Residência Artística Seia 2023 | Andrea Conangla e Manuela Ferrão + Sofia Borges



Residência Artística em Seia

Incorrespondência | Andrea Conangla e Manuela Ferrão + Sofia Borges

14 a 18 de Agosto de 2023

Apresentação Final: 18 de Agosto de 2023, 18h30 | Casa Municipal da Cultura de Seia


Na semana de 14 a 18 de Agosto, a Casa Municipal da Cultura de Seia acolhe duas residências artísticas. Estas juntam a soprano Andrea Conangla e a violoncelista Manuela Ferrão com a compositora Sofia Borges, e a flautista Clara Saleiro com a compositora Patrícia Almeida.

Ambas as residências giram em torno de duas novas criações inspiradas na obra de Fernando Pessoa.

São poucos os autores que relevam de um lugar tão fundamental e central como o que é ocupado por Fernando Pessoa no seio do cânone literário de expressão portuguesa. Tal não só é atestado pela profundidade com que a sua obra é lecionada já a nível do ensino básico, como a sua progressiva difusão - recordemos a recente biografia escrita por Richard Zenith - e internacionalização.

Fernando Pessoa é, portanto, uma figura incontornável do imaginário cultural português, recordando-se que este último é uma configuração não só determinada por juízos históricos e estéticos, mas também sociais, políticos e económicos. E enquanto escritor e poeta, por excelência, da alteridade, esta centralidade não deixa, frequentemente, de compreender algo de paradoxal.

Dada a sua importância, urge fazer releituras das obras de Fernando Pessoa. Com isto, não só se interpelam e questionam o imaginário cultural em que este se insere, como também permite dar continuidade ao espírito que permeia a obra Pessoana: o da alteridade.

Os concertos finais das residências serão de entrada gratuita e decorrerão no dia 18 de Agosto às 18:30, no Cineteatro da Casa Municipal da Cultura de Seia. O público será convidado a participar numa conversa pós-concerto com as artistas em residência. 



Programa - concerto comentado:

Sofia Borges: nova obra (2023)*


*estreia absoluta, encomenda Projecto DME



Com uma profunda sensibilidade para a realidade sociopolítica e com uma visão artística distinta, Andrea Conangla (Portugal / Espanha) está a deixar a sua marca na música clássica e contemporânea, como cantora e compositora-improvisadora. O seu trabalho criativo concentra-se em temas sociopolíticos, como os social media, feminismo e política corporal: uma artista multifacetada que prospera na intersecção entre intervenção artística, ativismo e música composta e improvisada.

Radicada na Alemanha desde 2017, Andrea completou o mestrado em Música Contemporânea com distinção na Hochschule für Musik und darstellende Kunst Stuttgart com Angelika Luz, fez uma pós-graduação em canto clássico com Ulrike Sonntag, frequentou a Schubertklasse liderada pelo pianista Thomas Seyboldt e também recebeu impulsos de composição de Martin Schüttler. Andrea é mestre em Ensino de Música pela Universidade de Aveiro, Portugal, onde se especializou no ensino da voz através do movimento e da improvisação, adicionalmente ao ensino do canto clássico. Participou ainda em masterclasses com Sarah Maria Sun, Donatienne Michel-Dansac, Thomas Seybolt, Margaret Honig, Susan Waters, Anna-Maria Hefele (overtone singing), et al. Foi a vencedora do Concurso Internacional de Música Santa Cecília 2013 (Porto, Portugal).

Requisitada frequentemente como solista em ópera, oratório e teatro musical contemporâneo, Andrea cantou com orquestras e ensembles de referência na Europa de onde se destacam a Orquestra Filarmónica de Munique, Staatsoper Stuttgart, Théâtre Royal de la Monnaie, ilGustoBarocco, Sond'Arte Electric Ensemble e o Aleph Guitarrenquartett. Andrea cantou Matthäus-Passion, H-Moll Messe e Weihnachtsoratorium de Johann Sebastian Bach, Messias de Georg Friedrich Händel, Regina Coeli de Wolfgang Amadeus Mozart, Ein deutsches Requiem de Johannes Brahms e Requiem de Frederick Delius, bem como os papéis de Tarquino na ópera Muzio Scevola de Filippo Amadei, Georg Friedrich Händel e Giovanni Bononcini, Soprano Coloratura em A Laugh to Cry de Miguel Azguime, Eulália em O' KARAKINO de Uday Krishnakumar e Talus na estréia absoluta de Solar - Icarus Burning de Howard Moody. Andrea teve ainda a oportunidade de aprender e colaborar diretamente com compositores como Helmut Lachenmann, Jennifer Walshe e Bernhard Lang. 

No contexto de ensemble, Andrea manteve compromissos com SWR Vokalensemble, Kammerchor Stuttgart e Ensemble Cythera. Andrea é fundadora do Kollektiv TRIGGER, ensemble de vozes femininas dedicado à música contemporânea.

Em 2020 foi premiada com o apoio do Kunststiftung Baden-Württemberg e em 2021 com o apoio InSzene:Vokal (Podium Gegenwart, Deutscher Musikrat) para jovens artistas promissores no campo da música contemporânea. Andrea é professora de improvisação vocal na Staatliche Hochschule für Musik Trossingen desde 2020. Como professora convidada, Andrea lecionou workshops e seminários na Balleteatro, Porto, e na Universidade de Música Łódź, Polónia.


A percussionista Sofia Borges escolheu um caminho arriscado mas estimulante: explorar, experimentar, alargar as linguagens estabelecidas (quer as improvisadas, quer as compostas por ela própria, com notações gráficas que prolongam a escrita convencional) e os resultados estão a mostrar-nos que a arte dos sons ainda não está morta; longe disso. Ela fá-lo de duas formas. Uma é o formato a solo - juntando objectos, alguns de invenção própria, caixas de música e brinquedos à bateria de jazz e aos instrumentos de percussão orquestrais, e ainda dispositivos electrónicos analógicos e digitais que lhe permitem processar, em tempo real, as suas construções acústicas, incluindo na mistura um bom número de gravações de campo. Outra é a associação com alguns dos mais notáveis fazedores de ruído espontâneo do nosso tempo, como Craig Taborn, Mat Maneri, Axel Dörner, Robyn Schulkowsky, Ignaz Schick, Ryeko Okuda, Sanem Kalfa, Michael Thieke, Cansu Tanrikulu, Chris Pitsiokos e Nick Dunston, só para citar alguns, e integrando bandas incontornáveis como SORBD e SLOTSCH.

A criadora de sons inventiva, nascida em Portugal mas baseada em Berlim, tem o palco como o seu ambiente natural, estabelecendo a música como mais uma das artes performativas. Neste contexto, não é de estranhar que encontremos Sofia Borges em projectos de dança e teatro, colaborando com Meg Stuart, Alexis Blake ou o coletivo Sounding Situations. Não há fim à vista para as abordagens de investigação do seu jogo com o tempo e o espaço, e esse é o segredo chave para a sua crescente notoriedade na cena internacional. Veja-o você mesmo e saberá, em primeira mão, porquê e como.



Nascida no Brasil, criada em Portugal e baseada na Suécia, Manuela Ferrão encontrou a sua voz como violoncelista no cruzamento de géneros, transitando naturalmente entre a música erudita e popular, a música antiga e o jazz, assim como a improvisação na música e nas artes cénicas. Nutre também uma paixão por música nova, sendo frequentemente convidada a colaborar em projectos de criação e tendo estreado obras em Portugal, Suécia e Itália.

Além da música expressa-se na área da fotografia e do vídeo em plataformas digitais.

Manuela mantém presença regular nos palcos europeus e internacionais, tendo trabalhado com orquestras como a Banda Sinfónica Portuguesa, Orquestra Clássica de Espinho, Jovem Orquestra Portuguesa, Al Bustan Festival Orchestra Academy e Neue Philharmonie München, actuado com o Reflexkvartetten no Oslo Quartet Series (Noruega) e Casa del Quartetto (Itália) e passado por festivais como Festival Porta Jazz, Guimarães Jazz Festival, Al Bustan Festival, Milhões de Festa e Festival Paredes de Coura.

Em 2022 estreia-se nos palcos norte-americanos como convidada do aclamado saxofonista e artista em 3 álbuns vencedores dos Grammy® Tivon Pennicott no Washington Square Music Festival em Nova Iorque, e também a ópera “Lugar Comum” do Quarteto Contratempus no Teatro Rivoli (Porto).

É membro fundador do duo de violoncelos MF2, do duo Manuela Ferrão & Ricardo Leitão Pedro, do ensemble de jazz Vazio e o Octaedro e da Göteborg Sinfonietta especializada em música dos séculos XX e XXI.

Manuela fez estudos de violoncelo na ESMAE (Porto), de práticas orquestrais na Academy of Music and Drama (Gotemburgo) e de violoncelo barroco e música antiga no Royal College of Music (Estocolmo).

Enquanto professora, é tutora da classe de violoncelo e de orquestra no projeto Dream Orchestra (Gotemburgo), foi mentora do naipe de violoncelos na National Orchestra El Sistema Sweden em 2020 e 2021 e dirige workshops regulares em várias instituições na Suécia.

Manuela acredita e defende a Música como meio transversal de inclusão, expressão, igualdade e transformação social.











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