Festival de Música Contemporânea de Évora 2024
Festival de Música Contemporânea de Évora
10 a 12 Dezembro 2024
Universidade de Évora
O Festival de Música Contemporânea de Évora 2024 tem início com um evento comemorativo em homenagem ao professor, maestro e compositor Jean-Sébastien Béreau, organizado pelo Departamento de Música da Universidade de Évora (UÉ).
No segundo dia, terá lugar a inauguração do novo estúdio de música eletroacústica da Escola de Artes da UÉ, acompanhada de um concerto que combina música acusmática e literatura, protagonizado por alunos desta instituição.
O festival encerra com um concerto colaborativo que reúne alunos do Laboratório de Música Mista José Luís Ferreira (ESML) e do Departamento de Música da Universidade de Évora.
Produção: Projeto DME
Co-organização: Escola de Artes da Universidade de Évora
Dia 10-12-2024
Auditório de Soror Mariana
Actividades incluídas no evento comemorativo dedicado ao Professor, maestro e compositor Jean-Sébastien Béreau, organizado pelo Departamento de Música e DME .
14h00 - Mesa redonda com antigos alunos do maestro Jean-Sébastien Béreau.
Moderador: Professor Doutor Pedro Moreira
15h00 - Estreia absoluta de documentário
Nome do filme: Jean-Sébastien Béreau, une symphonie en vert
Colégio Mateus d'Aranda, Sala dos Espelhos
17h00 - Concerto Mestres, colaboradores e referências musicais de Jean-Sébastien Béreau
21h00 - Concerto monográfico com as obras de Jean-Sébastien Béreau com o lançamento do CD Extended Duo
Dia 11-12-2024
17h00- Workshop de Introdução à Música Electroacústica, com o compositor Jaime Reis.
18h30 - Inauguração do Estúdio de Música Electroacústica da Escola de Artes da Universidade de Évora
concerto: música acusmática e literatura (com alunos da EA da UÉ - diálogo entre obras acusmáticas e leitura de poesia e dramatização em torno dos autores e correntes evocadas no programa).
Dia 12-12-2024
18h30- Concerto colaborativo com a participação dos alunos da ESML e DMUS.
Dia 10 de Dezembro
O evento comemorativo em homenagem ao Professor, maestro e compositor Jean-Sébastien Béreau, organizado pelo Departamento de Música e DME, contará com uma série de actividades distribuídas ao longo do dia.
No Auditório de Soror Mariana, às 14h00, terá lugar uma mesa-redonda com antigos alunos do maestro Jean-Sébastien Béreau, sob a moderação do Professor Doutor Pedro Moreira. Em seguida, às 15h00, será realizada a estreia absoluta do documentário Jean-Sébastien Béreau, une symphonie en vert, com cerca de 90 minutos de duração. A produção é da Palco de Ilusões e Quadrivium - Associação Artística, com realização de Francisco Rosas.
Posteriormente, no Colégio Mateus d'Aranda, Sala dos Espelhos, às 17h00, será apresentado o concerto Mestres, colaboradores e referências musicais de Jean-Sébastien Béreau.
Programa:
C. Debussy: Syrinx (Andreia Antunes)
P. Hindemith: Sonata - Heiter bewegt (Diogo Valverde)
D. Milhaud: Sonatine - Tendre (Matilde Rosas)
C. Debussy: La fille aux cheveux de lin (Daniela Galguinho)
F. Poulenc: Sonata - Allegro Malincolico (Eduardo Nunes)
C. Debussy: Seis Epígrafes Antigos - Pour invoquer Pan, dieu du vent d'été; Pour un tombeau sans nom; Pour la danseuse aux crotales (Dária Asaftei)
O. Messiaen: Le Merle Noir (Romana Hozlarová)
I. Stravinskij: Três peças para clarinete solo (Juanma Martim)
L. Bernstein: Três canções do ciclo I hate music, but I love to sing (Maria Pinho e Alfonso Henriques).
O acompanhamento ao piano será realizado pelo Professor Duarte Martins.
Finalmente, às 21h00, ainda no Colégio Mateus d'Aranda, Sala dos Espelhos, terá lugar um concerto monográfico dedicado às obras de Jean-Sébastien Béreau, com o lançamento do CD Extended Duo.
Programa:
Chemin Faisant (2016; estreia absoluta) e Nuit (2019), interpretadas pela flautista Monika Streitová
Que sont amis devenus (2021), com o guitarrista Dejan Ivanovich
Le Saut de l'Ange (2015), com Ana Telles no piano e Luís Gomes no clarinete baixo.
Dia 11 de Dezembro
17h00- Workshop de Introdução à Música Electroacústica, com o compositor Jaime Reis.
18h30- Inauguração do Estúdio de Música Electroacústica da Escola de Artes da Universidade de Évora
concerto: música acusmática e literatura (com alunos da EA da UÉ - diálogo entre obras acusmáticas e leitura de poesia e dramatização em torno dos autores e correntes evocadas no programa).
Programa:
Marta Domingues: Instantes (2022) [c. 12’]
Jaime Reis: Phonopolis (2003-2004) [c. 7’]
Cristóvão Almeida: Estudo Acusmático (2023) [c. 7’]
Mariana Vieira: O Encontro Inesperado do Diverso (2021) [c. 8’]
Luciano Berio:Thema (Omaggio a Joyce) (c. 6’)
Leitura de textos de Clarice Lispector, Walt Whitman, Maria Gabriela Llansol e James Joyce, pelos alunos Li Antunes e João Santos da Escola de Artes da Universidade de Évora.
Marta Domingues: Instantes
Instantes procura ser um leque de momentos de introspecção. Percepção do corpo, do mundo, do tempo. “Ouve-me com o teu corpo inteiro.”, pede a Clarice.
O texto de Clarice Lispector, retirado de “Água Viva” (adaptado), é lido por Tiago Boto, Nuno Veiga, Juliana Campos, Sara Marita e também por mim. O material sonoro que dá vida à peça provém maioritariamente destas vozes, sendo que toda a narrativa construída tem o propósito de servir em absoluto o texto, sendo em episódios em que a própria palavra é som, ou em episódios em que o som serve a palavra de um modo quase madrigalesco.
Esta peça é ainda o resultado de um leque de influências de diversos compositores que inspiram o meu trabalho. Particularmente Annette Vande Gorne, na forma como compõe a voz e o texto, e a sua investigação sobre o espaço como parâmetro musical expressivo na música acusmática; Jaime
Reis, na sua procura de polifonia de gestos e movimentos espaciais;
Elizabeth Anderson cujas texturas complexas das peças “Les Forges de l'Invisible”, “Solar Winds” e “...and Beyond” surgem na minha peça como um sustento da narrativa de Lispector. E ainda Luciano Berio, que em “Visage”nos dá a conhecer a voz com uma verdadeira musicalidade.
Jaime Reis: Phonopolis
Phonopolis (2003-04) surgiu da necessidade pessoal de tentar explorar fenómenos fonéticos específicos. Assumindo a poesia sonora enquanto uma entidade abstracta, passível de ser composta sob uma estrutura simples e essencialmente formada por aquilo que designo de "complementaridades fonéticas", desenvolvi várias possibilidades para isolar e perceber as implicações de aspectos específicos das suas características naturais e sócio-culturais. A estrutura consiste em 3 camadas: a primeira, baseada numa série numérica simples (relacionada com a transposições e harmonia); a segunda, baseada em fenómenos fonéticos específicos e a terceira, onde aplico uma interpretação semiológica dos sons criados, induzindo específicas reacções/induções (entidades humanas) através do uso de sons com identidades abstractas específicas naturais ou sociais. O resultado é um poema sonoro formado por sons de natureza onomatopeica que, sem ter significação semântica particular, possuem um sentido abstracto, que surge por especificidade do tratamento dos materiais e que se relaciona com a forma como falamos, com maior ou menor ênfase e força, tal como pode acontecer num poema, pretendendo criar algo o mais comunicante quanto possível.
Musicalmente, os elementos rítmicos e seu tratamento constituem o âmago de toda a peça, que está estruturada em 3 partes. 1 - exploração polifónica de linhas desenvolvidas a partir das referidas "complementaridades fonéticas"; 2 - canon; 3 - explorações tímbricas.
Esta peça foi estreada no festival "Synthèse", em Bourges (França) e interpretada em países como Portugal, Filipinas, Alemanha, Japão, Bélgica, Mónaco, Coreia do Sul, Brasil, Espanha e Turquia.
Cristóvão Almeida: Estudo Acusmático
“ Tinha que existir uma pintura totalmente livre da dependência da figura — o objecto — que, como a música, não ilustra coisa alguma, não conta uma história e não lança um mito. Tal pintura contenta-se em evocar os reinos incomunicáveis do espírito, onde o sonho se torna pensamento, onde o traço se torna existência. ”
Mariana Vieira: O Encontro Inesperado do Diverso
Peça livremente inspirada nos escritos de Maria Gabriela Llansol, onde convergem personagens de diferentes épocas e realidades. Interessou-me explorar a interação entre gravações de campo e samples recolhidos numa improvisação feita com um sintetizador modular, modificada através de processos como micromontagem. Formalmente, a peça está organizada em quatro momentos de texturas contrastantes.
Dia 12 de Dezembro
Concerto colaborativo com a participação dos alunos do Laboratório de Música Mista José Luís Ferreira (ESML) e DMUS.
Programa:
J. P. Oliveira: Jet (M. Bernardino: flauta + SAMPO)
M. Bonino: Diphta (Alice Houy: flauta + SAMPO)
I. Cardina: Sideral, Variações (Inês Cardina: flauta + SAMPO)
Y. Daoust: Adagio (Beatriz Oliveira: flauta + SAMPO)
Amélia Pack - A Woman’s Shape, para violino e electrónica (Daniel Evgen: violino)
Rodolfo Valente - Refúgio, para violoncelo e electrónica (Frederico Barros: violoncelo)
J.P. Oliveira: A Tre (António Fonseca, Pedro Rodrigues)
J.P. Oliveira In Intempore (António Narciso)
Nuno da Rocha: A.B.C:D Flexible (António Fonseca, António Narciso, Larisa Halis, Cristóvão Almeida, Pedro Rodrigues, Vitória Gorjão, Mariana Flores, Frederico Barros, Nuno d'Eça, Daniel Evgen, Magda Bernardino, Alice Houy, Inês Cardina, Beatriz Oliveira, Beatriz Viçosa, Pedro Franco, Carolina Esteves, Rosa Queiroz e João Maio)
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