentação Ieva Petkutė, directora da organização lituana de Artes para a Mudança Social, “Socialiniai meno projektai”, fornecerá uma visão geral da primeira programação do museu “Susitikime muziejuje”, que visa criar acesso às artes e à prática criativa para as pessoas que vivem com demência, seus cuidadores e familiares. O programa, que inclui sessões práticas para funcionários de museus, visitas a museus, oficinas em ambientes de cuidados residenciais, visa aumentar a consciencialização sobre a condição e a importância do sector cultural adoptar uma postura activa para lidar com esta problemática. Ieva abordará, de forma geral, os métodos aplicados em “Susitikime muziejuje”, partilhando ideias sobre o impacto que o programa tem a nível individual, comunitário e social.
Palavras-chave: artes participativas, demência, programação de museus, bem-estar, relações de cuidado.
Background: Prevalence of dementia is rapidly increasing around the world. About 50 million people were living with dementia globally in 2018. This is projected to more than triple to 152 million by 2050, overwhelming families, communities, healthcare systems, and economies throughout the world (World Alzheimer Report, 2018). Caring for those with dementia presents profound challenges to families and society, and the growing global burden is vastly underestimated. The cultural sector is notably starting to be more concerned with access programming and engaging with people living with dementia, their carers and family members.
Content: Within the presentation-workshop Ieva Petkutė, director of Lithuanian Arts for Social Change organisation “Socialiniai meno projektai” will provide the overview of the first museum programming “Susitikime muziejuje” that aims to create the access to arts and creative practice for people living with dementia, their carers and family members. The programme, that includes training for museum staff, museum tours, workshops in residential care settings is aiming to raise awareness about the condition and the importance for the cultural sector to take an active stance to address it. Ieva will overview the methods applied in “Susitikime muziejuje” and share the insights into the impact the programme has on an individual, community and societal level.
Keywords: participatory arts, dementia, museum programming, well-being, care relationships.
Marco Bidin - Recycling musical material as a creative composition process
Muitos são os desafios impostos à nossa sociedade para criar um futuro sustentável, onde os humanos ainda possam viver como tais. Como tendência geral no chamado mundo ocidental, vivemos com uma quantidade sempre crescente de estímulos auditivos e visuais, acostumando-nos, se não viciando-nos, ao excesso de consumo de bens, ambos materiais (alimentos, telefones, etc.). .) e emocionais (músicas, vídeos, ...).
Uma abordagem “de volta ao básico” parece-me uma maneira eficiente de lidar com o problema. Tirar da nossa vida coisas desnecessárias, evitando um desperdício desnecessário de recursos: este processo é uma forma de repensar-mos em nós mesmos, desintoxicar o nosso ego e promover uma comunicação mais saudável entre outros indivíduos.
Como compositor, reparei na minha criação de material um excesso de dados provenientes de processos gerados por algoritmos. Normalmente preciso, das minhas composições, não mais do que aproximadamente 10 a 20% delas: o resto é apenas um subproduto, inútil e que deve ser descartado? Depois de refinar as minhas perguntas, objectivos e técnicas artísticas, pareceu-me claro que os processos criativos deveriam ser conduzidos de uma maneira que possibilitasse um maior desenvolvimento, ajustando organicamente um novo e diferente propósito artístico. “Reciclar” material musical é mais exigente do que criar um novo, mas esse desafio permitiu-me aprofundar o entendimento da minha própria linguagem composicional.
Além disso, considero a música eletrónica a nova abordagem artística que permite mergulhar na própria natureza do som, explorar várias paisagens sonoras e expressar a arte como uma criação que transcende as fronteiras culturais e os contrastes políticos. Para isso, estou a criar o ciclo do "Studi Sincretici", composto pela realização de instrumentos virtuais e pela integração de vozes e amostras gravadas com som sintético, usando a tecnologia como recurso transcultural e como meio de reinterpretação de material musical descartado.
Many are the challenges imposed to our society in order to create a sustainable future, where humans can still live as such. As a general tendency in the so-called western world, we now live with an always increasing amount of aural and visual stimuli, thus becoming accustomed, if not addicted, to over-consumption of goods, both material (food, phones, ...) and emotional ones (music, videos, ...).
A “back to basic” approach seems to me one efficient way to deal with the problem. Takin out of our life unnecessary things, avoiding a needless waste of resources: such a process is a way to re-think ourselves, detox our ego and promote a healthier communication between individuals.
As a composer, I noticed in my creation of material an overflow of data coming from algorithmic generated processes. Usually, I need for my compositions no more than roughly 10-20% of it: is the rest only a byproduct, useless and to be trashed? After refining my artistic questions, goals and techniques, it seemed clear to me that creative processes should be led in a way that makes further development possible, organically fitting a new, different artistic purpose. “Recycling” musical material is more demanding than creating a new one, but this challenge allowed me to go deeper in the understanding of my own compositional language.
Furthermore, I deem electronic music as the new artistic approach that allows to dive in the very nature of sound, tap into multiple soundscapes and express art as a creation transcending cultural boundaries and political contrasts. For this purpose, I am creating the cycle of “Studi Sincretici”, composed by realising virtual instruments and integrating recorded voices and samples with synthetic sound, using technology as a cross-cultural resource and as a mean of re-interpretation of discarded musical material.
Astrid Rieder - My concept of trans-Art
Trans-Art é um género de arte do presente, que se desenvolveu lentamente a partir do extenso trabalho que fui desenvolvendo. Com base na minha formação como artista visual e o meu profundo apreço pela música contemporânea, iniciei as primeiras experiências trans-art nos anos 90. Em Julho de 2016, desenvolvi o género trans-Art e a Composition Graphique Musicale. Na conferência sobre trans-Art analisarei, de forma rigorosa, o desenvolvimento, os objectivos e a prática desta nova forma artística. O objectivo da conferência é fornecer um contexto para o workshop e performance.
Trans-Art is an art genre of the present, which slowly developed from my extensive work. Based on my background as visual artist and deep appreciation for contemporary music, I began first trans-Art experiments and house concerts in the 1990s. Later, the studio concerts followed. In July 2016, I have developed the trans-Art genre and the Composition Graphique Musicale (the name for the three-part result of a trans-Art performance).
The lecture on trans-Art will analyze the development, goals and practice of this new artistic form in a rigorous manner. It will provide a context for the performance and workshop and address some of the questions posed in this year’s conference theme.
Workshop #1 | 19:00-20:00
Astrid Rieder - Trans-Art
Com a participação de Carlos Santos (electrónica), Ernesto Rodrigues (violeta) e Joana Sá (saxofone).
With Carlos Santos (electronics), Ernesto Rodrigues (viola) and Joana Sá (saxophone).
O público é convidado a participar num diálogo artístico interativo. Como numa boa conversa, o importante é ouvir, aproximar-se e não apenas conversar.
Para atingir esse objetivo, é implementado um mecanismo baseado no tempo: durante 60 minutos o artista gráfico (vindo do público) vai trocando a cada 5 minutos. O tablet mostra esse tempo com uma cor específica, que muda no início dos próximos 5 minutos. Os músicos trocam a cada 10 minutos.
O desempenho do público tem vários objetivos. Por um lado, é uma tentativa de aumentar a receptividade em relação ao trans-Art. Por outro lado, o público deve ter a sua própria voz e tornar-se activo, e não apenas meros receptores passivos de música contemporânea. Os participantes experimentam a arte, desenvolvem um diálogo entre as artes e encontram a sua própria voz. A música contemporânea é a música de hoje, que quebra formas tradicionais e expande sons. Através dessa novidade e da ruptura com a tradição e os requisitos, a música contemporânea pode reflectir tópicos da sociedade: situações sociais, religiões, entidades e muitos outros desenvolvimentos, encontros e mudanças.
The audience is invited to enter an interactive, artistic dialogue. As with good conversations, it is important to listen, to approach each other and not just to talk.
To reach this goal, I implement a time-based mechanism: Within the 60 minutes, the graphic artist (coming from the audience) is switched every 5 minutes. The tablet shows this timing with a specific color, which changes at the start of the next 5-minute-time-period. The musicians switch every 10 minutes, thus after every other performance partner.
For five minutes, one steps out of the group in order to create the dialogue on the wall. It is a free conversation with the musician – without talking. The audience is encouraged to let their inhibitions behind. Five minutes are very short for realizing one’s thoughts. Yet this concept allows everyone to be part of the bigger Gesamtkunstwerk, the composition graphique musicale.
The performance of the audience has several goals. On the one hand, it is a try to open the reception of trans-Art. On the other hand, the audience should get their own voice and become active instead of passive recipients of contemporary music. Participants experience making art, develop a dialogue between the arts and find their own voice. Contemporary music is the music of today, which breaks traditional forms and expands sounds. Through this novelty and the break with tradition and requirements, contemporary music can mirror societal topics: social situations, religions, entities, and many other developments, encounters and changes.
17.11
Conferência/Conference #3 | 15:00-16:00
(Em inglês/In English)
Joel Preto Paulo - Immersive soundscape as a form to influence tourism
Helena Vasques de Carvalho - The Performing Arts – challenges and sustainability in the creative economy
Rui M. Borges dos Santos - Illuminating the marine soundscape: the sound of phytoplankton photosynthesisConcerto/Concert #2 | 16:15-17:15
Laboratório de Música Mista José Luís Ferreira da Escola Superior de Música de Lisboa
Helena Vasques de Carvalho - The Performing Arts – challenges and sustainability in the creative economy
As Artes Performativas são um sector cultural que atrai muitos artistas para uma vida criativa gratificante, permitindo que o público desfrute e obtenha as experiências culturais mais poderosas. Ao contrário de outros sectores culturais, as artes do espectáculo estabelecem-se como organizações culturais sem fins lucrativos. Essa tendência foi apontada pela primeira vez por DiMaggio (2003) na sua investigação sobre organizações sem fins lucrativos.
A equipa de pesquisa da Baumol afirmou, em 1956, que as artes performativas teriam sempre mais despesa do que lucro nas suas produções devido ao aumento dos custos de produção. Por outro lado, a disposição do público de pagar pelas artes (Frey, 2005) como um bem social, pode fornecer ao sector não comercial nas artes o apoio financeiro de que precisam. Uma pesquisa completa sobre o número e o alcance das organizações culturais sem fins lucrativos seria ideal, mas isso é difícil de ser realizado em Portugal devido a várias razões que exploraremos nesta apresentação. Segundo os dados mais recentes, cerca de 90% das organizações culturais são de tamanho muito pequeno (micro), o que lança alguma luz sobre a organização social nas artes.
Estruturas independentes de teatro, dança ou música solicitam repetidamente apoio público, o que lhes permite atingir os seus objectivos e fazer as coisas acontecerem ao longo do ano. Pouquíssimas produções são capazes de arrecadar dinheiro suficiente vendendo as suas produções directamente a entidades públicas locais ou privadas, ou estabelecer parcerias lucrativas que permitam qualquer actividade presente e futura, longe da precariedade total. Isto confirma a tendência do modelo sem fins lucrativos: como as produções não devem crescer economicamente ou gerar lucro por meio de apresentações públicas, estas cumprem os princípios sem fins lucrativos, reivindicando um serviço público através da entrega cultural à sociedade e adaptando-se ao bem público sublinhado no sector sem fins lucrativos.
Algumas perguntas surgem a partir deste modelo:
- O apoio público ajuda apromover a sustentabilidade nas artes? (Abbing, 2002)
- Quão maleável é o compromisso entre independência criativa e dependência financeira? (Hesmondhalg, 2012)
- Qual a sustentabilidade do sector das artes performativas em Portugal?
Para Capiau (2001), a actividade artística do século XXI enfrenta dificuldades às vezes intransponíveis e os artistas encontram condições de vida e trabalho cada vez mais difíceis. Mas relatórios internacionais sobre as artes preferem um cenário mais brilhante de crescimento e desenvolvimento através das artes. Nesta apresentação, mostraremos alguns dos argumentos que foram explorados na análise social das artes.
The Performing Arts is a cultural sector that attracts many artists to a fulfilling creative life, enabling the public to enjoy and attain the most powerful cultural experiences. Opposed to other cultural sectors, the performing arts organize themselves as nonprofit cultural organizations. This tendency was first appointed by DiMaggio (2003) in his investigation on nonprofit organizations.
The Baumol research team stated, in 1956, that performing arts would always have more deficit than profit in their productions due to rising production costs. On the other hand, the public willingness to pay for the arts (Frey, 2005) as a social good, may provide the non-commercial sector in the arts of the financial support they need. A complete survey on the number and scope of nonprofit cultural organizations would be ideal, but this in Portugal is difficult to attain due to various reasons that we will explore in this presentation. According to the latest data about 90% cultural organizations are of very small size (micro), which sheds some light on the social organization in the arts.
Independent theater, dance or music structures repeatedly apply for public support, which will enable them to meet ends, and get things going through the year. Very few productions are able to raise enough money by selling their productions directly to private or local public entities, or establish profitable partnerships which would allow any present and future activity, away from total precariousness. This confirms the nonprofit model tendency: as productions are not to grow economically or build profit through public presentations, they fulfill the nonprofit principles, claiming a public service through cultural delivery to society as well adapting to the public good underlined under the nonprofit sector.
Some questions arise from this model:
- Does public support help to access sustainability in the arts? (Abbing, 2002)
- How malleable is the compromise between creative independence and financial dependency? (Hesmondhalg, 2012)
- How sustainable is the performing arts sector in Portugal?
For Capiau (2001), the artistic activity ´s in the XXI century faces sometimes insurmountable difficulties and artists encounter living and working conditions more and more difficult. But international reports on the arts prefer a brighter scenario of grow and development through the arts. In this presentation we will bring out some of the arguments that have been explored in arts social analysis.
Rui M. Borges dos Santos - Illuminating the marine soundscape: the sound of phytoplankton photosynthesis
A paisagem sonora pode dividir-se em geofonia (o som de fenómenos físicos), biofonia (o som dos organismos) e antropofonia (sons produzidos pelo homem). No mar, alguns dos seus principais exemplos (e gamas de frequências) são os sons do vento (200-300 Hz) e da precipitação (2000-3000 Hz), baleias (15-400 Hz) e peixes (1800-2500 Hz) e navios (8-100 Hz). Cada uma destas fontes sonoras representa um tema de investigação importante por si só e os dados produzidos podem ser essenciais para detectar grandes fenómenos marinhos e, portanto, de grande relevância para a conservação e exploração sustentáveis do mar.
Propomos juntar um novo componente à paisagem sonora marinha: fotofonia, o som produzido pela fotossíntese do fitoplâncton.
A energia de todo o ecossistema marinho depende destes micro-organismos, pelo que a sua atividade fotossintética tem um enorme interesse tanto do ponto de vista teórico como prático. Ao depender de forma crítica da intensidade luminosa, temperatura, nutrientes ou poluição, constitui um parâmetro de medida muito sensível daqueles fatores ambientais, de enorme interesse para os ecologistas. Por outro lado, como as populações de peixes dependem em última análise da fonte de alimento resultante da atividade fotossintética do fitoplâncton, esta é também de grande importância para a gestão sustentável das pescas.
Podemos “ouvir” a fotossíntese do fitoplâncton através do efeito fotoacústico, um fenómeno inicialmente descrito por Alexander Graham Bell e que consiste na propriedade geral da matéria de emitir som quando absorve luz. Usando um instrumento moderno chamado calorímetro fotoacústico, podemos promover a fotossíntese do fitoplâncton com um laser e registar o som resultante com um microfone ultrassónico. Da intensidade (amplitude) deste som obtém-se uma medida direta da sua atividade fotossintética.
Mas ao contrário dos componentes tradicionais da paisagem sonora, não conseguimos realimente ouvir a fotofonia, visto que a sua frequência é de vários MHz (mil vezes superior ao que o ouvido humano pode alcançar). No entanto, há várias razões científicas (e artísticas) para ampliarmos a paisagem sonora para lá do alcance da audição humana, i.e., para tornar o inaudível audível. Neste sentido começámos por usar as estratégias mais simples da visualização e audificação para analisar e descrever os nossos resultados preliminares. Pretendemos agora realizar a próxima etapa, sonificação, para a qual a colaboração com compositores será imprescindível.
The soundscape can be split into geophony (the sounds of physical events), biophony (the sounds of biota), and anthrophony (man-made sounds). At sea, some of their main contributors (and frequency ranges) are wind (200-3000 Hz), precipitation (2000-3000 Hz); whales (15-400 Hz), fish (1800-2500 Hz); and ships (8-100 Hz). Each of these sound sources is a major research topic in its own right, and the data produced can be crucial for monitoring major sea events and decisive for its conservation and sustainable exploration.
We propose to add an extra component to the marine soundscape: photophony, the sound produced by phytoplankton photosynthesis.
The energy input of the entire marine ecosystem depends on these free-floating photosynthetic organisms. Their photosynthetic activity is therefore of great theoretical and practical interest. It depends critically on light intensity, temperature, nutrients or pollution, thus constituting a sensitive reporter of these key environmental factors which are of great interest to ecologists. On the other hand, since marine stocks and fisheries in general depend ultimately on the supply of food stemming from the rates of phytoplankton photosynthesis, it is also of great importance for fisheries management.
We can “hear” the phytoplankton photosynthesis thanks to the photoacoustic effect, a phenomenon first described by Alexander Graham Bell which consists on the general property of matter of generating sound waves following light absorption. Using a modern instrument called a photoacoustic calorimeter we can promote phytoplankton photosynthesis with a laser and record the sound produced with an ultrasonic microphone. The intensity (amplitude) of this sound provides a direct measure of its photosynthetic activity.
But unlike the traditional components of the soundscape, we humans cannot really hear the photophony, given that its frequency is on the MHz range, a thousand times higher than our ears can reach. Yet a strong scientific (and hopefully, artistic) case can be made to extend the soundscape beyond human hearing, to make the inaudible audible. We have used the simplest approaches of visualization and audification to analyze and describe our preliminary results. We now aim to reach the next level, sonification, for which the collaboration with composers would be invaluable.
Programa/Program:
Improvisação/Improvisation I
Joshua Keeling – Ñamandu
Improvisação/Improvisation II
André Simões – Cruor
Com/With:
Eduardo Marques
Ricardo Almeida
Marta Domingues
André Simões
Gualter Silva
Joana Sá
Jorge Rosário (produção/production)
Conferência/Conference #4 | 17:30-18:30
(Em português/In Portuguese)
Carlos Marecos - A Casa do Cravo
Pedro Félix - A noção de sustentabilidade na teoria dos arquivos. Ponto da situação, problemas, futuros
António Ângelo Vasconcelos - A Educação Artística em tempos incertos: por uma ecologia de ação e de formação
Pedro Moreira - Resiliência e Sustentabilidade: uma reflexão etnomusicológica a partir do estudo de caso do Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio
António Ângelo Vasconcelos - A Educação Artística em tempos incertos: por uma ecologia de ação e de formação
A Educação Artística vive num tempo de grandes complexidades e incertezas, de múltiplas perplexidades em que, por um lado, se sente a necessidade de mudança e, por outro, nem sempre se consegue definir um rumo que seja pertinente e que dê corpo aos desafios lançados pelas sociedades contemporâneas. Por outro lado, as aprendizagens artísticas caracterizam-se por serem uma actividade complexa que envolve uma rede alargada de experiências e experienciações, formais e não formais, de natureza técnica, estética, artística, investigativa, social e cultural numa interacção dialética de processos cognitivos e sensoriomotores a par de interdependências várias com a emoção, a memória, a imaginação, a criatividade, a co-performance colaborativa e a compreensão da artes nos contextos da sua criação e produção.
Contudo, nem sempre a formação artística potencia o desenvolvimento das multi-competências e da necessária capacidade de convivialidade entre diferentes contextos pedagógicos, artísticos, estéticos, ecológicos, sociais e culturais, nem alia, de um modo pertinente, a relação entre formação-expectativas dos estudantes uma vez que esta formação ainda está “prisioneira” não só de modelos oriundos da “era industrial” como também de contaminações políticas e científico-pedagógicas que duplicam “o mesmo do mesmo” e que “dificultam modos alternativos de pensar e de agir”.
Neste contexto, procuro defender a reconfiguração da Educação Artística tendo presente os desafios que lhe são colocados, individual e coletivamente, quer pelas práticas artísticas contemporâneas, quer pelas exigências que se colocam à educação em geral em que, num trabalho dialógico, participativo e colaborativo entre diferentes tipos de atores, se potenciem modalidades de (re)existência e se criem possibilidades de rencantamento com os mundos reais e imaginários.
É uma reflexão que se constrói em torno de um duplo argumento. O primeiro assenta que a Educação Artística se encontra na confluência entre diferentes mundos: “os mundos das artes e os mundos da educação”, “os mundos das escolas e os mundos das comunidades”, “os mundos individuais e os mundos dos saberes”, “os mundos das técnicas e os mundos das estéticas”, “os mundos sociais e culturais e os mundos económicos”, “os mundos da ética e os mundos da sustentabilidade”. Mundos diferenciados e heterodoxos, muitas vezes conflituais, que contribuem para o incremento das características distintivas deste tipo de formação. O segundo argumento é que o lidar com estas complexidades só será significante através de uma ecologia de ação e de formação.
Artistic Education lives in a time of great complexities and uncertainties, of multiple perplexities in which, on the one hand, one feels the need for change and, on the other, it is not always possible to define a course that is pertinent and that embodies the challenges posed. by contemporary societies. On the other hand, artistic learning is characterized by being a complex activity that involves a wide network of formal and non-formal experiences and experiences of a technical, aesthetic, artistic, investigative, social and cultural nature in a dialectical interaction of cognitive processes. Sensorimotors along with various interdependencies with emotion, memory, imagination, creativity, collaborative co-performance and understanding of the arts in the contexts of their creation and production.
However, artistic training does not always enhance the development of the multi-skills and the necessary ability to coexist among different pedagogical, artistic, aesthetic, ecological, social and cultural contexts, nor does it pertinently combine the relationship between training-expectations of students since this training is still “prisoner” not only of models coming from the “industrial age” but also of political and scientific-pedagogical contamination that duplicate “the same” and “hinder alternative ways of thinking and acting” .
In this context, I seek to defend the reconfiguration of Artistic Education bearing in mind the challenges that are posed individually and collectively, both by contemporary artistic practices and the demands that are placed on education in general in which, in a dialogical, participatory and collaborative work between different types of actors, they will foster modalities of (re) existence and create possibilities for re-enchantment with the real and imaginary worlds.
It is a reflection that is built around a double argument. The first is that Artistic Education is at the confluence of different worlds: “the worlds of arts and the worlds of education”, “the worlds of schools and the worlds of communities”, “the individual worlds and the worlds of knowledge”, “The worlds of techniques and the worlds of aesthetics”, “the social and cultural worlds and the economic worlds”, “the worlds of ethics and the worlds of sustainability”. Different and heterodox worlds, often conflicting, that contribute to the increase of the distinctive features of this type of formation. The second argument is that dealing with these complexities will only be meaningful through an ecology of action and formation.
Pedro Moreira - Resiliência e Sustentabilidade: uma reflexão etnomusicológica a partir do estudo de caso do Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio
A sustentabilidade das práticas musicais e resiliência dos grupos que as detêm constituem um foco de interesse relativamente recente da Etnomusicologia (Schippers e Grant 2016; Schippers 2015; Titon 2009, 2015). O aparato teórico desenvolvido, que coloca em equação conceitos emprestados de outras áreas disciplinares, tem ganho algum terreno no auxílio à reflexão sobre os ecossistemas musicais e o modo como estes desenvolvem estratégias para se manterem, adaptando-se à mudança.
No caso que proponho abordar, o do Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio, denota-se ao longo da sua história diferentes respostas que procuram preservar o legado das recolhas etnográficas empreendidas por Gonçalo Sampaio (música) e Mota Leite (dança e trajes), enquanto marco da identidade do grupo, ao mesmo tempo que se desenham estratégias para a “salvaguarda”, “proteção” e “continuidade” do mesmo.
A ligação do eixo “passado, presente, futuro” marca o dia-a-dia do grupo, desde os ensaios às atuações, à manutenção do Museu do Traje Dr. Gonçalo Sampaio (sede), preservação do espólio de Mota Leite, assuntos associativos e relações sociais que ali se estabelecem.
A apresentação será guiada por questões de partida como: Qual(is) o(s) sentido(s) do grupo para os indivíduos que o integram? Quais os discursos identitários dos interlocutores sobre o próprio grupo? Quais as principais preocupações com o futuro e manutenção do grupo?
The sustainability of musical practices and the resilience of the groups that own them are a relatively recent focus of ethnomusicology (Schippers and Grant 2016; Schippers 2015; Titon 2009, 2015). The developed theoretical apparatus, which equates concepts borrowed from other disciplinary areas, has gained some ground in helping to reflect on musical ecosystems and how they develop strategies to maintain themselves, adapting to change.
In the case that I propose to approach, the one of the Folkloric Group Dr. Gonçalo Sampaio, denotes throughout its history different answers that seek to preserve the legacy of the ethnographic collections undertaken by Gonçalo Sampaio (music) and Mota Leite (dance and costumes). Group's identity, while designing strategies for the group's “safeguard”, “protection” and “continuity”.
The connection of the “past, present, future” axis marks the group's daily life, from rehearsals to performances, maintenance of the Dr. Gonçalo Sampaio Costume Museum (headquarters), preservation of the Mota Leite estate, associative issues, and social relations that are established there.
The presentation will be guided by starting questions such as: What is the meaning of the group for its members? What are the identities discourses of the interlocutors about the group itself? What are the main concerns with the future and maintenance of the group?
Comunicação-recital/Recital-conference - 19:00-20:00
(Em português/In Portuguese)
Cantos do céu e vozes da Terra:
Elementos de paisagem sonora na música para piano,
do Barroco ao presente
Ana Telles, piano e comentário
João Eduardo Rabaça, comentário
Carlos Marecos, electrónica
Programa/Program:
Jean-Philippe Rameau [1683-1764]
Le Rappel des Oiseaux, para piano (ca. 3’)
Henri Dutilleux [1916-2013]
Blackbird, para piano (ca. 2’)
Sofia Gubaidulina [n. 1931]
The Little Tit e The Woodpecker, de Musical Toys, para piano (ca. 1’15’’ + 1’50’’)
Olivier Messiaen [1908-1992]
Le Rouge Gorge (de Petits Esquisses d’Oiseaux), para piano (ca. 2’30’’)
Francisco de Lacerda [1869-1934]
Le Canard qui a mangé des grenouilles, de Trente-six histoires pour amuser les enfants d’un artiste, para piano (ca. 1’30’’)
Eurico Carrapatoso [n. 1962]
Pombo-torquaz, de Six histoires d’enfants pour amuser un artiste, para piano (ca. 5’)
Franz Liszt [1811-1886]
Légende No. 1: Saint François d’Assise prêchant aux oiseaux, para piano (ca. 10’30’’)
Carlos Marecos [n. 1963]
A casa do cravo, para piano e eletrónica (ESTREIA MUNDIAL, Encomenda DME)
PROGRAMA [resumido]
PROGRAM [summary]
16.11
Concerto/Concert #1 | 15:00-16:00
Música Acusmática/Acousmatic Music
Obras/Works:
Cândido Lima - CHANTIER - melodias em pedra*
Panayiotis Kokoras - Sound Forest
Ângela Lopes - Reciclo-Recirculos – em forma de sanza*
Annette Vande Gorne - Déluges et autres péripéties
*Estreias absolutas. Encomendas do Festival DME - Dias de Música Electroacústica./Premieres. Works commissioned by Festival DME - Dias de Música Electroacústica.
Conferência/Conference #1 | 16:15-17:15
(Em português/In Portuguese)
Cândido Lima
Ângela LopesConferência/Conference #2 | 17:30-18:30
(Em inglês/In English)
Ieva Petkutė - “Susitikime muziejuje”: Museum Programming for People Living with Dementia, their Carers and Family Members in Lithuania
Marco Bidin - Recycling musical material as a creative composition process
Astrid Rieder - My concept of trans-Art
Workshop #1 | 19:00-20:00
Astrid Rieder - Trans-Art
Com a participação de Carlos Santos (electrónica), Ernesto Rodrigues (violeta) e Joana Sá (saxofone).
With Carlos Santos (electronics), Ernesto Rodrigues (viola) and Joana Sá (saxophone).
17.11
Conferência/Conference #3 | 15:00-16:00
(Em inglês/In English)
Joel Preto Paulo - Immersive soundscape as a form to influence tourism
Helena Vasques de Carvalho - The Performing Arts – challenges and sustainability in the creative economy
Rui M. Borges dos Santos - Illuminating the marine soundscape: the sound of phytoplankton photosynthesis
Concerto/Concert #2 | 16:15-17:15
Laboratório de Música Mista José Luís Ferreira da Escola Superior de Música de Lisboa
Programa/Program:
Improvisação/Improvisation I
Joshua Keeling – Ñamandu Improvisação/Improvisation II
André Simões – Cruor
Com/With:
Eduardo Marques
Ricardo Almeida
Marta Domingues
André Simões
Gualter Silva
Joana Sá
Jorge Rosário (produção/production)
Conferência/Conference #4 | 17:30-18:30
(Em português/In Portuguese)
Carlos Marecos - A Casa do Cravo
Pedro Félix - A noção de sustentabilidade na teoria dos arquivos. Ponto da situação, problemas, futuros
António Ângelo Vasconcelos - A Educação Artística em tempos incertos: por uma ecologia de ação e de formação
Pedro Moreira - Resiliência e Sustentabilidade: uma reflexão etnomusicológica a partir do estudo de caso do Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio
Comunicação-recital/Recital-conference - 19:00-20:00
(Em português/In Portuguese)
Cantos do céu e vozes da Terra:
Elementos de paisagem sonora na música para piano,
do Barroco ao presente
Ana Telles, piano e comentário
João Eduardo Rabaça, comentário
Carlos Marecos, electrónica
Programa/Program:
Jean-Philippe Rameau [1683-1764]
Le Rappel des Oiseaux, para piano (ca. 3’)
Henri Dutilleux [1916-2013]
Blackbird, para piano (ca. 2’)
Sofia Gubaidulina [n. 1931]
The Little Tit e The Woodpecker, de Musical Toys, para piano (ca. 1’15’’ + 1’50’’)
Olivier Messiaen [1908-1992]
Le Rouge Gorge (de Petits Esquisses d’Oiseaux), para piano (ca. 2’30’’)
Francisco de Lacerda [1869-1934]
Le Canard qui a mangé des grenouilles, de Trente-six histoires pour amuser les enfants d’un artiste, para piano (ca. 1’30’’)
Eurico Carrapatoso [n. 1962]
Pombo-torquaz, de Six histoires d’enfants pour amuser un artiste, para piano (ca. 5’)
Franz Liszt [1811-1886]
Légende No. 1: Saint François d’Assise prêchant aux oiseaux, para piano (ca. 10’30’’)
Carlos Marecos [n. 1963]
A casa do cravo, para piano e eletrónica (ESTREIA MUNDIAL, Encomenda DME)
____
PROGRAMA [detalhado]
PROGRAM [detailed]
16.11
Concerto/Concert #1 | 15:00-16:00
Música Acusmática/Acousmatic Music
Obras/Works:
Cândido Lima - CHANTIER - melodias em pedra*
Panayiotis Kokoras - Sound Forest
Ângela Lopes - Reciclo-Recirculos – em forma de sanza*
Annette Vande Gorne - Déluges et autres péripéties
*Estreias absolutas. Encomendas do Festival DME - Dias de Música Electroacústica./Premieres. Works commissioned by Festival DME - Dias de Música Electroacústica.
Notas de programa/Program notes:
Cândido Lima - CHANTIER - melodias em pedra
CHANTIER-melodias em pedra
Música electroacústica
Duração: 8 minutos
Cândido Lima
CHANTIER-melodias em pedra é uma homenagem aos trabalhadores dos subterrâneos e espaços sobrepostos, nas pessoas de dois ilustres “chefs de chantier” (meus irmãos Daniel e Luís), responsáveis técnicos pela elevação de gigantescos edifícios nos céus de Paris, das ruas de Montparnasse às ruas da Bastilha, dos Campos Elísios ao edifício da UNESCO. Nesta obra entroncam as premissas do projecto “cultura e cidades sustentáveis”, proposto pelo compositor Jaime Reis, a quem a obra é também dedicada, para o simpósio “Cultura e Sustentabilidade”.
A geografia de onde parte a concepção deste painel electroacústico é dupla: das destruições e construções em locais de ruas de Paris e dos arredores (Malakoff, Asnières-sur-Seine, Saint-Ouen...), às duas destruições e construções em locais das ruas do Porto, uma delas, dos escombros em que tornaram a estação de comboios da Avenida de França, transformada numa estação de Metro, a outra, dos escombros em que tornaram a estação dos eléctricos-REMIX, da Rotunda da Boavista, transfigurada numa invulgar figira geométrica em “melodias em pedra” que é a Casa da Música.
As construções dos prédios em Paris seguia-os a partir dos alicerces até aos céus, quando lá vivi, e o nascimento e elevação de novos edifícios seguia-os nas viagens à cidade ao longo dos anos; no Porto acompanhei, das minhas janelas, a vida de ambas as construções a partir das suas fundações e sua elevação nos céus da Boavista. Durante as obras dos estaleiros observava e filmava o nascimento e o crescimento de ambos os imóveis, e em 2000 fiz uma viagem a Paris expressamente para revisitar e filmar os edifícios de sangue, memórias de família, símbolos da “cultura e de sustentabilidade das cidades” sujeitos às perspectivas e ângulos por que cada cidadão as olha.
Um dos centros de gravidade à volta do qual gira esta obra electroacústica é a Casa da Música do Porto. Esta obra vinda de outras obras tem origem no primeiro minto de 8 partituras provenientes de encomendas de instituições e grupos, executadas em concertos e em ensaios na Casa da Música, e evoca o nascer físico e simbólico dessas duas obras de arte da cidade nortenha ligadas, por afectos, à construções seguidas em Paris. Esse primeiro minuto e meio extraído de cada uma dessas partituras instrumentais é transformado, por procedimentos informáticos, num amontoado caótico de sons, de ritmos, de sonoridades, de orquestrações e de configurações. Encontram-se, aqui, os princípios que estruturam a obra: construção-desconstrução-construção, também construção-desconstrução-reinvenção.
A disseminação desses materiais no interior do minuto e meio inicial de cada obra mistura-se, no fluir do tempo musical, em novos contextos, numa transfiguração radical das suas origens através de nova alquimia. A deslocalização destes sons para longe da obra-mãe dá origem a uma nova arquitectura, síntese de arquitecturas de natureza e origem diversas, numa anulação e, ao mesmo tempo, fusão orgânica de sentidos e direcções de origem.
Foi destas partituras de uma tão diferentes que nasceu esta paisagem de escombros electroacústicos, síntese simbólica dos alicerces das grandes construções das cidades transformados agora, através de montagens, colagens e fusões que levaram o compositor a erigir um novo edifício audiovisual imaginário. Neste edifício onde se cruzam histórias e evocações, conciliam-se caos e ordem, numa transferência metafórica do mundo físico caótico que nos rodeia, numa alegoria lírica e dramática sobre “sustentabilidade e cultura” na nossa vida quotidiana urbana. Como extensão desses sons e imagens sob todas as suas formas, de que o autor é testemunha ocular, vive no seu cérebro, como um longo mural sinfónico e audiovisual um desejo irreprimível mas utópico, mentalmente real, porém, fora do domínio dos possíveis da sustentabilidade e cultura da cidade.
Data da estreia de CHANTIER-melodias em pedra programada para 16 de Novembro de 2019, no Espaço Lisboa Incomum-festival Dias de Música Electroacústica (DME).
A escrita ao computador das partituras foi realizada pela professora Aura Reis
Os trabalhos em estúdio em estúdio teve a colaboração da compositora Ângela Lopes.
A voz retirada de um momento da música de câmara “ECOS-música de um dia e de ironia” é da soprano Cláudia Pereira Pinto.
Porto, 25 de Outubro de 2019
Cândido Lima
“CHANTIER-melodias em pedra” is a tribute to the underground and overlapping space workers after two distinguished “chefs de chantier” (my brothers Daniel and Luís), technicians responsible for lifting giant buildings in the skies of Paris from the streets of Montparnasse to the streets of Bastille, from the Champs Elysées to the UNESCO building. In this work the premises of the project “sustainable culture and cities”, proposed by the composer Jaime Reis, to whom the work is also dedicated, for the symposium “Culture and Sustainability”.
The geography from which the design of this electro-acoustic panel is based is twofold: from the destruction and construction of Paris and surrounding streets (Malakoff, Asnières-sur-Seine, Saint-Ouen ...), to the two destruction and construction of local the streets of Porto, one of them, the rubble where they turned the Avenida de França railway station, transformed into a Metro station, the other, the rubble where they turned the REMIX tram station, of the Rotunda da Boavista, transformed into a unusual geometric figure in “stone melodies” which is the Casa da Música.
I have followed the construction of the buildings in Paris from the foundation to the sky when I lived there, and I have followed the birth and elevation of new buildings in my travels to the city over the years; In Porto I followed, from my windows, the life of both buildings from their foundations and their elevation in the skies of Boavista. During the works of the shipyards I observed and filmed the birth and growth of both buildings, and in 2000 I made a trip to Paris expressly to revisit and film the buildings of blood, family memories, symbols of the “culture and sustainability of cities” subject to the perspectives and angles that every citizen looks at them.
One of the centers of gravity around which this electroacoustic work revolves is the Porto Music House. This work from other works originates in the first minute of 8 scores from commissions from institutions and groups, performed in concerts and rehearsals at the Casa da Música, and evokes the physical and symbolic birth of these two linked works of art from the northern city, affections, to the buildings followed in Paris. This first minute and a half taken from each of these instrumental scores is transformed by computer procedures into a chaotic jumble of sounds, rhythms, sounds, orchestrations and configurations. Here are the principles that structure the work: construction-deconstruction-construction, also construction-deconstruction-reinvention.
The dissemination of these materials within the initial minute and a half of each work mixes, in the flow of musical time, in new contexts, in a radical transfiguration of their origins through new alchemy. The relocation of these sounds away from the masterpiece gives rise to a new architecture, a synthesis of architectures of different nature and origin, in an annulment and, at the same time, organic fusion of meanings and directions of origin.
It was from such different scores that this landscape of electroacoustic rubble was born, a symbolic synthesis of the foundations of the great constructions of the cities now transformed, through montages, collages and fusions that led the composer to erect a new imaginary audiovisual building.
In this building where stories and evocations intersect, chaos and order are reconciled, in a metaphorical transference from the chaotic physical world around us, into a lyrical and dramatic allegory about “sustainability and culture” in our urban daily life. As an extension of these sounds and images in all their forms, of which the author is an eyewitness, it lives in his brain, like a long symphonic and audiovisual mural, an irrepressible but utopian desire, mentally real, but outside the realm of possible sustainability. and culture of the city.
Date of the premiere of CHANTIER-stone melodies scheduled for November 16, 2019, at Espaço Lisboa Uncommon-Electroacoustic Music Days (DME) festival.
The computer writing of the scores was performed by teacher Aura Reis.
The studio works in the studio had the collaboration of the composer Ângela Lopes.
The voice taken from a moment of chamber music “ECOS-song of a day and irony” is performed by soprano Cláudia Pereira Pinto.
Porto, October 25, 2019
Cândido Lima
Panayiotis Kokoras - Sound Forest
Em 'Sound Forest', a paisagem sonora inicial funciona como ponto de partida para o processo de composição. A realidade é ampliada e o som concreto transformado em um objeto sonoro abstrato. Novas texturas complexas introduzem paisagens sonoras inéditas com gestos poderosos. Os padrões ecológicos de insetos, pássaros, chuva, vento e outros determinam a estrutura de composição e tornam-se recursos para um maior desenvolvimento.
In Sound Forest the initial soundscape works as a starting point for the compositional process. The reality is amplified and the concrète sound transformed into an abstract sound object. New complex textures introduce unheard soundscapes with powerful gestures. Ecological patterns from insects, birds, rain, wind and other determine the compositional structure and become resources for further development.
Ângela Lopes - Reciclo-Recirculos – em forma de sanza
Reciclo-Recírculos – em forma de sanza (reutilizar-reciclar)
Reciclo-Recirculos – em forma de sanza (2019) é uma obra acusmática, encomenda do Festival DME, para ser estreada no âmbito da 3ª edição do Simpósio – Cultura e Sustentabilidade a realizar no Lisboa Incomum de 15 a 17 de novembro.
Trata-se de uma paisagem sonora construída a partir da ideia de sustentabilidade. Poderei, enquanto compositora, agir de forma mais sustentável? E poderá a minha música ser reflexo dos meus princípios de sustentabilidade? Num mundo em que quase tudo é descartável, de que forma a minha obra pode ser resultado de uma ação mais consciente? Foi este o ponto de partida para a composição de Reciclo-Recírculos - em forma de sanza.
Palavras de ordem ou palavras-chave: reutilizar e reciclar. Estes são os princípios essenciais da gestão moderna de resíduos: reduzir, reutilizar e reciclar. Em Reciclo-Recírculos, reutilizo e reciclo um computador, a minha ferramenta de trabalho, o hardware e o software, além de materiais sonoros de obras minhas electroacústicas, nomeadamente de A menina dos olhos de chuva e de Granulations – sons do parque, obras de 2008, um teatro musical com electroacústica sobre suporte, a primeira, e uma obra acusmática composta para a série Sound walk/Festival Música Viva 2008, a segunda. Aqui recupero um computador inativo com um sistema operacional da Apple Mac OS Z1 - 9.2.2 e Mac OS X 10.2.8 (com dois discos de arranque). Uma utilização mais consciente que fizesse com que cada um de nós usasse por prazos de vida mais longos os nossos instrumentos electrónicos e digitais (reutilizando-os) talvez fizesse toda a diferença na melhoria do nosso ambiente. Tomar por missão compor Reciclo-Recírculos – Em forma de sanza neste velho Mac foi, simultaneamente, um risco e uma provocação, mas um risco e uma provocação de um prazer e de um retorno fantástico ao passado.
Revisitar, reciclando, os materiais sonoros de obras da minha autoria foi igualmente um desafio. A maioria desses materiais tinham sido já utilizados, outros eram resíduos. A dificuldade foi a conciliação das naturezas distintas, a natureza rítmica e não temperada dos materiais de Granulations (de sons de uma sanza) e a natureza melódica e tonal de outros, de A menina dos olhos de chuva. Foi imperativo conciliar o inconciliável, fundindo, combinando e orquestrando as diferenças. A obra tem claramente duas camadas justapostas, contratantes que se interligam, se confrontam ou se anulam.
Do título, Reciclo (do verbo reciclar, ou do substantivo) é referente aos materiais que retornam à vida (a conversão de desperdício em materiais de potencial utilidade). Já Recírculos, dado o carácter circular e repetitivo, como num loop, de parte dos materiais. O sub-título, em forma de sanza, é relativo à presença de uma sanza, instrumento africano, por mim tocado, gravado e transformado.
Ângela Lopes
Porto, 3 de novembro de 2019
Reciclo-Recírculos – em forma de sanza (2019) is an acousmatic work commissioned by the DME Festival to be premiered in the 3rd edition of the Symposium - Culture and Sustainability to be held in Lisbon Uncommon from 15 to 17 November. It is a soundscape built from the idea of sustainability. Can I, as a composer, act more sustainably? And can my music reflect my principles of sustainability? In a world where almost everything is disposable, how can my work be the result of more conscious action? This was the starting point for the composition of Recycle-Recirculations - in sanza form.
Order words or keywords: reuse and recycle. These are the essential principles of modern waste management: reduce, reuse and recycle. In Recycle-Recirculations, I reuse and recycle a computer, my work tool, hardware and software, as well as sound materials from my electroacoustic works, namely The Girl with the Rain Eyes and Granulations - Park Sounds, Works by 2008, a musical theater with electroacoustics under support, the first, and an acoustic piece composed for the Sound walk / Música Viva Festival 2008 series, the second.
Here I recover an inactive computer with an operating system from Apple Mac OS Z1 - 9.2.2 and Mac OS X 10.2.8 (with two bootable disks). A more conscious use that would make each of us use our electronic and digital instruments for a longer life (reusing them) could make all the difference in improving our environment.
Taking as a mission to compose Recycle-Recirculation - Sanza-shaped on this old Mac was both a risk and a tease, but a risk and a tease of pleasure and a fantastic return to the past.
Revisiting, recycling, the sound materials of works of my own was also a challenge. Most of these materials had already been used, others were waste. The difficulty was the reconciliation of the distinct natures, the rhythmic and untempered nature of the Granulations materials (of sounds of a sanza) and the melodic and tonal nature of others, of The Girl with the Rain Eyes. It was imperative to reconcile the irreconcilable, merging, combining and orchestrating the differences. The work clearly has two juxtaposed layers, contractors that interconnect, confront or annul each other.
The title, Recycle (from the verb recycle, or noun) refers to materials that come back to life (the conversion of waste into potentially useful materials). Recirculations, given the circular and repetitive character, as in a loop, of some of the materials. The subtitle, in the form of sanza, refers to the presence of a sanza, an African instrument that I played, recorded and transformed.
Angela Lopes
Porto, November 3, 2019
Annette Vande Gorne - Déluges et autres péripéties
Déluges et autres péripéties
Texto de Werner Lambersy
Música acusmática de Annette Vande Gorne
Com as vozes de
Werner Lambersy, recitante
Françoise Vanhecke, soprano
Annette Vande Gorne, voz transformada e leitura das citações
16 canais
“Nós aguardamos a destruição." Esta frase, como uma ladainha que se aplica a todas as atividades das sociedades humanas hoje, impressionou-me pela sua evidência implacável. Eu construí uma suite encadeada com cenas curtas e diferentes, com as improvisações de Françoise Vanhecke e a nova técnica de canto por inalação que ela desenvolveu como a principal fonte de material sonoro. O espírito da peça é o de um hörspiel na forma de uma cantata.
Com a ajuda do WBI (Wallonie-Bruxelles international), a obra foi realizada no estúdio "PanaRoma" de 16 canais da Unesp - Universidade Estadual Paulista (graças a Flo Menezes) e no estúdio de 16 canais "Métamorphoses d'Orphée » de Musiques et Recherches (Ohain, Bélgica).
Déluges et autres péripéties
Text by Werner Lambersy
Acousmatic music by Annette Vande Gorne
With the voices of
Werner Lambersy, recitant
Françoise Vanhecke, soprano
Annette Vande Gorne, transformed voice and citation reading
16 channels
“We are waiting for the destruction.”
This leitmotiv is brutally assaulted in ten verses, which demonstrate, drawing on all human activities and sensations, with the evocative power and sensitivity of one of our most prominent French-speaking Belgian poets, that the only way out of the rebirth of our civilization under other auspices, is that of his death.
This terrible text challenged me. I had no choice but to reinforce it with "terrible" sounds too, constantly renewed in a chained series of small paintings that respects the structure of the text, in the spirit of the cantata-shaped hörspiel. At the same time, Françoise Vanhecke commissions me a work that highlights the singing technique she develops and which is the subject of her doctoral thesis at the University of Ghent: singing backwards, by inhalation. It seemed to me very emblematic of what the Poet says.
Commissioned by Françoise Vanhecke, this work has benefited from a grant to help the composition of the federation Wallonia-Brussels: general service of artistic creation, performed at the studio 16 channels "Metamorphoses d’Orphee" of Musiques & Recherches (taken sound, composition and spatialization) and in the 16-channel PANaroma studio of the State University in Sao Paulo UNESP (sound and spatialization), thank you to Flo Menezes for inviting me.
World premiere of the full version on October 25, 2015, in Brussels in the 22nd festival L'Espace du Son.
Conferência/Conference #1 | 16:15-17:15
(Em português/In Portuguese)
Cândido Lima
Ângela Lopes
Conferência/Conference #2 | 17:30-18:30
(Em inglês/In English)
Ieva Petkutė - “Susitikime muziejuje”: Museum Programming for People Living with Dementia, their Carers and Family Members in Lithuania
Marco Bidin - Recycling musical material as a creative composition process
Astrid Rieder - My concept of trans-Art
Ieva Petkutė - “Susitikime muziejuje”: Museum Programming for People Living with Dementia, their Carers and
Antecedentes: A prevalência de demência está a aumentar rapidamente em todo o mundo. Cerca de 50 milhões de pessoas viviam com demência em todo o mundo em 2018. Prevê-se que este número triplique para 152 milhões em 2050, esmagando famílias, comunidades, sistemas de saúde e economias em todo o mundo (World Alzheimer Report, 2018). Cuidar de pessoas com demência apresenta desafios profundos para as famílias e para a sociedade, e a crescente carga global é amplamente subestimada. O sector cultural está a começar a preocupar-se cada vez mais com a programação de acesso livre e o envolvimento de pessoas que vivem com demência, seus cuidadores e familiares.
Conteúdo: No workshop de apresentação Ieva Petkutė, directora da organização lituana de Artes para a Mudança Social, “Socialiniai meno projektai”, fornecerá uma visão geral da primeira programação do museu “Susitikime muziejuje”, que visa criar acesso às artes e à prática criativa para as pessoas que vivem com demência, seus cuidadores e familiares. O programa, que inclui sessões práticas para funcionários de museus, visitas a museus, oficinas em ambientes de cuidados residenciais, visa aumentar a consciencialização sobre a condição e a importância do sector cultural adoptar uma postura activa para lidar com esta problemática. Ieva abordará, de forma geral, os métodos aplicados em “Susitikime muziejuje”, partilhando ideias sobre o impacto que o programa tem a nível individual, comunitário e social.
Palavras-chave: artes participativas, demência, programação de museus, bem-estar, relações de cuidado.
Background: Prevalence of dementia is rapidly increasing around the world. About 50 million people were living with dementia globally in 2018. This is projected to more than triple to 152 million by 2050, overwhelming families, communities, healthcare systems, and economies throughout the world (World Alzheimer Report, 2018). Caring for those with dementia presents profound challenges to families and society, and the growing global burden is vastly underestimated. The cultural sector is notably starting to be more concerned with access programming and engaging with people living with dementia, their carers and family members.
Content: Within the presentation-workshop Ieva Petkutė, director of Lithuanian Arts for Social Change organisation “Socialiniai meno projektai” will provide the overview of the first museum programming “Susitikime muziejuje” that aims to create the access to arts and creative practice for people living with dementia, their carers and family members. The programme, that includes training for museum staff, museum tours, workshops in residential care settings is aiming to raise awareness about the condition and the importance for the cultural sector to take an active stance to address it. Ieva will overview the methods applied in “Susitikime muziejuje” and share the insights into the impact the programme has on an individual, community and societal level.
Keywords: participatory arts, dementia, museum programming, well-being, care relationships.
Marco Bidin - Recycling musical material as a creative composition process
Muitos são os desafios impostos à nossa sociedade para criar um futuro sustentável, onde os humanos ainda possam viver como tais. Como tendência geral no chamado mundo ocidental, vivemos com uma quantidade sempre crescente de estímulos auditivos e visuais, acostumando-nos, se não viciando-nos, ao excesso de consumo de bens, ambos materiais (alimentos, telefones, etc.). .) e emocionais (músicas, vídeos, ...).
Uma abordagem “de volta ao básico” parece-me uma maneira eficiente de lidar com o problema. Tirar da nossa vida coisas desnecessárias, evitando um desperdício desnecessário de recursos: este processo é uma forma de repensar-mos em nós mesmos, desintoxicar o nosso ego e promover uma comunicação mais saudável entre outros indivíduos.
Como compositor, reparei na minha criação de material um excesso de dados provenientes de processos gerados por algoritmos. Normalmente preciso, das minhas composições, não mais do que aproximadamente 10 a 20% delas: o resto é apenas um subproduto, inútil e que deve ser descartado? Depois de refinar as minhas perguntas, objectivos e técnicas artísticas, pareceu-me claro que os processos criativos deveriam ser conduzidos de uma maneira que possibilitasse um maior desenvolvimento, ajustando organicamente um novo e diferente propósito artístico. “Reciclar” material musical é mais exigente do que criar um novo, mas esse desafio permitiu-me aprofundar o entendimento da minha própria linguagem composicional.
Além disso, considero a música eletrónica a nova abordagem artística que permite mergulhar na própria natureza do som, explorar várias paisagens sonoras e expressar a arte como uma criação que transcende as fronteiras culturais e os contrastes políticos. Para isso, estou a criar o ciclo do "Studi Sincretici", composto pela realização de instrumentos virtuais e pela integração de vozes e amostras gravadas com som sintético, usando a tecnologia como recurso transcultural e como meio de reinterpretação de material musical descartado.
Many are the challenges imposed to our society in order to create a sustainable future, where humans can still live as such. As a general tendency in the so-called western world, we now live with an always increasing amount of aural and visual stimuli, thus becoming accustomed, if not addicted, to over-consumption of goods, both material (food, phones, ...) and emotional ones (music, videos, ...).
A “back to basic” approach seems to me one efficient way to deal with the problem. Takin out of our life unnecessary things, avoiding a needless waste of resources: such a process is a way to re-think ourselves, detox our ego and promote a healthier communication between individuals.
As a composer, I noticed in my creation of material an overflow of data coming from algorithmic generated processes. Usually, I need for my compositions no more than roughly 10-20% of it: is the rest only a byproduct, useless and to be trashed? After refining my artistic questions, goals and techniques, it seemed clear to me that creative processes should be led in a way that makes further development possible, organically fitting a new, different artistic purpose. “Recycling” musical material is more demanding than creating a new one, but this challenge allowed me to go deeper in the understanding of my own compositional language.
Furthermore, I deem electronic music as the new artistic approach that allows to dive in the very nature of sound, tap into multiple soundscapes and express art as a creation transcending cultural boundaries and political contrasts. For this purpose, I am creating the cycle of “Studi Sincretici”, composed by realising virtual instruments and integrating recorded voices and samples with synthetic sound, using technology as a cross-cultural resource and as a mean of re-interpretation of discarded musical material.
Astrid Rieder - My concept of trans-Art
Trans-Art é um género de arte do presente, que se desenvolveu lentamente a partir do extenso trabalho que fui desenvolvendo. Com base na minha formação como artista visual e o meu profundo apreço pela música contemporânea, iniciei as primeiras experiências trans-art nos anos 90. Em Julho de 2016, desenvolvi o género trans-Art e a Composition Graphique Musicale. Na conferência sobre trans-Art analisarei, de forma rigorosa, o desenvolvimento, os objectivos e a prática desta nova forma artística. O objectivo da conferência é fornecer um contexto para o workshop e performance.
Trans-Art is an art genre of the present, which slowly developed from my extensive work. Based on my background as visual artist and deep appreciation for contemporary music, I began first trans-Art experiments and house concerts in the 1990s. Later, the studio concerts followed. In July 2016, I have developed the trans-Art genre and the Composition Graphique Musicale (the name for the three-part result of a trans-Art performance).
The lecture on trans-Art will analyze the development, goals and practice of this new artistic form in a rigorous manner. It will provide a context for the performance and workshop and address some of the questions posed in this year’s conference theme.
Workshop #1 | 19:00-20:00
Astrid Rieder - Trans-Art
Com a participação de Carlos Santos (electrónica), Ernesto Rodrigues (violeta) e Joana Sá (saxofone).
With Carlos Santos (electronics), Ernesto Rodrigues (viola) and Joana Sá (saxophone).
O público é convidado a participar num diálogo artístico interativo. Como numa boa conversa, o importante é ouvir, aproximar-se e não apenas conversar.
Para atingir esse objetivo, é implementado um mecanismo baseado no tempo: durante 60 minutos o artista gráfico (vindo do público) vai trocando a cada 5 minutos. O tablet mostra esse tempo com uma cor específica, que muda no início dos próximos 5 minutos. Os músicos trocam a cada 10 minutos.
O desempenho do público tem vários objetivos. Por um lado, é uma tentativa de aumentar a receptividade em relação ao trans-Art. Por outro lado, o público deve ter a sua própria voz e tornar-se activo, e não apenas meros receptores passivos de música contemporânea. Os participantes experimentam a arte, desenvolvem um diálogo entre as artes e encontram a sua própria voz. A música contemporânea é a música de hoje, que quebra formas tradicionais e expande sons. Através dessa novidade e da ruptura com a tradição e os requisitos, a música contemporânea pode reflectir tópicos da sociedade: situações sociais, religiões, entidades e muitos outros desenvolvimentos, encontros e mudanças.
The audience is invited to enter an interactive, artistic dialogue. As with good conversations, it is important to listen, to approach each other and not just to talk.
To reach this goal, I implement a time-based mechanism: Within the 60 minutes, the graphic artist (coming from the audience) is switched every 5 minutes. The tablet shows this timing with a specific color, which changes at the start of the next 5-minute-time-period. The musicians switch every 10 minutes, thus after every other performance partner.
For five minutes, one steps out of the group in order to create the dialogue on the wall. It is a free conversation with the musician – without talking. The audience is encouraged to let their inhibitions behind. Five minutes are very short for realizing one’s thoughts. Yet this concept allows everyone to be part of the bigger Gesamtkunstwerk, the composition graphique musicale.
The performance of the audience has several goals. On the one hand, it is a try to open the reception of trans-Art. On the other hand, the audience should get their own voice and become active instead of passive recipients of contemporary music. Participants experience making art, develop a dialogue between the arts and find their own voice. Contemporary music is the music of today, which breaks traditional forms and expands sounds. Through this novelty and the break with tradition and requirements, contemporary music can mirror societal topics: social situations, religions, entities, and many other developments, encounters and changes.
17.11
Conferência/Conference #3 | 15:00-16:00
(Em inglês/In English)
Joel Preto Paulo - Immersive soundscape as a form to influence tourism
Helena Vasques de Carvalho - The Performing Arts – challenges and sustainability in the creative economy
Rui M. Borges dos Santos - Illuminating the marine soundscape: the sound of phytoplankton photosynthesisConcerto/Concert #2 | 16:15-17:15
Laboratório de Música Mista José Luís Ferreira da Escola Superior de Música de Lisboa
Helena Vasques de Carvalho - The Performing Arts – challenges and sustainability in the creative economy
As Artes Performativas são um sector cultural que atrai muitos artistas para uma vida criativa gratificante, permitindo que o público desfrute e obtenha as experiências culturais mais poderosas. Ao contrário de outros sectores culturais, as artes do espectáculo estabelecem-se como organizações culturais sem fins lucrativos. Essa tendência foi apontada pela primeira vez por DiMaggio (2003) na sua investigação sobre organizações sem fins lucrativos.
A equipa de pesquisa da Baumol afirmou, em 1956, que as artes performativas teriam sempre mais despesa do que lucro nas suas produções devido ao aumento dos custos de produção. Por outro lado, a disposição do público de pagar pelas artes (Frey, 2005) como um bem social, pode fornecer ao sector não comercial nas artes o apoio financeiro de que precisam. Uma pesquisa completa sobre o número e o alcance das organizações culturais sem fins lucrativos seria ideal, mas isso é difícil de ser realizado em Portugal devido a várias razões que exploraremos nesta apresentação. Segundo os dados mais recentes, cerca de 90% das organizações culturais são de tamanho muito pequeno (micro), o que lança alguma luz sobre a organização social nas artes.
Estruturas independentes de teatro, dança ou música solicitam repetidamente apoio público, o que lhes permite atingir os seus objectivos e fazer as coisas acontecerem ao longo do ano. Pouquíssimas produções são capazes de arrecadar dinheiro suficiente vendendo as suas produções directamente a entidades públicas locais ou privadas, ou estabelecer parcerias lucrativas que permitam qualquer actividade presente e futura, longe da precariedade total. Isto confirma a tendência do modelo sem fins lucrativos: como as produções não devem crescer economicamente ou gerar lucro por meio de apresentações públicas, estas cumprem os princípios sem fins lucrativos, reivindicando um serviço público através da entrega cultural à sociedade e adaptando-se ao bem público sublinhado no sector sem fins lucrativos.
Algumas perguntas surgem a partir deste modelo:
- O apoio público ajuda apromover a sustentabilidade nas artes? (Abbing, 2002)
- Quão maleável é o compromisso entre independência criativa e dependência financeira? (Hesmondhalg, 2012)
- Qual a sustentabilidade do sector das artes performativas em Portugal?
Para Capiau (2001), a actividade artística do século XXI enfrenta dificuldades às vezes intransponíveis e os artistas encontram condições de vida e trabalho cada vez mais difíceis. Mas relatórios internacionais sobre as artes preferem um cenário mais brilhante de crescimento e desenvolvimento através das artes. Nesta apresentação, mostraremos alguns dos argumentos que foram explorados na análise social das artes.
The Performing Arts is a cultural sector that attracts many artists to a fulfilling creative life, enabling the public to enjoy and attain the most powerful cultural experiences. Opposed to other cultural sectors, the performing arts organize themselves as nonprofit cultural organizations. This tendency was first appointed by DiMaggio (2003) in his investigation on nonprofit organizations.
The Baumol research team stated, in 1956, that performing arts would always have more deficit than profit in their productions due to rising production costs. On the other hand, the public willingness to pay for the arts (Frey, 2005) as a social good, may provide the non-commercial sector in the arts of the financial support they need. A complete survey on the number and scope of nonprofit cultural organizations would be ideal, but this in Portugal is difficult to attain due to various reasons that we will explore in this presentation. According to the latest data about 90% cultural organizations are of very small size (micro), which sheds some light on the social organization in the arts.
Independent theater, dance or music structures repeatedly apply for public support, which will enable them to meet ends, and get things going through the year. Very few productions are able to raise enough money by selling their productions directly to private or local public entities, or establish profitable partnerships which would allow any present and future activity, away from total precariousness. This confirms the nonprofit model tendency: as productions are not to grow economically or build profit through public presentations, they fulfill the nonprofit principles, claiming a public service through cultural delivery to society as well adapting to the public good underlined under the nonprofit sector.
Some questions arise from this model:
- Does public support help to access sustainability in the arts? (Abbing, 2002)
- How malleable is the compromise between creative independence and financial dependency? (Hesmondhalg, 2012)
- How sustainable is the performing arts sector in Portugal?
For Capiau (2001), the artistic activity ´s in the XXI century faces sometimes insurmountable difficulties and artists encounter living and working conditions more and more difficult. But international reports on the arts prefer a brighter scenario of grow and development through the arts. In this presentation we will bring out some of the arguments that have been explored in arts social analysis.
Rui M. Borges dos Santos - Illuminating the marine soundscape: the sound of phytoplankton photosynthesis
A paisagem sonora pode dividir-se em geofonia (o som de fenómenos físicos), biofonia (o som dos organismos) e antropofonia (sons produzidos pelo homem). No mar, alguns dos seus principais exemplos (e gamas de frequências) são os sons do vento (200-300 Hz) e da precipitação (2000-3000 Hz), baleias (15-400 Hz) e peixes (1800-2500 Hz) e navios (8-100 Hz). Cada uma destas fontes sonoras representa um tema de investigação importante por si só e os dados produzidos podem ser essenciais para detectar grandes fenómenos marinhos e, portanto, de grande relevância para a conservação e exploração sustentáveis do mar.
Propomos juntar um novo componente à paisagem sonora marinha: fotofonia, o som produzido pela fotossíntese do fitoplâncton.
A energia de todo o ecossistema marinho depende destes micro-organismos, pelo que a sua atividade fotossintética tem um enorme interesse tanto do ponto de vista teórico como prático. Ao depender de forma crítica da intensidade luminosa, temperatura, nutrientes ou poluição, constitui um parâmetro de medida muito sensível daqueles fatores ambientais, de enorme interesse para os ecologistas. Por outro lado, como as populações de peixes dependem em última análise da fonte de alimento resultante da atividade fotossintética do fitoplâncton, esta é também de grande importância para a gestão sustentável das pescas.
Podemos “ouvir” a fotossíntese do fitoplâncton através do efeito fotoacústico, um fenómeno inicialmente descrito por Alexander Graham Bell e que consiste na propriedade geral da matéria de emitir som quando absorve luz. Usando um instrumento moderno chamado calorímetro fotoacústico, podemos promover a fotossíntese do fitoplâncton com um laser e registar o som resultante com um microfone ultrassónico. Da intensidade (amplitude) deste som obtém-se uma medida direta da sua atividade fotossintética.
Mas ao contrário dos componentes tradicionais da paisagem sonora, não conseguimos realimente ouvir a fotofonia, visto que a sua frequência é de vários MHz (mil vezes superior ao que o ouvido humano pode alcançar). No entanto, há várias razões científicas (e artísticas) para ampliarmos a paisagem sonora para lá do alcance da audição humana, i.e., para tornar o inaudível audível. Neste sentido começámos por usar as estratégias mais simples da visualização e audificação para analisar e descrever os nossos resultados preliminares. Pretendemos agora realizar a próxima etapa, sonificação, para a qual a colaboração com compositores será imprescindível.
The soundscape can be split into geophony (the sounds of physical events), biophony (the sounds of biota), and anthrophony (man-made sounds). At sea, some of their main contributors (and frequency ranges) are wind (200-3000 Hz), precipitation (2000-3000 Hz); whales (15-400 Hz), fish (1800-2500 Hz); and ships (8-100 Hz). Each of these sound sources is a major research topic in its own right, and the data produced can be crucial for monitoring major sea events and decisive for its conservation and sustainable exploration.
We propose to add an extra component to the marine soundscape: photophony, the sound produced by phytoplankton photosynthesis.
The energy input of the entire marine ecosystem depends on these free-floating photosynthetic organisms. Their photosynthetic activity is therefore of great theoretical and practical interest. It depends critically on light intensity, temperature, nutrients or pollution, thus constituting a sensitive reporter of these key environmental factors which are of great interest to ecologists. On the other hand, since marine stocks and fisheries in general depend ultimately on the supply of food stemming from the rates of phytoplankton photosynthesis, it is also of great importance for fisheries management.
We can “hear” the phytoplankton photosynthesis thanks to the photoacoustic effect, a phenomenon first described by Alexander Graham Bell which consists on the general property of matter of generating sound waves following light absorption. Using a modern instrument called a photoacoustic calorimeter we can promote phytoplankton photosynthesis with a laser and record the sound produced with an ultrasonic microphone. The intensity (amplitude) of this sound provides a direct measure of its photosynthetic activity.
But unlike the traditional components of the soundscape, we humans cannot really hear the photophony, given that its frequency is on the MHz range, a thousand times higher than our ears can reach. Yet a strong scientific (and hopefully, artistic) case can be made to extend the soundscape beyond human hearing, to make the inaudible audible. We have used the simplest approaches of visualization and audification to analyze and describe our preliminary results. We now aim to reach the next level, sonification, for which the collaboration with composers would be invaluable.
Programa/Program:
Improvisação/Improvisation I
Joshua Keeling – Ñamandu
Improvisação/Improvisation II
André Simões – Cruor
Com/With:
Eduardo Marques
Ricardo Almeida
Marta Domingues
André Simões
Gualter Silva
Joana Sá
Jorge Rosário (produção/production)
Conferência/Conference #4 | 17:30-18:30
(Em português/In Portuguese)
Carlos Marecos - A Casa do Cravo
Pedro Félix - A noção de sustentabilidade na teoria dos arquivos. Ponto da situação, problemas, futuros
António Ângelo Vasconcelos - A Educação Artística em tempos incertos: por uma ecologia de ação e de formação
Pedro Moreira - Resiliência e Sustentabilidade: uma reflexão etnomusicológica a partir do estudo de caso do Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio
António Ângelo Vasconcelos - A Educação Artística em tempos incertos: por uma ecologia de ação e de formação
A Educação Artística vive num tempo de grandes complexidades e incertezas, de múltiplas perplexidades em que, por um lado, se sente a necessidade de mudança e, por outro, nem sempre se consegue definir um rumo que seja pertinente e que dê corpo aos desafios lançados pelas sociedades contemporâneas. Por outro lado, as aprendizagens artísticas caracterizam-se por serem uma actividade complexa que envolve uma rede alargada de experiências e experienciações, formais e não formais, de natureza técnica, estética, artística, investigativa, social e cultural numa interacção dialética de processos cognitivos e sensoriomotores a par de interdependências várias com a emoção, a memória, a imaginação, a criatividade, a co-performance colaborativa e a compreensão da artes nos contextos da sua criação e produção.
Contudo, nem sempre a formação artística potencia o desenvolvimento das multi-competências e da necessária capacidade de convivialidade entre diferentes contextos pedagógicos, artísticos, estéticos, ecológicos, sociais e culturais, nem alia, de um modo pertinente, a relação entre formação-expectativas dos estudantes uma vez que esta formação ainda está “prisioneira” não só de modelos oriundos da “era industrial” como também de contaminações políticas e científico-pedagógicas que duplicam “o mesmo do mesmo” e que “dificultam modos alternativos de pensar e de agir”.
Neste contexto, procuro defender a reconfiguração da Educação Artística tendo presente os desafios que lhe são colocados, individual e coletivamente, quer pelas práticas artísticas contemporâneas, quer pelas exigências que se colocam à educação em geral em que, num trabalho dialógico, participativo e colaborativo entre diferentes tipos de atores, se potenciem modalidades de (re)existência e se criem possibilidades de rencantamento com os mundos reais e imaginários.
É uma reflexão que se constrói em torno de um duplo argumento. O primeiro assenta que a Educação Artística se encontra na confluência entre diferentes mundos: “os mundos das artes e os mundos da educação”, “os mundos das escolas e os mundos das comunidades”, “os mundos individuais e os mundos dos saberes”, “os mundos das técnicas e os mundos das estéticas”, “os mundos sociais e culturais e os mundos económicos”, “os mundos da ética e os mundos da sustentabilidade”. Mundos diferenciados e heterodoxos, muitas vezes conflituais, que contribuem para o incremento das características distintivas deste tipo de formação. O segundo argumento é que o lidar com estas complexidades só será significante através de uma ecologia de ação e de formação.
Artistic Education lives in a time of great complexities and uncertainties, of multiple perplexities in which, on the one hand, one feels the need for change and, on the other, it is not always possible to define a course that is pertinent and that embodies the challenges posed. by contemporary societies. On the other hand, artistic learning is characterized by being a complex activity that involves a wide network of formal and non-formal experiences and experiences of a technical, aesthetic, artistic, investigative, social and cultural nature in a dialectical interaction of cognitive processes. Sensorimotors along with various interdependencies with emotion, memory, imagination, creativity, collaborative co-performance and understanding of the arts in the contexts of their creation and production.
However, artistic training does not always enhance the development of the multi-skills and the necessary ability to coexist among different pedagogical, artistic, aesthetic, ecological, social and cultural contexts, nor does it pertinently combine the relationship between training-expectations of students since this training is still “prisoner” not only of models coming from the “industrial age” but also of political and scientific-pedagogical contamination that duplicate “the same” and “hinder alternative ways of thinking and acting” .
In this context, I seek to defend the reconfiguration of Artistic Education bearing in mind the challenges that are posed individually and collectively, both by contemporary artistic practices and the demands that are placed on education in general in which, in a dialogical, participatory and collaborative work between different types of actors, they will foster modalities of (re) existence and create possibilities for re-enchantment with the real and imaginary worlds.
It is a reflection that is built around a double argument. The first is that Artistic Education is at the confluence of different worlds: “the worlds of arts and the worlds of education”, “the worlds of schools and the worlds of communities”, “the individual worlds and the worlds of knowledge”, “The worlds of techniques and the worlds of aesthetics”, “the social and cultural worlds and the economic worlds”, “the worlds of ethics and the worlds of sustainability”. Different and heterodox worlds, often conflicting, that contribute to the increase of the distinctive features of this type of formation. The second argument is that dealing with these complexities will only be meaningful through an ecology of action and formation.
Pedro Moreira - Resiliência e Sustentabilidade: uma reflexão etnomusicológica a partir do estudo de caso do Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio
A sustentabilidade das práticas musicais e resiliência dos grupos que as detêm constituem um foco de interesse relativamente recente da Etnomusicologia (Schippers e Grant 2016; Schippers 2015; Titon 2009, 2015). O aparato teórico desenvolvido, que coloca em equação conceitos emprestados de outras áreas disciplinares, tem ganho algum terreno no auxílio à reflexão sobre os ecossistemas musicais e o modo como estes desenvolvem estratégias para se manterem, adaptando-se à mudança.
No caso que proponho abordar, o do Grupo Folclórico Dr. Gonçalo Sampaio, denota-se ao longo da sua história diferentes respostas que procuram preservar o legado das recolhas etnográficas empreendidas por Gonçalo Sampaio (música) e Mota Leite (dança e trajes), enquanto marco da identidade do grupo, ao mesmo tempo que se desenham estratégias para a “salvaguarda”, “proteção” e “continuidade” do mesmo.
A ligação do eixo “passado, presente, futuro” marca o dia-a-dia do grupo, desde os ensaios às atuações, à manutenção do Museu do Traje Dr. Gonçalo Sampaio (sede), preservação do espólio de Mota Leite, assuntos associativos e relações sociais que ali se estabelecem.
A apresentação será guiada por questões de partida como: Qual(is) o(s) sentido(s) do grupo para os indivíduos que o integram? Quais os discursos identitários dos interlocutores sobre o próprio grupo? Quais as principais preocupações com o futuro e manutenção do grupo?
The sustainability of musical practices and the resilience of the groups that own them are a relatively recent focus of ethnomusicology (Schippers and Grant 2016; Schippers 2015; Titon 2009, 2015). The developed theoretical apparatus, which equates concepts borrowed from other disciplinary areas, has gained some ground in helping to reflect on musical ecosystems and how they develop strategies to maintain themselves, adapting to change.
In the case that I propose to approach, the one of the Folkloric Group Dr. Gonçalo Sampaio, denotes throughout its history different answers that seek to preserve the legacy of the ethnographic collections undertaken by Gonçalo Sampaio (music) and Mota Leite (dance and costumes). Group's identity, while designing strategies for the group's “safeguard”, “protection” and “continuity”.
The connection of the “past, present, future” axis marks the group's daily life, from rehearsals to performances, maintenance of the Dr. Gonçalo Sampaio Costume Museum (headquarters), preservation of the Mota Leite estate, associative issues, and social relations that are established there.
The presentation will be guided by starting questions such as: What is the meaning of the group for its members? What are the identities discourses of the interlocutors about the group itself? What are the main concerns with the future and maintenance of the group?
Comunicação-recital/Recital-conference - 19:00-20:00
(Em português/In Portuguese)
Cantos do céu e vozes da Terra:
Elementos de paisagem sonora na música para piano,
do Barroco ao presente
Ana Telles, piano e comentário
João Eduardo Rabaça, comentário
Carlos Marecos, electrónica
Programa/Program:
Jean-Philippe Rameau [1683-1764]
Le Rappel des Oiseaux, para piano (ca. 3’)
Henri Dutilleux [1916-2013]
Blackbird, para piano (ca. 2’)
Sofia Gubaidulina [n. 1931]
The Little Tit e The Woodpecker, de Musical Toys, para piano (ca. 1’15’’ + 1’50’’)
Olivier Messiaen [1908-1992]
Le Rouge Gorge (de Petits Esquisses d’Oiseaux), para piano (ca. 2’30’’)
Francisco de Lacerda [1869-1934]
Le Canard qui a mangé des grenouilles, de Trente-six histoires pour amuser les enfants d’un artiste, para piano (ca. 1’30’’)
Eurico Carrapatoso [n. 1962]
Pombo-torquaz, de Six histoires d’enfants pour amuser un artiste, para piano (ca. 5’)
Franz Liszt [1811-1886]
Légende No. 1: Saint François d’Assise prêchant aux oiseaux, para piano (ca. 10’30’’)
Carlos Marecos [n. 1963]
A casa do cravo, para piano e eletrónica (ESTREIA MUNDIAL, Encomenda DME)
Biografias
Biographies
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Nasceu em Lisboa em 1963. Licenciou-se em Composição na Escola Superior de Música de Lisboa, onde estudou, entre outros, com Eurico Carrapatoso, António Pinho Vargas e Christopher Bochmann. Frequentou seminários dirigidos por Emmanuel Nunes, Gilbert Amy e Louis Andriessen, entre outros. Doutorado em Música pela Universidade de Aveiro, onde apresentou a tese "Interacção entre estruturas intervalares e estruturas espectrais, na música instrumental/vocal", sob a orientação de João Pedro Oliveira e Christopher Bochmann, como bolseiro da Fundação para a Ciência e a Tecnologia. Prémio Lopes Graça de Composição de 1999 com a obra "Canções Populares Portuguesas" para soprano e piano e pelo segundo ano consecutivo ganhou o mesmo prémio na edição de 2000 com a obra "5 miniaturas para violoncelo solo". É director musical do "Ensemble Portátil" com os quais tem desenvolvido um trabalho na área da música contemporânea e na harmonização de música tradicional portuguesa. Tem recebido encomendas de diversas entidades como a Culturgest, o Serviço Acarte da Fundação Calouste Gulbenkian, a Expo 98 de Lisboa, OrquestrUtópica, Festival Internacional de Música do Estoril, Cistermúsica - Festival de Música de Alcobaça, entre outras. Tem colaborado com o teatro e a dança contemporânea, com os encenadores João Brites, Raul Atalaia, Luís Miguel Cintra e Paulo Lages e as coreógrafas Madalena Victorino e Vera Mantero. Desde 2002 Marecos tem desenvolvido um trabalho regular com peças encenadas com uma equipa de artistas como a soprano Margarida Marecos, o actor e encenador Paulo Lages, o actor Guilherme Filipe, o cenógrafo Acácio de Carvalho e a figurinista Manuela Bronze. Fora de Portugal a sua música tem sido apresentada em Espanha, França, Inglaterra, Itália, Dinamarca, Colômbia e EUA. Lecciona actualmente na Escola Superior de Música de Lisboa e no Conservatório de Música D. Dinis em Odivelas.
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Carlos Marecos (b. 1963, Lisbon) graduated from Composition, in 1999, at the Escola Superior de Música de Lisboa, where he studied with Eurico Carrapatoso, António Pinho Vargas and Christopher Bochmann. He completed PhD in Music, in 2011, at the University of Aveiro, with the composers João Pedro Oliveira and Christopher Bochmann, with a scholarship of the Foundation for Science and Technology. He won the composition prize Prémio Lopes-Graça twice in 1999 and 2000. He directs the chamber ensemble Ensemble Portátil, which is dedicated to contemporary repertoire and modern settings of Portuguese folk music. Marecos has received commissions from numerous important cultural entities including the Culturgest, the Gulbenkian Foundation Centre for Modern Art (ACART), the EXPO 1998, Orchestrutopica, the Estoril International Music Festival, and Cistermúsica - Alcobaça Music Festival. In the areas of theatre and dance, he has worked with the stage directors João Brites, Raul Atalaia, Luís Miguel Cintra, Paulo Lages and José Russo, as well as the choreographers Madalena Victorino and Vera Mantero. Since 2002, Marecos has been developing staged works regularly with a team of artists including the soprano Margarida Marecos, the stage director Paulo Lages, the actor Guilherme Filipe, the set designer Acácio de Carvalho, and the costume designer Manuela Bronze. Outside Portugal, his music has been performed in Spain, France, England, Italy, Denmark, Columbia and the United States. He teaches composition and analysis at the Escola Superior de Música de Lisboa and at the Conservatory Dom Dinis in Odivelas.
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Kokoras é um compositor internacionalmente premiado e inovador na área da música electrónica. É Professor Associado na ‘University of North Texas’. Nascido na Grécia, estudou guitarra clássica e composição em Atenas, Grécia e em York, Inglaterra; ensinou vários anos na Universidade Aristóteles em Thessaloniki (entre outras). As suas composições utilizam o timbre como o principal elemento formal. O seu conceito de "holofonia" descreve o seu objetivo de que cada som independente (phonos) contribua equitativamente para a síntese total (holos). Tanto na escrita instrumental como na electroacústica, a sua música recorre a um "virtuosismo do som", enfatizando a produção precisa de possibilidades sonoras variáveis e a distinção correta entre um timbre e outro, de modo a transmitir as ideias musicais e a estrutura da peça. A sua produção composicional também é informada por investigação musical em estratégias composicionais por recuperação de informação musical, técnicas expandidas, som táctil, realidade aumentada, robótica, espacialização, sinestesia.
www.panayiotiskokoras.com
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Kokoras is an internationally award-winning composer and computer music innovator, and currently an Associate Professor of composition and CEMI director (Center for Experimental Music and Intermedia) at the University of North Texas. Born in Greece, he studied classical guitar and composition in Athens, Greece and York, England; he taught for many years at Aristotle University in Thessaloniki. Kokoras's sound compositions use sound as the only structural unit. His concept of "holophonic musical texture" describes his goal that each independent sound (phonos), contributes equally into the synthesis of the total (holos). In both instrumental and electroacoustic writing, his music calls upon a "virtuosity of sound," a hyper-idiomatic writing which emphasizes on the precise production of variable sound possibilities and the correct distinction between one timbre and another to convey the musical ideas and structure of the piece. His compositional output is also informed by musical research in Music Information Retrieval compositional strategies, Extended techniques, Tactile sound, Hyperidiomaticity, Robotics, Sound and Consciousness. More information at http://www.panayiotiskokoras.com
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Fundadora e directora do Centro ''Musique & Recherches'' e dos Estúdios "Metámorphoses d'Orphée'', criados em 1982, em Ohain, Bélgica. Organizadora do 1º Festival Internacional de Música Acusmática de Bruxelas em 1984 e de numerosos concertos desde então. É editora da publicação Lien. É professora de Composição Electroacústica nos Conservatórios de Liège, Bruxelas e Mons, desenvolvendo trabalho de investigação na área da espacialização da música electroacústica sobre suporte. Protagoniza concertos na Bélgica e internacionalmente. Desde 1999, começou a organizar um curso internacional de Verão em Espacialização e, desde 1987, em Composição Electroacústica. As suas obras podem ser escutadas em festivais e programas de rádio que apresentam electrónica em suporte fixo. Os seus interesses relacionam-se com: a busca de arquétipos energéticos que relacionem a sua obra; as relações com a palavra, som, e significado proporcionados pela tecnologia electroacústica; a composição do espaço enquanto parâmetro musical e a sua relação com os outros quatro parâmetros (timbre, duração, altura e amplitude) e possíveis arquétipos que relacionem estes elementos. O seu trabalho é centrado na prática musical acusmática, incluindo a suite TAO e Ce qu’a vu le vent d’Est, que renova os laços da música Electroacústica com o passado, com algumas intercepções noutras formas artísticas, incluindo teatro, dança, escultura, etc.
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Following her classical studies at the Royal Conservatories of Mons and of Brussels, and her studies with Jean Absil, Annette Vande Gorne chanced upon acousmatics when on a training position in France. Instantly convinced, by the works of François Bayle and Pierre Henry, of the revolutionary nature of this art form (disruption of perception, renewal of composition through spectromorphological writing and listening conduction, historical importance of the movement), she took a few training positions to grab its basics, then studied musicology (ULB, Brussels) and electroacoustic composition with Guy Reibel and Pierre Schaeffer at the Conservatoire national supérieur in Paris.
She founded and manages Musiques & Recherches and the Métamorphoses d’Orphée studio (Ohain, 1982). She also launched a series of concerts and an acousmatics festival called L’Espace du son (Brussels, 1984; annual since 1994), after assembling a 60-loudspeaker system, an acousmonium, derived from the sound projection system designed by François Bayle. She is the editor of the musical aesthetics review Lien and Répertoire ÉlectrO-CD (1993, ’97, ’98), a directory of electroacoustic works. She also founded the composition competition Métamorphoses and the spatialized performance competition Espace du son. She gradually put together Belgium’s only documentation centre on that art form, available online at electrodoc.musiques-recherches.be
She gives numerous spatialized acousmatic music performances, both of her own works and the works of international composers.
Professor of acousmatic composition at the Royal Conservatory of Liège (1986), then Brussels (’87), and Mons (’93), she founded an autonomous Electroacoustic Music section at the latter, later (2002) integrated to the European graduate studies framework. Since 1999, she has been managing an international summer training session on spatialization and — since 1987 — on electroacoustic composition.
Her works can be heard in every festival and on every radio program presenting fixed media-based (previously ‘tape’) music. Her current work focuses on various energetic and kinesthetic archetypes. Nature and the physical world are models for an abstract and expressive musical language. She is passionate about two other fields of research: the various relationships to word, sound, and meaning provided by electroacoustic technology, and the composition of space seen as the fifth musical parameter and its relationship to the other four parameters and the archetypes being used. Her work falls essentially in the acousmatic category, including the Tao cycle and Ce qu’a vu le vent d’Est, which renews electroacoustic music’s ties with the past, with a few incursions in other art forms, including theatre, dance, sculpture, etc.
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Completa o Curso de Piano na Academia de Música de Santa Maria da Feira. Ingressa em 1994 na ESMAE, onde conclui com distinção os Cursos de Bacharelato, de Estudos Superiores Especializados (CESE) e de Licenciatura em Composição, na classe do compositor Cândido Lima. Realizou em 2010 provas de profissionalização em Análise e Técnicas de Composição que concluiu com a mais elevada qualificação (Muito Bom).
Colabora, na assistência técnica e projeção do som, a partir de 2000, com o Grupo Música Nova, com direção de Cândido Lima e entre 2000/01 com o grupo MC47 – grupo de música mista da ESMAE, com direção de Virgílio Melo. Participa em várias edições do Festival Internacional de Electroacústica – Música Viva, organizado e produzido pela Miso Music Portugal. É de salientar a sua colaboração na produção/projecção electroacústica das obras musicais Madonna of Winter and Spring de Jonathan Harvey, na Casa da Música, no Porto (Música Viva 2007), e Mixtur de Karlheinz Stockhausen, no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa (Música Viva 2008). Tem participado também em diversas edições do Festival DME /Dias de Música Electroacústica.
Colabora habitualmente na realização técnica electroacústica de obras várias do compositor Cândido Lima como, por exemplo, em OPTIC MUSIC-Quadros cinéticos ou CHANTIERS – melodias em pedra, entre várias outras.
Compõe obras para formações diversas apresentadas em público, no país e estrangeiro. Tem encomendas de instituições reconhecidas e de mérito e das suas obras são interpretes músicos, grupos e orquestras de confirmado talento na música contemporânea portuguesa.
Compôs para teatro. Em 2003 colabora com o Pé de Vento (Teatro da Vilarinha) e, em 2008, escreve para teatro-electroacústico a obra A menina dos olhos de chuva (encomenda da Miso Music Portugal).
Participou na exposição MUSONAUTAS – Visões & Avarias, 1960 a 2010: 5 Décadas de Inquietação Musical no Porto, / setembro a 18 de novembro de 2018.
Possui diversas partituras e músicas publicadas/editadas. Atualmente é compositora editada pelo Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa.
É membro da Sociedade Portuguesa de Autores (SPA).
É professora de Análise, Composição e Organologia. Criou, em 2010 e 2014, respectivamente, as disciplinas de Tecnologias e Composição Musical e Oficina de Música, ambas aprovadas pelo Ministério de Educação. É Presidente da Direção Administrativa da Academia de Música de Santa Maria da Feira, bem como elemento de Direção Pedagógica da mesma.
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Ângela Graça da Silva Lopes was born in Ovar. In 1995 she completed a piano course at the Academy of Music of Santa Maria da Feira. In 1994 she entered the Superior School of Music and Performance Arts (Escola Superior de Música e das Artes do Espectáculo – ESMAE) of the Polytechnic Institute of Porto (IPP) where she completed, in 1997, the Baccalaureate in Composition, in the class of Cândido Lima. The same year Ângela Lopes passed, with approval, the access tests for the degree in Specialized Superior Studies [Curso de Estudos Superiores Especializados (CESE)]. She concluded the degree and the DESE with distinction in 2000. During her academic studies Ângela Lopes worked with Álvaro Salazar and Virgílio Melo (electroacoustic music) and Filipe Pires (orchestration). In 2004 she began her PhD at the University of Aveiro, under the orientation of João Pedro Oliveira and co-orientation of Mario Mary (from the Paris University VII). She participated in several projects, some of which were focused on electroacoustic music, such as collaboration in technical assistance and sound projection, since 2000, with the New Music Group (Grupo Música Nova) directed by Cândido Lima. Between 2000 and 2001 she worked as a member of the MC47 group – a mixed ensemble of the ESMAE directed by Virgílio Melo. In 2000 and 2001 she participated in the Música Viva Festival, where her works, "Cantique", "Harmonium" (electroacoustic) and "Canção de Izis" (baritone and electronics), were presented. At this same Festival she also collaborated in the sound projection of "Circuitus" by Virgílio Melo (2000) and worked in the sound programming and projection of Cândido Lima's work, "Gestos-Circus-Circulus" (2001). In 2003 Ângela Lopes wrote the piece "Coor" (for bass clarinet and electronics) commissioned by the Música Viva Festival. She has worked on the technical electroacoustic realization of several Cândido Lima's pieces, such as "Quadros cinéticos", "ETRAS" or "Músicas de Villaiana – Coros Oceânicos". Ângela Lopes has composed pieces for several formations, presented in Portugal and abroad. Her works have been performed by several recognizable musicians, such as Pedro Couto Soares and Jorge Salgado (flute), Nuno Pinto and Luís Carvalho (clarinet and bass clarinet), Vítor Pinho and Sofia Lourenço (piano), Margarida Magalhães (soprano), João Merino (baritone), Suzanna Lidegran (violin), Vicente Choaquim and Jed Barahal (cello), António Carrilho, the Gulbenkian Orchestra, the Juvenile Symphony Orchestra, among others. In 2003, Ângela Lopes collaborated with the Pé de Vento Theatre on the music for the play "O poço" by Manuel António Pina. The spectacle was presented in 2008 at the Vilarinha Theatre during the World-Wide Water Day. As a commission of the Miso Music Portugal she composed "A Menina dos Olhos de Chuva" (based on Anne Lauricella's story) for the Electroacoustic Theatre – Sound Told Fairy Tales. In December 2004 her piece "Canção de Izis" was published (score and CD) in the Literature, Music and Visual Arts Magazine, "Águas Furtadas", of the Academic Journalism Nucleus of Porto. Presently her works are edited by the mic.pt Ângela Lopes is a Composition teacher.
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Pedro Moreira é doutorado em Ciências Musicais (Etnomusicologia) e investigador do INET-md. É professor convidado do IPL- Escola Superior de Educação de Lisboa, Universidade de Évora e Universidade do Minho. Ocupou cargos de coordenação e direção em cursos de licenciatura e mestrado em Música (performance) e Ensino de Música, no Instituo Piaget (ISEIT - Almada) e na Academia Nacional Superior de Orquestra (Metropolitana). A sua tese de doutoramento centra-se no caso da Música Ligeira no âmbito da Emissora Nacional (1935-1949), e o pós-doutoramento, concluído em 2017, abordou as representações mediáticas e musicais da identidade da comunidade portuguesa na região de Paris. Colabora regularmente com a Fundação Calouste Gulbenkian, Teatro Nacional de São Carlos e Casa da Música na redação de notas ao programa.
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Pedro Moreira holds a Ph.D. in Musical Sciences (Ethnomusicology) and a researcher at INET-md. He is a visiting professor at IPL- Lisbon School of Education, University of Évora and the University of Minho. He held positions of coordination and direction in undergraduate and masters courses in Music (performance) and Music Teaching, at Piaget Institute (ISEIT - Almada) and at the National Superior Academy of Orchestra (Metropolitan). His Ph.D. thesis focuses on the case of Light Music in the National Broadcaster (1935-1949), and the postdoctoral, completed in 2017, addressed the media and musical representations of the identity of the Portuguese community in the Paris region. He collaborates regularly with the Calouste Gulbenkian Foundation, São Carlos National Theater and Casa da Música in writing notes for the program.
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Rui M. Borges do Santos formou-se em Engenharia Química e doutorou-se em Química-Física. É Professor Auxiliar do Departamento de Química e Farmácia na Universidade do Algarve, onde ensina Química a alunos de vários cursos incluindo Biologia Marinha e é Investigador Principal do Centro de Ciências do Mar (CCMAR), onde lidera o grupo de Bioengenharia Molecular Marinha. Tendo construído e desenvolvido um calorímetro fotoacústico para investigação fundamental de reações fotoquímicas rápidas, os seus interesses atuais encontram-se na interface entre a química e a biologia. Concluiu os cursos gerais de Piano e Composição do Conservatório Nacional e frequentou dois cursos de verão sobre Música Eletroacústica com Jaime Reis na Universidade Nova de Lisboa, o que lhe despertou a curiosidade em explorar como os “sons” produzidos pela sua investigação poderão eventualmente servir de base ou inspiração para composições musicais.
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Rui M. Borges dos Santos has a MSc in Chemical Engineering with a minor in Biotechnology and a PhD in Physical Chemistry. He is Assistant Professor at the Department of Chemistry and Pharmacy at the University of Algarve where he teaches Physical Chemistry and Principal Investigator at the Centre of Marine Sciences (CCMAR), where he leads the Marine Molecular Bioengineering Research Group. Having built and developed a photoacoustic calorimeter for fundamental research on fast photochemical reactions, his current research interests lie on its application to studies at the interface between chemistry and biology. He also concluded intermediate courses in Piano and Composition at Conservatório Nacional and, having attended two summer schools on electroacoustic music by Jaime Reis at NOVA University Lisbon, he is also keen on exploring how the “sounds” generated from the above research could eventually provide the basis or inspiration for musical compositions.
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Helena Vasques de Carvalho foi coordenadora de Mestrados no ISEIT – Almada 2016-18, é Presidente da Coligação Portuguesa para a Diversidade Cultural, organização que tem como membros organizações profissionais artísticas (SPA, GD, CENA-STE, APE, APR, SNBA e outros) e ainda coordenadora nacional do sistema ABRSM – Associated Board of Royal Schools of Music.
Foi co-relatora do Relatório português para a XI Reunião Quadrienual da UNESCO, sobre a Convenção para a Diversidade das Expressões Culturais - 2018 e foi convidada como observadora para as últimas reuniões da UNESCO sobre diversidade cultural , em Paris. Faz parte do Review Committee de IAFOR – The International Academic Forum desde 2016.
Participou no painel de oradores no 7th World Meeting on Culture and Arts - IFACCA, Malta Outubro 2016 com a apresentação: “Contemporary performing artists and the global market” Participou no Congresso Internacional da ESA – 9th Mid-term Conference on Sociology of the Arts, Arts and Creativity, working on identity and difference. Porto, Setembro 2016 e no Congresso Todas as Artes – ISCTE-IUL, Lisboa Setembro 2016 com a apresentação “Festivais de Música erudita - Fronteiras e territórios da música, os Festivais de Verão em volta do Zêzere”.
Tem Doutoramento em Sociologia no ISCTE-IU, com tema de investigação – Artistas de Performance – percursos profissionais, 2016, e Mestrado em Música (Master of Music,Piano performance) da University of Tennessee – USA, reconhecido pela Universidade de Aveiro. Colaborou como pianista durante mais de uma década com as Orquestras Sinfónica e Gulbenkian. Fez parte do júri DGArtes em 2018 e 2019.
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Helena Vasques de Carvalho was coordinator of Masters at ISEIT - Almada 2016-18, is President of the Portuguese Coalition for Cultural Diversity, an organization that has members of professional artistic organizations (SPA, GD, CENA-STE, APE, APR, SNBA, and others. ) and also national coordinator of the ABRSM system - Associated Board of Royal Schools of Music.She was co-rapporteur of the Portuguese Report for the XI UNESCO Four-Year Meeting on the Convention for the Diversity of Cultural Expressions - 2018 and was invited as an observer to the last UNESCO meetings on cultural diversity in Paris. She has been a member of the IAFOR Review Committee - The International Academic Forum since 2016.Attended panel of speakers at 7th World Meeting on Culture and Arts - IFACCA, Malta October 2016 with the presentation: “Contemporary Performing Artists and the Global Market” Attended ESA International Congress - 9th Mid-term Conference on Sociology of the Arts, Arts and Creativity, working on identity and difference. Porto, September 2016 and the All Arts Congress - ISCTE-IUL, Lisbon September 2016 with the presentation “Classical Music Festivals - Frontiers and territories of music, the Summer Festivals around Zêzere”.
Has a Ph.D. in Sociology at ISCTE-IU, with a research theme - Performance Artists - Professional Background, 2016, and Master of Music (Piano Performance) at the University of Tennessee - USA, recognized by the University of Aveiro. Collaborated as a pianist for over a decade with the Symphony and Gulbenkian Orchestras. He was part of the DGArtes jury in 2018 and 2019.
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Pedro Félix é, presentemente, o coordenador da Equipa Instaladora do Arquivo Nacional de Som. É investigador do Instituto de Etnomusicologia - Centro de Estudos em Música e Dança da Universidade Nova de Lisboa (FCSH) desde 1997 e do Instituto de História Contemporânea (FCSH) desde 2014. Colaborou com o Museu do Fado desde 2005.
Integrou a equipa responsável pela elaboração da candidatura do Fado a Património Cultural Imaterial da UNESCO, coordenando e desenvolvendo o trabalho de terreno e de inventariação de espólios com fonogramas históricos. Coordenou o programa de digitalização do espólio fonográfico do Museu do Fado para o qual desenhou uma base de dados, procedeu ao tratamento arquivístico dos suportes, sua digitalização, restauro e disponibilização em cópias de acesso. Tem também participou em diversos projectos no âmbito do plano de salvaguarda (nomeadamente no programa educativo e de envolvimento da comunidade de prática).
Tem participado na organização de vários arquivos de som privados e colaborado com instituições públicas e privadas no tratamento de espólios fonográficos. Tem realizado trabalho de gravação, digitalização, restauro e masterização de audio em edições críticas de fonogramas históricos.
Recentemente concebeu e coordenou o projecto europeu HeritaMus que resultou numa ferramenta digital para a curadoria colaborava de património material e imaterial e uma base de dados com mais de 35 mil items e 95 mil relações.
Enquanto antropólogo tem desenvolvido trabalho de terreno sobre grupos musicais em Portugal, tecnologia do som, indústria de publicação de fonogramas, e património sonoro. Esse trabalho serviu de base para a elaboração de vários artigos científicos, apoiar a coordenação da Enciclopédia da Música em Portugal no Século XX para a qual escreveu mais de 50 entradas (nos domínios do pop-rock e do fado), e a sua tese de doutoramento sobre a prática musical em contextos de produção industrial, tendo como terreno o grupo Xutos & Pontapés, além de outras publicações em livro, capítulos e artigos em revistas científicas (peer-reviewed).
Desenvolve actividade lectiva na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (pós-graduação em estudos de música popular). É membro de diversas organizações profissionais no campo do Património Sonoro e Arquivos.
Os seus principais campos de acção prendem-se com o património imaterial, património fonográfico, arquivos de som, tecnologia e práticas musicais bem como no campo da epistemologia, métodos e técnicas das ciências sociais.
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Pedro Félix is currently the coordinator of the National Sound Archive Installation Team. He has been a researcher at the Institute of Ethnomusicology - Center for Music and Dance Studies at the New University of Lisbon (FCSH) since 1997 and the Institute for Contemporary History (FCSH). since 2014. Collaborated with the Fado Museum since 2005.
He was part of the team responsible for the preparation of Fado's candidacy for the Intangible Cultural Heritage of UNESCO, coordinating and developing the fieldwork and inventory of spoils with historical phonograms. He coordinated the Fado Museum's phonographic collection digitization program for which he designed a database, archived the media, digitized it, restored it and made it available in hard copies. It has also participated in several projects under the safeguard plan (notably in the educational program and involvement of the community of practice).
He has participated in the organization of several private sound archives and collaborated with public and private institutions in the treatment of phonographic spoils. He has done audio recording, digitization, restoration and mastering work on critical editions of historical phonograms.
He recently conceived and coordinated the European HeritaMus project which resulted in a collaborative digital curating tool for material and intangible heritage and a database of over 35,000 items and 95,000 reports.
As an anthropologist, he has been developing fieldwork on Portuguese music groups, sound technology, phonogram publishing industry, and sound heritage. This work served as the basis for the writing of several scientific articles, supporting the coordination of the Encyclopedia of Music in Portugal in the 20th Century for which he wrote more than 50 entries (in the fields of pop-rock and fado), and his Ph.D.'s thesis on musical practice in industrial production contexts, having as ground the group Xutos & Pontapés, as well as other book publications, chapters and articles in peer-reviewed journals.
Develops teaching activity at the Faculty of Social and Human Sciences (postgraduate studies in popular music). He is a member of several professional organizations in the field of Sound Heritage and Archives.
Its main fields of action concern intangible heritage, phonographic heritage, sound archives, technology, and musical practices as well as the field of epistemology, methods, and techniques of the social sciences.
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António Ângelo Vasconcelos – Estudou no Conservatório de Música Calouste Gulbenkian em Aveiro, licenciou-se em Ciências Musicais e doutorou-se em Educação pela Universidade de Lisboa. Tem várias publicações no âmbito do ensino de música e da criatividade e é membro dos centros de investigação CIPEM-INET-md e do CIEF-IPS. Professor-Ajunto no Departamento de Artes da Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Setúbal.
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António Ângelo Vasconcelos - Studied at the Calouste Gulbenkian Conservatory of Music in Aveiro, graduated in Music Sciences and Ph.D. in Education from the University of Lisbon. He has several publications in the field of music and creativity education and is a member of the CIPEM-INET-md and CIEF-IPS research centers. Assistant Professor at the Department of Arts, School of Education, Polytechnic Institute of Setúbal.
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Investigador e professor com vasto trabalho de R&D em eletrónica de áudio, acústica de salas, técnicas de beamforming, microfones 3D, processamento de sinal de áudio, psicoacústica e efeitos de mascaramento aplicados a medições acústicas e métodos de aprendizagem automática aplicados à música e ao ruído. Doutorado em Engenharia Electrotécnica pelo IST, Portugal. Atualmente é professor no ISEL, investigador do Grupo de Acústica e Controlo de Ruído do CAPS-IST e mais de 20 anos de experiência em engenharia de áudio e acústica. Ele é membro da Audio Engineering Society.
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PhD in Electrotechnical Engineering and Computers by Instituto Superior Técnico (IST), in the area of Room Acoustics - Measurement techniques using perceptual models. Full Professor of the Higher Institute of Engineering of Lisbon (ISEL). Researcher of the Group of Acoustics and Noise Control of CAPS - IST. He is a member of the Audio Engineering Society (AES) and the Portuguese Society of Acoustics (SPA). The main areas of interest in R&D are: experimental techniques for room acoustics, multichannel sound, beamforming techniques, 3D capture, location and identification of sources, digital audio signal processing, psychoacoustics, statistical learning methods applied to music and noise, immersive soundscapes, intelligent cities and entrepreneurship.
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Cândido Lima nasceu em Viana do Castelo em 1939. Iniciou os seus estudos musicais em Piano e Composição em Braga, onde tocou durante muitos anos como organista na Catedral de Braga.
Licenciou-se em Piano e Composição nos Conservatórios de Lisboa e Porto. Após o serviço militar na Ilha de Bolama, na Guiné, estudou Filosofia na Universidade de Braga. Mais tarde, Cândido Lima obteve um doutoramento em Estética na Universidade de Paris realizando a dissertação “Identidade e Alteridade na Composição Musical”.
Tendo obtido bolsas de estudos de diferentes organizações como a Fundação Calouste Gulbenkian, a Secretaria de Estado da Cultura e o Centro Acantes, participou em vários cursos internacionais com Nadia Boulanger, Aloys e Alphonse Kontarsky, Gérard Frémy, Stockhausen, Kagel, Ligeti, Pousseur, Boulez e Xenakis, entre outros. Estudou também Análise e Direcção com Gilbert Amy e Michel Tabachnik e participou em vários cursos de música electrónica e informática na Universidade de Paris 8 - Vincennes, na Universidade de Paris I-II - Panthéon-Sorbonne, CEMAMu e IRCAM.
Os seus artigos são publicados regularmente na imprensa, criando ainda séries de televisão e de rádio para promover o trabalho de compositores contemporâneos em Portugal. Foi responsável pela visita de Xenakis, Giuseppe Englert, Jean-Baptiste Barrière, Wilfred Jentsch e Stefano Scodanibbio a Portugal.
Em 1973, fundou o “Grupo Música Nova” que tinha como objectivo a promoção de compositores portugueses em festivais, séries, rádio, televisão, apresentando-os em espectáculos em Portugal e no estrangeiro.
Como investigador, participa na Reforma da Educação Musical em Portugal desde 1968, principalmente na área da Composição. Foi presidente da Juventude Musical de Braga (1968/74). Até 1986, lecionou e dirigiu os Conservatórios de Música do Porto e Braga. Em 1988, ingressou no Conselho de Direção e Consulta do Departamento de Música da Universidade de Aveiro.
Escreveu peças para uma diversidade de conjuntos instrumentais, voz e piano, orquestra, algumas das quais com electroacústica e meios audiovisuais. Foi o primeiro compositor português a utilizar o computador.
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Cândido Lima was born in Viana do Castelo in 1939. He began his musical studies in Piano and Composition in Braga, where he played for many years as an organist at the Cathedral.
He graduated in Piano and Composition in the Lisbon and Oporto Conservatories. After his military service in Bolama Island in Guinea, he studied Philosophy in the University of Braga. Later, Cândido Lima obtained a PhD in Aesthetics in the University of Paris with his dissertation “Identity and Alterity in Musical Composition”.
Having obtained scholarships from different organizations such as the Calouste Gulbenkian Foundation, the Culture Secretary of State and the Acantes Centre, Lima attended several international courses with Nadia Boulanger, Aloys and Alphonse Kontarsky, Gérard Frémy, Stockhausen, Kagel, Ligeti, Pousseur, Boulez and Xenakis among others. He also studied Analysis and Conducting with Gilbert Amy and Michel Tabachnik and attended several electronic and computer music courses at the University of Paris 8 – Vincennes, the University of Paris I-II – Panthéon-Sorbonne, CEMAMu and IRCAM.
His articles are regularly published in the press and he has created television and radio series to promote the work of contemporary composers in Portugal. He was responsible for the visit of Xenakis, Giuseppe Englert, Jean-Baptiste Barrière, Wilfred Jentsch and Stefano Scodanibbio to Portugal.
In 1973, Lima founded the “Música Nova Group”, which promoted classic and Portuguese composers in festivals, series, radio, television, presenting them in concerts both in Portugal and abroad.
As a researcher, he has participated in the Musical Education Reform in Portugal since 1968, especially in the area of Composition. He was the president of the Braga Musical Youth (1968/74). Until 1986 he has taught and directed the Oporto and Braga Music Conservatories. In 1988 Lima joined the Direction and Consultation Council of the Music Department at the Aveiro University.
He has written pieces for a diversity of instrumental ensembles, voice and piano, orchestra, some of which with electroacoustics and audiovisual mediums. He was the first Portuguese composer to use the computer.
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Astrid Rieder trabalha como “trans-artist” internacional. Durante mais de 20 anos, Astrid segue um ideal de uma interação entre as formas de arte da música e do desenho. Esse intercâmbio entre música e desenho leva a uma experiência estética intensificada tanto para os artistas intérpretes como para o público. Actualmente, apresenta-se mensalmente na série de eventos trans-Art no seu estúdio em Wals, Salzburgo. Em colaboração com um músico (diferente em cada performance), cria uma composição gráfica musical numa performance trans-Art de 40 minutos. O trabalho consiste em três partes: o desenho, a música gravada e o documentário em vídeo.
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Astrid Rieder works as an international trans-artist. For over 20 years, Astrid has followed an ideal of interaction between art forms of music and drawing. This exchange between music and drawing leads to an intensified aesthetic experience for both performers and the public. He currently performs monthly at the trans-Art event series at his studio in Wals, Salzburg. In collaboration with a musician (different in each performance), he creates a musical graphic composition in a 40-minute trans-art performance. The work consists of three parts: the drawing, the recorded music, and the video documentary.
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Marco Bidin é compositor, organista e cravista, e actualmente é professor no Studio for Electronic Music no HMDK Stuttgart.
Depois de se formar em Órgão, estudou Música Antiga em Trossingen e performance de Música Contemporânea em Stuttgart. Sob a orientação de Marco Stroppa, concluiu recentemente o curso de composição realizando uma dissertação intitulada “Música antiga como inspiração para a composição clássica contemporânea” e obteve o Certificado de Estudos Avançados em Música por Computador com uma dissertação sobre o uso de eletrónica como uma extensão da música de câmara.
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Marco Bidin is a composer, organist and harpsichord player, currently working as a lecturer for the Studio for Electronic Music at the HMDK Stuttgart.
After graduating in Organ, he studied Early Music in Trossingen and Contemporary Music performance in Stuttgart. Under the guidance of Marco Stroppa, he recently completed the terminal degree in Composition with the dissertation “Early Music as inspiration for Contemporary Classical composition”, and the Certificate of Advanced Studies in Computer Music with a dissertation on the usage of electronics as an extension to chamber music.
He lectured, gave courses and performed as a soloist in Europe and Asia, and his compositions have been performed in Germany, France, Portugal, Italy, Canada, Japan, South Korea and China.
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Ieva Petkutė estudou História da Arte, Gestão Cultural e Política Cultural na Academia de Artes de Vilnius. Depois de realizar um estágio no Instituto de Estudos Europeus de França, Ieva dedicou a sua carreira profissional às artes para a saúde. Ieva implementou vários projectos artísticos locais e internacionais que defendem o direito à cultura e às artes para todos.
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Ieva Petkutė received Art History and Cultural Management and Cultural Policy training from Vilnius Academy of Arts. After a completed internship at the Institute of European Studies in France, her professional career took a shift to the field of arts for health. Ieva has implemented numerous local and international arts projects that advocate for the right to culture and arts to everyone.
|PT| É do conhecimento geral que uma mudança cultural e social deverá acontecer de forma a garantir a sustentabilidade do nosso planeta. Mas como podem as instituições artísticas e culturais ser um factor chave nessa mudança?
A 3ª edição do simpósio "Cultura e Sustentabilidade" pretende aumentar a discussão e a consciencialização sobre estes temas, questionando os valores e hábitos da sociedade ocidental através da arte e da ação cultural. Através de uma abordagem científica e artística, uma comunidade de cientistas, artistas, activistas e empreendedores promoverá um debate de conceitos de cultura e as suas relações com a arte, ecologia, meio ambiente, mobilidade, paisagem sonora, sustentabilidade, entre outros tópicos.
Citando Jon Hawkes (2001):
“It is through cultural action that we:
— make sense of our existence and the environment we inhabit;
— find common expressions of our values and needs;
— meet the challenges presented by our continued stewardship of the planet.
Without culture, we are, quite literally, not human.
Culture has three aspects. It encompasses:
— our values and aspirations;
— the processes and mediums through which we develop, receive and transmit these values and aspirations;— the tangible and intangible manifestations of these values and aspirations in the real world.” Os quatro temas do simpósio são: · Incorporação da sustentabilidade e consciência social na educação [artística] · O impacto das mudanças ambientais na paisagem sonora · O papel da arte no desenvolvimento de um futuro sustentável · Integração da sustentabilidade numa organização [artística] O programa do evento contará com conferências, mesas redondas e momentos musicais.
Hawkes, Jon. (2001). The fourth pillar of sustainability: Culture's essential role in public planning. Melbourne, Vic: Cultural Development Network.
A entrada é gratuita, mas requer um registo [nome e e-mail] no momento da chegada.
|EN| It’s clear that a cultural and social change must happen in order to ensure our planet’s sustainability. But how can Art and Cultural Institutions be a key factor in this change?
The 3rd edition of the symposium ‘Culture and Sustainability’ intends to raise discussion and awareness about such topics, questioning western society’s values and habits through art and cultural action. Through both a scientific and artistic approach, a community of scientists, artists, activists and entrepreneurs will promote a debate of concepts of culture and its relations to art, ecology, environment, mobility, soundscape, sustainability, among other topics.
As stated by Jon Hawkes (2001):
“It is through cultural action that we:
— make sense of our existence and the environment we inhabit;— find common expressions of our values and needs;
— meet the challenges presented by our continued stewardship of the planet.
Without culture, we are, quite literally, not human.
Culture has three aspects. It encompasses:
— our values and aspirations;
— the processes and mediums through which we develop, receive and transmit these values and aspirations;
— the tangible and intangible manifestations of these values and aspirations in the real world.”
The four main themes of the symposium are:
· Embedding sustainability and social awareness in [artistic] education
· The impact of environmental changes on soundscape
· The role of art in the development of a sustainable future
· Integrating sustainability into an [artistic] organization
The program of the event will feature conferences, round tables and musical moments.
The entrance is free but requires registration [name & e-mail] upon arrival.
Bibliography:
Hawkes, Jon. (2001). The fourth pillar of sustainability: Culture's essential role in public planning. Melbourne, Vic: Cultural Development Network.
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