Lá nas Árvores - Ciclo I: Sentir a Terra / Cycle I: Feel the Earth | Évora27 – Capital Europeia da Cultura
Lá nas Árvores
Ciclo I: Sentir a Terra / Cycle I: Feel the Earth
Évora27 – Capital Europeia da Cultura
[PT]
“Lá nas Árvores” é o primeiro projeto de Évora_27 - Capital Europeia da Cultura a ser apresentado ao público, em parceria com a Universidade de Évora, o Projecto DME e a Associação Lisboa Incomum, com direção artística de Ana Telles.
Durante quatro dias, de 23 a 26 de Outubro de 2025, Évora transforma-se num espaço de escuta e descoberta, entre concertos, workshops e uma instalação sonora, em torno da relação entre a música, o território e a paisagem sonora.
“Lá nas Árvores”, projeto inscrito no Livro de Candidatura de Évora_27, terá três ciclos de apresentações entre 2025 e 2027. Este ano, o ciclo “Sentir a Terra” propõe uma viagem sonora que liga a criação contemporânea à ecologia, à memória e à identidade alentejanas.
Tanto a Instalação Sonora e o Concerto Acusmático final incluem peças que foram selecionados a partir de uma variedade de submissões a uma open call. O Concerto Acusmático também inclui peças de compositores convidados.
[ENG]
"Lá nas Árvores" is the first project from Évora_27 - Capitual Europeia da Cultura to be presented publicly, in partnership with the University of Évora, Projecto DME and Associação Lisboa Incomum, with Ana Telles as the Artistic Director.
During the span o four days, from the 23rd to the 26th of October, Évora turns into a space for listening and discovery, from concerts and workshops to to a sonic installation, all around the relationship between music, soudscape and acoustic ecology.
"Lá nas Árvores", a project included in the the Évora_27 bid book, will have three presentation cycles between 2025 and 2027. This year, the "Feel the Earth" cycle proposes a sonic journey which interlinks contemporary creation with the Alentejo ecology, memory and identity.
Both the Sonic Installation and the final Acousmatic Concert include acousmatic pieces that were selected from a number of submissions from an open call. The Acousmatic Concert also includes pieces from invited composers.
Artistas selecionados na open call: / Open call selected artistas:
Programa Geral: / General Programme:
23 de Outubro (Quinta-Feira) / 23rd of October (Thursday)
- 21h - Concerto "O Canto das Sementes I" / 9PM - "The Chant of the Seeds I" Concert
24 de Outubro (Sexta-Feira) / 24th of October (Friday)
- 21h - Concerto "O Canto das Sementes II" / 9PM - "The Chant of the Seeds II" Concert
25 de Outubro (Sábado) / 25th of October (Saturday)
- 14h-17h - Instalação Sonora / 2-5PM - Sound Installation
- 18h - Concerto-Conferência com Carlos Marecos e Ana Telles / 6PM - Concert-Conference with Carlos Marecos and Ana Telles
26 de Outubro (Domingo) / 26th of October (Sunday)
- 10h-13h - Workshop com Jaime Reis / 10AM-1PM - Workshop with Jaime Reis
- 14h-17h - Instalação Sonora / 2-5PM - Sound Installation
- 18h - Concerto Acusmático / 6PM - Acousmatic Concert
A entrada é livre para todos os eventos. / Attendance is free for all events.
Para participar no Workshop com Jaime Reis no dia 26 de Outubro, por favor faça a inscrição aqui.
To participate in the workshop with Jaime Reis on the 26th of October, please sign up here.
23 de Outubro (Quinta-Feira) / 23rd of October (Thursday)
- 21h - Concerto "O Canto das Sementes I" / 9PM - "The Chant of the Seeds I" Concert
Auditório Christopher Bochmann, Colégio Mateus d'Aranda
Programa / ProgrammeJaime Reis: Sangue Inverso: Hematite (2025)
Miguel Azguime: Melancholia (2017-2019)
Sara Carvalho: sobre a areia o tempo poisa (2016)
Valerio Sannicandro: Iconographiae (2025)*
*Encomenda Projecto DME / *Projecto DME commission
Ensemble DMEAlex Waite, piano
Ângela Carneiro, violoncelo / cello
Beatriz Costa, violino / violin
Notas de Programa / Programme notes
Sara Carvalho: sobre a areia o tempo poisa (2016)
“sobre a areia o tempo poisa” [over the sands time stands still] foi escrita em 2016, encomenda do “38º Festival Internacional de Música Póvoa do Varzim”.
O título da obra é retirado do poema Fundo do Mar do livro Poesia I de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Como sugerido no poema de Sophia, o meu material musical também se afirma partir de opostos que coabitam dentro de um mesmo espaço, onde tudo é tão dividido como interligado, como se de uma teia se tratasse. Assim, como num sonho, os eventos da obra sucedem-se de forma não linear; e o tempo, labirinto de viagens, vai libertando as memórias que já estavam esquecidas.
Valerio Sannicandro: Iconographiae (2025)
[PT]
O trio para piano Iconographiae desenvolve-se como uma suíte de quatro peças breves, cada uma orbitando uma visão sonora singular e curiosa. Um segundo teclado — um pequeno sintetizador — produz ecos, texturas refletidas, espaços paralelos e cenários artificiais, entrelaçando-se com os timbres transformados dos instrumentos acústicos para criar um mundo sonoro simultaneamente estranho e luminoso.
O papel dos instrumentos electrónicos é, de facto, criar texturas sonoras paralelas que informam toda a interpretação (e estética) da obra e polarizar também a interpretação dos dois instrumentos de cordas. A preparação do piano — tanto a fixa como a executada em tempo real — ilumina a paisagem sonora caleidoscópica da obra, acentuando a sua essência percussiva e, por vezes, espelhando as texturas da electrónica.
Estas quatro imagens sonoras, esculpidas numa matéria musical aparentemente estável, abrem antes para uma sequência de gestos rica em dinâmicas e timbre, como se a sua dimensão simbólica revelasse um nível mais profundo de significado musical.
[ENG]
The piano trio Iconographiae unfolds as a suite of four brief pieces, each orbiting a singular and curious sonic vision. A second keyboard—a small synthesizer—weaves echoes, reflected textures, parallel spaces and artificial scenarios, entwining with the transformed timbres of the acoustic instruments to create a sound world both strange and luminous.
The role of the electronic instruments is indeed to create a parallel sound-textures that informs the whole interpretation (and aesthetics) of the work and polarize as well the interpretation of the two string instruments. The piano preparation—both fixed and executed in real time—illuminates the work’s kaleidoscopic soundscape, accentuating its percussive essence and, at times, mirroring the textures of the electronics.
These four sonic images, sculpted into an apparently steady musical matter, instead open onto a sequence of gestures rich in dynamics and timbre, as though their symbolic dimension were revealing a deeper level of musical significance.
Biografias / Biographies
Jaime Reis

© Sofia Nunes
Jaime Reis (n. 1983) é um compositor português.Estudou Composição e Música Electroacústica com João Pedro Oliveira, Emmanuel Nunes e K. Stockhausen. Continuou os seus estudos de doutoramento na Universidade Nova de Lisboa em Etnomusicologia.
O pensamento musical de Jaime Reis é informado pelo seu grande interesse pela investigação em ciências naturais e pela sua permanente atenção às tradições musicais - e, de facto, espirituais - asiáticas.
Um dos seus focos é a dinâmica das formas, forças e fluxos em música. Explora percursos polifónicos espaciais através de sistemas de som imersivos em forma de cúpula.
Outra característica marcante da sua música é a presença de conceitos complexos que sustentam a construção das suas peças, muito embora não distraindo o ouvinte da sua beleza sensível. As ideias funcionam como funções ocultas que, apesar do seu rigor intelectual, geram formas musicais voluptuosas.
Jaime Reis é professor de Composição e Música Electroacústica na Escola Superior de Música de Lisboa (ESML) e investigador no Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa. É director artístico do Festival DME e do Lisboa Incomum, que desenvolvem uma intensa actividade de investigação e criação de música erudita contemporânea.
A sua música foi tocada em todo o mundo por ensembles e músicos como Christophe Desjardins, Pierre-Yves Artaud, Aida-Carmen Soanea, Ana Telles, ensemble Fractales, Ensemble Horizonte, Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, Machina Lírica, Orchestre de Flûtes Français e Aleph Gitarrenquartett.
Monika Streitová, flautista e Professora na Universidade de Évora
in jaimereis.pt; última actualização: Maio 2020
Sara Carvalho
Sara Carvalho é compositora, professora associada na Universidade de Aveiro e investigadora integrada do INET-md.O seu portfólio inclui mais de 90 obras para instrumento solo, ensemble e orquestra, que exploram gesto, narrativa musical, público enquanto performer e colaboração compositor-performer. Participa activamente na vida académica, integrando júris internacionais e organizando conferências.
As suas obras, regularmente tocadas internacionalmente, são encomendadas de instituições, ensembles e solistas de renome; encontram-se editadas em diversos CDs e são publicadas no Centro de Investigação & Informação da Musica Portuguesa, Babel Scores e Wirripang Pty. Ltd, Austrália. A sua investigação está ainda publicada em revistas e livros, incluindo a Ashgate/SEMPRE e a Imperial College Press.
Miguel Azguime
Distinguido pela sua versatilidade, o universo criativo de Miguel Azguime reflecte uma abordagem que se baseia nas suas capacidades multifacetadas enquanto compositor, performer e poeta, sendo que esta tridimensionalidade desafia concomitantemente uma certa visão quase mística da arte.Os inícios do seu percurso musical são marcados pela participação em várias formações de jazz e improvisação, pelos estudos de percussão com Catarina Latino, Júlio Campos e Gaston Sylvestre, e também pela participação em vários cursos e seminários de composição, por exemplo em Darmstadt, e ainda com Emmanuel Nunes e com Tristan Murail.
Um momento decisivo do seu percurso ocorreu em 1982 através do contacto com o flautista Pierre-Yves Artaud. Assim nasceu o Miso Ensemble, um duo de flauta e percussão, criado por Paula Azguime e Miguel Azguime em 1985, que desde o início se distinguiu pela procura de uma outra forma de fazer música, incluindo o uso de amplificação e de meios electrónicos. A filosofia muito própria do Miso Ensemble reflecte-se no seu nome: MISO, um ingrediente tradicional da culinária japonesa feito a partir de um longo processo de maturação, que vai ao encontro de um ideal de vida, pessoal e colectiva.
A partir dos anos 90 a dupla artística, Paula e Miguel Azguime, começou a desenvolver a sua actividade no estrangeiro em colaboração com outros intérpretes e compositores. Esta foi também a altura em que Miguel Azguime iniciou uma transição na escrita composicional, de uma forma mais livre para uma forma mais rigorosa, com a utilização quase sistemática de meios electrónicos em tempo real. Esta transformação propiciou a sua afirmação enquanto compositor, cuja música e linguagem pessoal é hoje em dia amplamente reconhecida.
Paralelamente à sua actividade criativa Miguel Azguime permanece dedicado à promoção e difusão da música de invenção e pesquisa e em particular de compositores portugueses, tanto como fundador da Miso Music Portugal, como director artístico da editora Miso Records e do Festival Música Viva, e ainda como fundador do Miso Studio e do Sond’Ar-te Electric Ensemble. Em 1995 desenvolveu também a Orquestra de Altifalantes, um projecto dedicado exclusivamente à interpretação da música electroacústica; e ainda em 2003, juntamente com Paula Azguime, fundou o Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa, uma plataforma digital de investigação, preservação, comunicação e base de dados, disponível em www.mic.pt, sobre o património musical português do presente para o passado, incluindo documentos numerosos em vários formatos assim como edição e distribuição de partituras.
No percurso composicional de Miguel Azguime mais um dos momentos decisivos constitui certamente a residência da DAAD em Berlim (2006), contexto que propiciou a criação e produção da ópera multimédia Itinerário do Sal – o culminar de um processo de integração entre escrita poética e escrita musical. Esta obra conduziu a uma nova forma de colaboração criativa no seio do Miso Ensemble, com a implementação e consolidação de processos criativos conjuntos na música, dramaturgia e imagem, iniciados com Paula Azguime para as obras Yuan Zhi Yuan (1997/98), O Centro do Excêntrico do Centro do Mundo (1999/2002) e depois desenvolvidos na ópera infantil A Menina Gotinha de Água (2011) e na ópera A Laugh to Cry (2013).
As ligações entre as múltiplas actividades exercidas por Miguel Azguime, como compositor, poeta e performer, deram origem ao seu interesse pelo domínio que o próprio artista designa por “palavra-sentido / palavra-som”, numa tentativa de aproximação entre a componente semântica e metafórica da palavra e os seus parâmetros sonoros. Esta abordagem é típica não apenas nas suas peças operáticas mas também na música de câmara, instrumental e electroacústica, simultaneamente reflectindo as “viagens iniciáticas“ do compositor no processo de criação de cada obra. Vários traços destes princípios encontram-se na produção mais recente de Miguel Azguime.
Jaime Reis: Sangue Inverso: Hematite (2025)
Miguel Azguime: Melancholia (2017-2019)
Sara Carvalho: sobre a areia o tempo poisa (2016)
Valerio Sannicandro: Iconographiae (2025)*
*Encomenda Projecto DME / *Projecto DME commission
Alex Waite, piano
Ângela Carneiro, violoncelo / cello
Beatriz Costa, violino / violin
Notas de Programa / Programme notes
Sara Carvalho: sobre a areia o tempo poisa (2016)
“sobre a areia o tempo poisa” [over the sands time stands still] foi escrita em 2016, encomenda do “38º Festival Internacional de Música Póvoa do Varzim”.
O título da obra é retirado do poema Fundo do Mar do livro Poesia I de Sophia de Mello Breyner Andresen.
Como sugerido no poema de Sophia, o meu material musical também se afirma partir de opostos que coabitam dentro de um mesmo espaço, onde tudo é tão dividido como interligado, como se de uma teia se tratasse. Assim, como num sonho, os eventos da obra sucedem-se de forma não linear; e o tempo, labirinto de viagens, vai libertando as memórias que já estavam esquecidas.
Valerio Sannicandro: Iconographiae (2025)
[PT]
O trio para piano Iconographiae desenvolve-se como uma suíte de quatro peças breves, cada uma orbitando uma visão sonora singular e curiosa. Um segundo teclado — um pequeno sintetizador — produz ecos, texturas refletidas, espaços paralelos e cenários artificiais, entrelaçando-se com os timbres transformados dos instrumentos acústicos para criar um mundo sonoro simultaneamente estranho e luminoso.
O papel dos instrumentos electrónicos é, de facto, criar texturas sonoras paralelas que informam toda a interpretação (e estética) da obra e polarizar também a interpretação dos dois instrumentos de cordas. A preparação do piano — tanto a fixa como a executada em tempo real — ilumina a paisagem sonora caleidoscópica da obra, acentuando a sua essência percussiva e, por vezes, espelhando as texturas da electrónica.
Estas quatro imagens sonoras, esculpidas numa matéria musical aparentemente estável, abrem antes para uma sequência de gestos rica em dinâmicas e timbre, como se a sua dimensão simbólica revelasse um nível mais profundo de significado musical.
[ENG]
The piano trio Iconographiae unfolds as a suite of four brief pieces, each orbiting a singular and curious sonic vision. A second keyboard—a small synthesizer—weaves echoes, reflected textures, parallel spaces and artificial scenarios, entwining with the transformed timbres of the acoustic instruments to create a sound world both strange and luminous.
The role of the electronic instruments is indeed to create a parallel sound-textures that informs the whole interpretation (and aesthetics) of the work and polarize as well the interpretation of the two string instruments. The piano preparation—both fixed and executed in real time—illuminates the work’s kaleidoscopic soundscape, accentuating its percussive essence and, at times, mirroring the textures of the electronics.
These four sonic images, sculpted into an apparently steady musical matter, instead open onto a sequence of gestures rich in dynamics and timbre, as though their symbolic dimension were revealing a deeper level of musical significance.
Biografias / Biographies
Jaime Reis
| © Sofia Nunes |
Estudou Composição e Música Electroacústica com João Pedro Oliveira, Emmanuel Nunes e K. Stockhausen. Continuou os seus estudos de doutoramento na Universidade Nova de Lisboa em Etnomusicologia.
O pensamento musical de Jaime Reis é informado pelo seu grande interesse pela investigação em ciências naturais e pela sua permanente atenção às tradições musicais - e, de facto, espirituais - asiáticas.
Um dos seus focos é a dinâmica das formas, forças e fluxos em música. Explora percursos polifónicos espaciais através de sistemas de som imersivos em forma de cúpula.
Outra característica marcante da sua música é a presença de conceitos complexos que sustentam a construção das suas peças, muito embora não distraindo o ouvinte da sua beleza sensível. As ideias funcionam como funções ocultas que, apesar do seu rigor intelectual, geram formas musicais voluptuosas.
Jaime Reis é professor de Composição e Música Electroacústica na Escola Superior de Música de Lisboa (ESML) e investigador no Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa. É director artístico do Festival DME e do Lisboa Incomum, que desenvolvem uma intensa actividade de investigação e criação de música erudita contemporânea.
A sua música foi tocada em todo o mundo por ensembles e músicos como Christophe Desjardins, Pierre-Yves Artaud, Aida-Carmen Soanea, Ana Telles, ensemble Fractales, Ensemble Horizonte, Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, Machina Lírica, Orchestre de Flûtes Français e Aleph Gitarrenquartett.
Monika Streitová, flautista e Professora na Universidade de Évora
in jaimereis.pt; última actualização: Maio 2020
Sara Carvalho
Sara Carvalho é compositora, professora associada na Universidade de Aveiro e investigadora integrada do INET-md.O seu portfólio inclui mais de 90 obras para instrumento solo, ensemble e orquestra, que exploram gesto, narrativa musical, público enquanto performer e colaboração compositor-performer. Participa activamente na vida académica, integrando júris internacionais e organizando conferências.
As suas obras, regularmente tocadas internacionalmente, são encomendadas de instituições, ensembles e solistas de renome; encontram-se editadas em diversos CDs e são publicadas no Centro de Investigação & Informação da Musica Portuguesa, Babel Scores e Wirripang Pty. Ltd, Austrália. A sua investigação está ainda publicada em revistas e livros, incluindo a Ashgate/SEMPRE e a Imperial College Press.
Miguel Azguime
Distinguido pela sua versatilidade, o universo criativo de Miguel Azguime reflecte uma abordagem que se baseia nas suas capacidades multifacetadas enquanto compositor, performer e poeta, sendo que esta tridimensionalidade desafia concomitantemente uma certa visão quase mística da arte.Os inícios do seu percurso musical são marcados pela participação em várias formações de jazz e improvisação, pelos estudos de percussão com Catarina Latino, Júlio Campos e Gaston Sylvestre, e também pela participação em vários cursos e seminários de composição, por exemplo em Darmstadt, e ainda com Emmanuel Nunes e com Tristan Murail.
Um momento decisivo do seu percurso ocorreu em 1982 através do contacto com o flautista Pierre-Yves Artaud. Assim nasceu o Miso Ensemble, um duo de flauta e percussão, criado por Paula Azguime e Miguel Azguime em 1985, que desde o início se distinguiu pela procura de uma outra forma de fazer música, incluindo o uso de amplificação e de meios electrónicos. A filosofia muito própria do Miso Ensemble reflecte-se no seu nome: MISO, um ingrediente tradicional da culinária japonesa feito a partir de um longo processo de maturação, que vai ao encontro de um ideal de vida, pessoal e colectiva.
A partir dos anos 90 a dupla artística, Paula e Miguel Azguime, começou a desenvolver a sua actividade no estrangeiro em colaboração com outros intérpretes e compositores. Esta foi também a altura em que Miguel Azguime iniciou uma transição na escrita composicional, de uma forma mais livre para uma forma mais rigorosa, com a utilização quase sistemática de meios electrónicos em tempo real. Esta transformação propiciou a sua afirmação enquanto compositor, cuja música e linguagem pessoal é hoje em dia amplamente reconhecida.
Paralelamente à sua actividade criativa Miguel Azguime permanece dedicado à promoção e difusão da música de invenção e pesquisa e em particular de compositores portugueses, tanto como fundador da Miso Music Portugal, como director artístico da editora Miso Records e do Festival Música Viva, e ainda como fundador do Miso Studio e do Sond’Ar-te Electric Ensemble. Em 1995 desenvolveu também a Orquestra de Altifalantes, um projecto dedicado exclusivamente à interpretação da música electroacústica; e ainda em 2003, juntamente com Paula Azguime, fundou o Centro de Investigação & Informação da Música Portuguesa, uma plataforma digital de investigação, preservação, comunicação e base de dados, disponível em www.mic.pt, sobre o património musical português do presente para o passado, incluindo documentos numerosos em vários formatos assim como edição e distribuição de partituras.
No percurso composicional de Miguel Azguime mais um dos momentos decisivos constitui certamente a residência da DAAD em Berlim (2006), contexto que propiciou a criação e produção da ópera multimédia Itinerário do Sal – o culminar de um processo de integração entre escrita poética e escrita musical. Esta obra conduziu a uma nova forma de colaboração criativa no seio do Miso Ensemble, com a implementação e consolidação de processos criativos conjuntos na música, dramaturgia e imagem, iniciados com Paula Azguime para as obras Yuan Zhi Yuan (1997/98), O Centro do Excêntrico do Centro do Mundo (1999/2002) e depois desenvolvidos na ópera infantil A Menina Gotinha de Água (2011) e na ópera A Laugh to Cry (2013).
As ligações entre as múltiplas actividades exercidas por Miguel Azguime, como compositor, poeta e performer, deram origem ao seu interesse pelo domínio que o próprio artista designa por “palavra-sentido / palavra-som”, numa tentativa de aproximação entre a componente semântica e metafórica da palavra e os seus parâmetros sonoros. Esta abordagem é típica não apenas nas suas peças operáticas mas também na música de câmara, instrumental e electroacústica, simultaneamente reflectindo as “viagens iniciáticas“ do compositor no processo de criação de cada obra. Vários traços destes princípios encontram-se na produção mais recente de Miguel Azguime.
Valerio Sannicandro
![]() |
| Ⓒ Annie Waterman |
Profundamente imerso na ideia de espaço, a obra musical de Sannicandro abrange desde peças para solistas até grandes obras orquestrais, incluindo voz, teatro musical com um extenso uso de eletrónica ao vivo, tendo trabalhado no IRCAM, GRM, ZKM, Experimentalstudio Freiburg, ICST Zürich, Tempo Reale Firenze, entre outros. Associado (AAR 2013), Artista-em-Residência na Villa Kujoyama (Kyoto, Japão).
Valerio Sannicandro recebeu vários prémios (Claudio-Abbado-Kompositionspreis da Akademie der Berliner Philharmoniker, Musica Viva Munique em 2002 e 2010, Kranichsteiner Musikpreis em 2000 nos Ferienkurse Darmstadt) e várias encomendas (Bienal de Veneza, Donauschinger Musiktage, entre outras).
Ensemble DME
24 de Outubro (Sexta-Feira) / 24th of October (Friday)
- 21h - Concerto "O Canto das Sementes II" / 9PM - "The Chant of the Seeds II" Concert
Programa / Programme
Cristóvão Almeida: Ringing fillis on swept floors (2025)*
Luana Ambrósio: Gérmen (2025)*
Yanis El-Masri: Flowers & Fire (2025)*
João Ricardo: Shark Wank (2025)*
*Encomenda Projecto DME / *Projecto DME commission
Alex Waite, piano
Ângela Carneiro, violoncelo / cello
Beatriz Costa, violino / violin
Notas de Programa / Programme notes
Luana Ambrósio: Gérmen (2025)
Yanis El-Masri: Flowers & Fire (2025)
João Ricardo: Shark Wank (2025)
Biografias / Biographies
Cristóvão Almeida
Luana Ambrósio
Yanis El-Masri
João Ricardo
Ensemble DME
25 de Outubro (Sábado) / 25th of October (Saturday)
- 14h-17h - Instalação Sonora / 2-5PM - Sound Installation
Arara: Sintropia - Acto de Generosidade (2025)
Barry Yuk Bun Wan: The Past is Before Us (2024)
Diogo Caetano: Natureza Morta (2024)
Iván Ferrer-Orozco: Sheep shearing machine (2014)
Jorge Ramos: Paysage (2021)
Luís Salgueiro: Parroting (2025)
Marco Benetti: Memoria di Dafne (2023)
Marco Dibeltulu: Microclima III (2017)
Vera Carvalho: Sonus I - Tempestatis (2025)
Notas de Programa / Programme notes
Arara: Sintropia - Acto de Generosidade (2025)
Na visão teológica de Hildegard of Bingen “Esse vigor que abraça o mundo é quente, é umedecedor, é firme, é verdejante”, “é para que todas as criaturas possam germinar e crescer”.
“Sintropia – acto de generosidade” sugere uma paisagem sonora para redescobrir o vínculo intrínseco ao sistema de complexidade milenar da biodiversidade, e que propõe o relacionamento inter-espécies, como nuvens de entendimento, entre as linguagens dos que dominam o inaudível, narrando uma linha de tempo indecisa entre o mérito e o presságio.
Na coexistência, a doação é um pequeno Éden por parte dos espíritos falantes, nativos. gentis dadores, inesgotáveis corpos de poesia, entre profundidade e a suprema das alturas.
E por isso, contemplando a existência dos gigantes para os resignificar, transgredindo o congelamento dos corpos do homem e convergindo-os também eles à sua inseparável natureza.
A vós:
ALFARROBEIRA, AMIEIRO, AZEVINHO, AZINHEIRA, BUXO, CARVALHOS, CASTANHEIRO, CHOUPO, DRAGOEIRO, EUCALIPTO, FREIXO, LODÃO-BASTARDO, LOUREIRO, MEDRONHEIRO, NOGUEIRA, OLIVEIRA, PILRITEIRO, PINHEIRO, SALGUEIRO-BRANCO, SOBREIRO, TEIXO, ULMEIRO...
Barry Yuk Bun Wan: The Past is Before Us (2024)
""Reflections on Water and Time""
This electroacoustic work draws inspiration from three photographs by Alfred Chi Keung Ko, interpreting their striking imagery through sound. By combining field recordings, synthesized textures, and live instrument samples, the composition creates an auditory dialogue with the photographs, reflecting their atmospheres and textures.
First Image – ""Strange Passage""
This section evokes the enigmatic mood of the photograph. A gain-like noise is used to replicate the coarse, tactile texture of the image, immersing listeners in its eerie atmosphere. Abstract and mysterious tones, produced with the Otamatone, suggest the presence of children on the bridge, but rather than playful, their sounds heighten the photograph’s mystique, adding an otherworldly quality to the scene.
Second Image – ""The Silent Harbor""
The second section paints an aquatic soundscape, drawing from recordings of underwater currents, splashes of water, and the rhythmic strokes of swimming. These organic elements are layered with electronic sounds, which enhance the solemn, meditative quality of the photograph. The interplay of natural and electronic tones captures the harbor’s vastness and its quiet yet dynamic character.
Third Image – ""Walking in the Flood""
The final movement adopts a cinematic approach, blending the deep, resonant tones of the grand-casa (large drum) with the meditative breath of the shakuhachi (Japanese flute). Together, these elements create a reflective and dramatic atmosphere, evoking the silent determination of figures wading through water. The rhythmic interplay mirrors the visual textures and patterns, further enhancing the immersive experience.
This composition transforms Alfred Chi Keung Ko’s visual art into an intricate auditory journey. By emphasizing the textures, emotions, and enigmatic narratives of the photographs, the piece invites listeners to reflect on their interplay of stillness, movement, and time.
Diogo Caetano: Natureza Morta (2024)
As Árvores por onde este vento passou já não existem.
O Prado onde estas ovelhas pastaram já não existe.
O Grande Sobreiro onde estes pássaros cantaram já não existe.
Esta Paisagem já não existe.
Gravações de Campo nos terrenos em volta das Ilhas de Arriolos (fim de 2023, início de 2024)
Órgão Eléctrico - Crumar Toccata
4 Canais
Iván Ferrer-Orozco: Sheep shearing machine (2014)
On my sound gardens, I use material recorded at places where I stay for a while or that I periodically visit. In this case, the material was recorded at a very small and charming town in the province of Burgos, Spain, from where my father in law comes from and that I visit every year on spring and summer: Olmillos de Sasamón. Being along the year one of the coldest regions of Spain, when the good weather comes in later May everything changes, the town triples its population and the nature explodes. It’s also time to shear the sheep.
Jorge Ramos: Paysage (2021)
Dennis Smalley (b. 1946) defines source bonding as the natural tendency to relate sounds to supposed sources and causes and to relate sounds to each other because they appear to have shared or associated origins. Thus, bonding play is an inherent perceptual activity.
Consequently, I began to rethink how and what to think about ‘sound’ and its behaviour, and most importantly, to hear ‘sound’ differently. This self-reflection on my sonic somatic knowledge led to a broader perspective on what I, as a composer and researcher, should consider sound as music. Hence, I wrote Paysage, a soundscape piece based on the processing of the sounds that surrounded me during the writing process. This effect was enhanced by the imposed limitations during confinement, which meant that I had to share the same house to work and to live in, which made me realize how musical sound is constantly all around us.
Luís Salgueiro: Parroting (2025)
Estes registos foram gravados nos dias 5 e 10 de agosto de 2025, no topo do Monte Brasil, em Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. Os sons mais prevalentes — os seus sons ""_keynote_"" — são os das aves que habitam o cume, e que coroam aquele belo trilho na natureza: _Fringilla moreletti_ (tentilhão-dos-açores, endémico e exclusivo das ilhas), uma variedade de aves de médio porte e, especialmente, papagaios e araras, que emprestam à area uma exuberância mais próxima do Brasil que dá o nome à montanha. Somos imersos numa paisagem sonora complexa e articulada. Perto dali, miradouros oferecem vistas de um oceano sem horizonte. A temperatura e a humidade assemelham-se às da pele humana, ajudando a dissolver o nosso sujeito numa sensação ""oceânica"" de unidade com o mundo. Verdadeiramente, um paraíso na Terra.
Só que estas aves — precisamente essas mais exuberantes — estão engaioladas. Junto à gaiola, uma placa: os ""pássaros falantes"". Os visitantes tentam, repetidamente, elicitar deles palavras (linguagem, a mais humana das características).
Num glossário que acompanha a edição definitiva e expandida do seu texto seminal de 1977, _The Tuning of the World_, R. Murray Shaefer oferece a seguinte definição concisa de ecologia acústica: ""o estudo dos efeitos do ambiente acústico, da paisagem sonora, nas respostas físicas ou características comportamentais das criaturas que nela vivem. O seu objectivo específico é chamar a atenção para desequilíbrios que podem ter efeitos prejudiciais ou hostis"". Ao traçar a evolução do nosso ambiente acústico através das relações de produção e organização económica (com uma nítida divisão paradigmática entre paisagens sonoras ""primeiras"" e ""pós-industriais""), deixa evidente a origem antropogénica dessas mudanças.
Assim, ao mesmo tempo que articula um dos principais tropos desta ""primeira"" paisagem sonora natural — o canto dos pássaros —, esta gravação funciona, na verdade, como uma _mise en scène_ estilizada da nossa intervenção no meio ambiente. Como alegoria (isto é, como representação), acaba por se focar naturalmente na linguagem — na mimese como mecanismo intrínseco do ego, precariamente equilibrado entre a alteridade e a violência da auto-reprodução no Outro, ou talvez no uso da linguagem como ferramenta _imperial_ (termo a que Schafer não se esquivava). De qualquer modo, estes usos da linguagem representam metonimicamente todos os ""efeitos prejudiciais ou hostis"" da nossa relação com o metabolismo ambiental.
Esta é, assim, uma interpretação incrivelmente literal das ""relações comunicacionais"", expressas através de informação acústica, como um dos principais materiais e preocupações da ecologia acústica, na proposta de Truax. Ainda assim, essa interpretação, juntamente com a estrutura alegórica desta paisagem sonora e os materiais linguísticos óbvios, devem (espero) realçar ainda mais as alternativas oferecidas pela peça (muito esperançosas, muito românticas e na fronteira do ingénuo) a esta relação hostil com o meio: uma reversão do fluxo mimético (do animal para o humano) como uma dinâmica diferente de coabitação; vocalização, o canto e a música como actividades de devir; a arte como arena de articulação ecosófica entre o ambiente, o social e a subjectividade.
Estes registos foram gravados nos dias 5 e 10 de agosto de 2025, no topo do Monte Brasil, em Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. Os sons mais prevalentes — os seus sons ""_keynote_"" — são os das aves que habitam o cume, e que coroam aquele belo trilho na natureza: _Fringilla moreletti_ (tentilhão-dos-açores, endémico e exclusivo das ilhas), uma variedade de aves de médio porte e, especialmente, papagaios e araras, que emprestam à area uma exuberância mais próxima do Brasil que dá o nome à montanha.
Tal como acontece com todos os meios que brincam com a extracção de material de um local real para um ""não-local"" de produção cultural e artística (uma expressão do artista Robert Smithson, pioneiro da Land art, uma prática com a qual o _soundscaping_ tem muitas afinidades), as gravações em campo indexam continuamente a sua origem. Assim, ouvir esta gravação pode (talvez _deva_) significar ouvir _todo_ o Monte Brasil. A Terceira tem sido um ponto geoestratégico chave durante toda a habitação portuguesa na ilha. Subir o vulcão extinto e chegar até estas aves é peregrinar ao longo de uma via sacra de fortalezas militares em ruínas — exceto aquela que ainda está em funcionamento, e que funciona há tanto tempo que tem para contar ter recebido o exílio de Gungunhana, último rei de Gaza, deposto quando o império colonial português lutava para ""pacificar"" Moçambique e estabelecer uma tardia ocupação _de facto_ em território africano. Somos banhados por uma paisagem sonora complexa e articulada. Perto dali, miradouros oferecem vistas de um oceano sem horizonte, ladeados por estruturas de artilharia da época da Primeira Guerra Mundial. A temperatura e a humidade assemelham-se às da pele humana, ajudando a dissolver o nosso sujeito numa sensação ""oceânica"" de unidade com o mundo. Há uma gaiola. As araras estão agitadas; os papagaios, só deprimidos. A ilha continua a figurar nos acontecimentos mais significativos da história militar contemporânea. Verdadeiramente, um paraíso na Terra.
Marco Benetti: Memoria di Dafne (2023)
The myth of Apollo and Daphne is not a love story. It is a tale of violence, albeit induced by the revenge of Eros derided. The sun God's attempt to overpower the nymph daughter of the river Peneus is the current stained act that seeks to overwhelm everything that does not conform to his will. Daphne performs an act of freedom, of self-determination, escaping the rules that dictated her destiny of being a woman, a submissive creature. However, the choice of freedom requires a sacrifice: losing oneself to be reborn in a new form.
[...] quoque Phoebus amat positaque in stipite dextra sentit adhuc trepidare novo sub cortice pectus [...]
[...] so Phoebus loves she and, resting his right hand on the trunk, he still feels trembling in her chest under that new bark [...]
Publio Ovidio Nasone, Metamorphosĕon Libri XV - Liber I - vv. 553 - 554
In the metamorphosis Daphne continues to live clad in the bark of the newborn laurel, but if Phoebus feels her trembling from outside, what does she feel from inside?
Marco Dibeltulu: Microclima III (2017)
The piece was born thanks to a commission of the Amici della Musica di Cagliari. Through the union of two projects, Tradition and Modernity and Erasmus Plus - The soundscape we live in, the association wants to enhance the identity sound heritage of Sardinia by recording the sounds of the “Festa di Sant’Efisio”, the most important religious procession on the island. The sound material was then given to five composers who produced electroacoustic pieces on the main themes of the feast, which were subsequently proposed in multi-channel installations on various occasions. Specifically, this composition is dedicated to “Traccas”, carts decorated with work tools in the fields and typical products of Sardinian gastronomy, pulled by oxen and with on board men, women and children dressed in traditional clothes that sing the typical religious melodies. The piece let the listener to live the experience of the feast only through the sounds, normally subordinated to the images, thus exposing it to an evocative soundscape.
Vera Carvalho: Sonus I - Tempestatis (2025)
"Sonus I – Tempestatis" é uma obra de arte sonora que invoca a natureza e conduz o ouvinte numa viagem por uma paisagem de sons, baseada, essencialmente, na instabilidade atmosférica de uma tempestade. Num conjunto de diversas sensações, entre a calma e a agitação, esta é uma peça em que o trabalho individual de cada som e o trabalho do som em stereo conferem uma nova dimensão à perceção dos fenómenos naturais retratados, transmitindo uma aproximação, quase real, à natureza.
Biografias / Biographies
Arara
ARARA é o renascimento de um corpo de intenções para consigo mesma e, por consequência, o mundo, alimentado pelo reconhecimento e superação de auto-limitações.
Arara, reconhece na sua prática multidisciplinar, a necessidade de improvisação regular onde a voz é, ao mesmo tempo, tela e pincel em câmara lenta. Mais recentemente, ancorada nas múltiplas possibilidades dos diálogos abertos entre imagem, palavra, som e performance, como cruzamento que a catapulta para a liberdade e realização criativa e espiritual.
Barry Yuk Bun Wan
Barry Yuk Bun Wan is a Czech-based composer, sonic artist, guitarist, and a versatile musician whose works span a wide range of genres and media. His music and research have been performed and published internationally across the USA, Canada, Mexico, Brazil, Ecuador, Russia, Sweden, Belarus, Serbia, Italy, the Czech Republic, Slovakia, Poland, Portugal, Spain, Austria, Germany, Belgium, England, Japan, Taiwan, Hong Kong, Thailand, and Malaysia.
He has received numerous awards and recognitions, including First Prize at Musica Nova 2018, and has been featured at prominent international festivals, symposiums, and competitions such as PAYSAGES | COMPOSÉS 2023, 2025 (France) and the Penn State University International New Music Festival and Symposium (USA).
His academic journey spans several renowned institutions, including the Janáček Academy of Music and Performing Arts in Brno, the Academy of Performing Arts in Prague, Jan Evangelista Purkyně University in Ústí nad Labem, the University of London, the London College of Music, Berklee College of Music, and Arizona State University.
He is currently a lecturer in the Intermedia Art Studio at Anglo-American University and is pursuing his second Ph.D. at the Faculty of Education, University of West Bohemia.
Diogo Caetano
Diogo Caetano é Músico e Director de Som.
Cresceu e vive na aldeia de Ilhas no concelho de Arraiolos.
Trabalhou como responsável da direção, design, composição e produção de som para as séries documentais “Dar a Ver” e “À Nossa Guarda” do Museu Nacional de Arte Antiga ambas amplamente premiadas. Incluindo com o Prémio Património Ibérico na categoria de Melhor Estratégia de Comunicação.
Fez direção de som no filme “Bunker: ou contos que ouvi antes do mundo acabar” premiado com a distinção de Melhor Filme Português no Fantasporto 2020.
Expôs no edifício dos Leões da Fundação Santander Portugal e foi professor de Cinema e Multimédia na Escola Artística António Arroio.
Prepara agora o seu novo LP abordando o tema da perda do espaço natural alentejano, a sua relação com o que esse espaço foi, e o que sobra.
Iván Ferrer-Orozco
Iván Ferrer-Orozco is a composer, electronic media performer and electronic music designer. His music has been performed extensively at festivals and by ensembles from Mexico, Spain, Canada, Argentina, Ecuador, Chile, South Korea, Vietnam, Japan, the USA, Germany, Portugal, France, Hong Kong, Italy and Cyprus. He has been an artist-in-residence at institutions including: Akademie der Künste Berlin, Schleswig-Holsteinisches Künstlerhaus, Residencia de Estudiantes, Camargo Foundation, MacDowell Colony, Djerassi, Hooyong Performing Arts Centre, ARTos Foundation, Ibermúsicas, I-Portunus, Conseil des Arts et Lettres du Québec, and more. He performs regularly as a soloist and as a sideman with artists and ensembles from Spain and abroad. In 2019 and 2024, he was appointed by the Mexican government to the Sistema Nacional de Creadores de Arte, a national programme that recognises outstanding artists from all disciplines. In 2021, the International Computer Music Association awarded him the Best Music Award.
Jorge Ramos
| © Teresa Projecto |
Commissioners and partners for Dr. Ramos’ work extend beyond the concert hall to major international soloists and bodies such as Arte no Tempo, Banda Sinfónica Portuguesa, Braga Media Arts, Braga ’27, Calouste Gulbenkian Foundation, Casa da Animação, Cat’s Cradle Collective, Frederic Cardoso, gnration, Kotsanas Museum of Ancient Greek Technology, London Philharmonic Orchestra, ORA Singers, Orquestra Clássica do Centro, RE:FLUX ’16 Festival, Ricardo Pires, RTP/Antena 2, Sónia Oliveira, The Hermes Experiment, UNDERSCORE Film Festival.
He is the recipient of some prominent fellowships, grants, and prizes awarded by the Academia de Flauta de Verão, Caixa Geral de Depósitos, Calouste Gulbenkian Foundation, Escola Superior de Música de Lisboa, Festival Internacional de Órgão de Braga, Fernando Otero, Fundação da Juventude, Fundação Gestão dos Direitos dos Artistas, Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Help Musicians, iMelody Music Club, Leões de Portugal, Miso Music Portugal, Orquestra Clássica do Centro, Banda Sinfónica Portuguesa, Royal College of Music London, Royal Music Association, RTP/Antena 2, Sociedade Portuguesa de Autores, Tomaribando, The ACTOR Project, The National Flute Association and Portuguese Republic — Ministry of Culture.
Jorge has had roles in various esteemed residencies, programs, mentorships, and composer schemes, including the ENOA Composers Residency (2017) with the Gulbenkian Orchestra and Conductor Nuno Coelho, the Jovens Compositores programme (2018-19) at Estúdios Victor Córdon under the guidance of Luís Tinoco and Victor Hugo Pontes, and Compota 2019 by Sentidos Ilimitados, mentored by Paula Pinto at Biblioteca de Marvila. More recently, he joined the London Philharmonic Orchestra's Young Composers Programme (2024/25), mentored by Pulitzer Prize-winning composer and conductor Tania León, and participated in the ORA Singers Graduate Composers Showcase (2024) under Suzi Digby OBE, where his choral work Munda Me premiered. He also took part in the TalentLAB '24 program at Les Théâtres de la Ville de Luxembourg with YUM!, mentored by Alexandra Lacroix, and was a mentee in the ACTOR Mentorship Program (2021–2023), working with renowned mentors such as Ichiro Fujinaga and Pulitzer Prize winner Roger Reynolds.
He has a particular interest in perception and psychoacoustics. His current musical approach explores the intersection of technology and orchestration/timbral blend, with a focus on intuitive electronic-informed orchestration, instrumental synthesis, computer-assisted orchestration, machine learning, and artificial intelligence. More recently, his work embraces an interdisciplinary hybrid aesthetic that juxtaposes these advanced methods with vintage textures, noir atmospheres, and artistic influences drawn from both past and present. Deeply inspired by the eclectic energy of SOHO-like environments, he finds creative fuel in the collision of eras and the sensory overstimulation of urban life — a curated chaos that mirrors the hybridity of his sonic language. Dr. Ramos aims to push the boundaries of sonic experience and craft new immersive, multi-sensory auditory environments.
Jorge Ramos holds degrees from Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, Escola Superior de Música de Lisboa, and a Doctorate in Music Composition granted by the prestigious Royal College of Music London. He currently serves as a collaborator on contemporary music research at CESEM - Centro de Estudos em Música (PT).
His upcoming projects include An Aria for the Mallard, a collaborative installation with visual artist Rosana Antolí and soprano Claire Rocha Santos, commissioned by the Calouste Gulbenkian Foundation. In addition, he is composing Music for a Greek Museum, a new sound work for the Kotsanas Museum of Ancient Greek Technology (2025–2026), commissioned by the museum as part of the EUROMUSE Project. The work is designed to sonically unify the museum’s exhibitions and will be part of the permanent collection, accompanied by an album release and online concerts.
Luís Salgueiro
Luís Salgueiro is a composer of instrumental, electronic, and mixed music. His works — often characterized by timbral and syntactical exuberance — take inspiration from and interact with concepts drawn from a wide range of fields such as literature, philosophy, computer science, and cybernetics. His most characteristic pieces often include open structural elements that highlight subjective and intersubjective disambiguation and decision-making in musical performance. Recent commissions include pieces for the Sond-Ar’te Electric Ensemble and ars ad hoc.
His music has been performed in Germany, the United States, and across Portugal’s most important venues, including the Calouste Gulbenkian Foundation, Casa da Música’s Sala Suggia, the Main Hall of the National Conservatoire, Palácio da Ajuda, Teatro Aveirense, and Forum Luísa Todi. He has participated in the European Network of Opera Academies, developing work with the Gulbenkian Foundation as well as with the Theaterakademie August Everding, in cooperation with JOiN at the Staatsoper Stuttgart.
Luís holds a Master’s degree in Composition from the Hochschule für Musik, Theater und Medien Hannover, where he studied with Ming Tsao, Gordon Williamson, and Joachim Heintz as a DAAD scholar. Following his studies, he was granted the Stipendium für innovative Musikkompositionen by the Niedersächsisches Ministerium für Wissenschaft und Kultur. He completed his Bachelor’s at the Escola Superior de Música de Lisboa under the guidance of António Pinho Vargas, Carlos Marecos, and Luís Tinoco. He sits on the board and serves as co-artistic director of MPMP Património Musical Vivo, an international network of musicians dedicated to the diffusion and study of music from the Western Classical tradition in Portuguese-speaking countries. In addition to his creative work, he has developed significant work in the fields of music engraving and editing, with a particular emphasis on contemporary music, having contributed to distinguished European publishing houses such as Peters, Casa Ricordi, and Durand – Salabert – Eschig.
Marco Benetti
Marco Benetti is a composer and musicologist. His compositional activity has led him to present projects at international festivals such as Biennale Musica (Venice), ManiFeste (IRCAM - Centre Pompidou), IMPULS (Kunstuniversität Graz), Festival Mixtur (Barcelona), Macerata Opera Festival, , Festival 5 Giornate (Milan) and to collaborate among others with Ensemble InterContemporain, Ensemble Recherche, Divertimento Ensemble, Schallfeld Ensemble, ACRHOME Ensemble, ContempoartEnsemble. He teaches Theory of harmony and analysis at the G. B. Pergolesi Conservatory in Fermo (Marche, Italy). His music is published by BabelScores. He is interested in sound as an unstable, fluctuating, queer phenomenon.
Marco Dibeltulu
Marco Dibeltulu (Alghero, Italy, 1971) studied at the Conservatory of Cagliari Composition, Choral Music and Electronic Music (with Francesco Giomi, Sylviane Sapir and Elio Martusciello). He teaches Musical Technologies at the Liceo Musicale “D. A. Azuni” of Sassari.
His compositions have been selected in many competitions, as 24th International Electronic Music Competition “Luigi Russolo” – Varese; CALL 2006, 2014 – Federazione CEMAT, Rome; 6th International Computer Music Competition “Pierre Schaeffer” 2007 (1st Prize) – Pescara; 360 degrees of 60x60 – Vox Novus, New York City; ICMC 2012 – Ljubljana; NYCEMF 2014, 2015 - New York City Electroacoustic Music Festival; MA/IN 2017 - MAtera INtermedia Festival – Matera; Soundcinema Düsseldorf 2022 (1st Prize); The San Francisco Tape Music Festival 2023, 2025.
He performed at Festivals: Synthèse – Bourges; Zeppelin 2008 – Barcelona; Primavera en La Habana 2008; Audio Art Circus 2008 – Osaka; AKOUSMA XV - AKOUSMA_INTERNATIONAL – Montréal; Audio Art 2021 (CIME) – Kraków; Autumn Waves Festival - Project(ion) Room – Brussels.
Vera Carvalho
Vera Carvalho, natural do Porto, é uma compositora e instrumentista (guitarra clássica), cujo trabalho artístico se destaca em diversas áreas. Frequenta a Licenciatura em Composição na Escola Superior de Música de Lisboa e, ao longo do seu percurso musical, foi aluna de reconhecidos compositores portugueses, como Daniel Martinho e Sérgio Azevedo. Já teve obras estreadas e apresentadas em palcos nacionais, como o Lisboa Incomum (Lisboa) e a Fundação Serralves (Porto), e também internacionais, como na Duke University Chappell (Durham), nos Estados Unidos.
- 18h - Concerto-Conferência / 6PM - Concert-Conference
Auditório Christopher Bochmann, Colégio Mateus d'Aranda
Paisagem Sonora Natural e Património Imaterial do Alentejo
com Carlos Marecos e Ana Telles
Programa / Programme
Carlos Marecos: A Casa do Cravo (2019)*
*Encomenda Projecto DME / *Projecto DME commission
Ana Telles, piano
Notas de Programa / Programme notes
Carlos Marecos: A Casa do Cravo (2019)
Esta é uma peça que se inspira na paisagem alentejana, no vazio, no silêncio, nos sinos que interrompem o silêncio. Por outro lado, surgem as memórias do 25 de Abril de 1974, presentes na parte central da peça, onde são escutadas na eletrónica reportagens de rádio nas ruas e citadas, através de pequenos excertos, canções do Sérgio Godinho, José Mário Branco, dos GAC e do Zeca Afonso, a partir de gravações de 1974-75, feitas por mim em fita, pelos meus 11 anos, entretanto recuperadas.
O piano é modulado em anel, em tempo real, e foram ainda incluídos alguns materiais de paisagens sonoras de locais de trabalho, que partilham a textura com o piano, a partir de captações de um tear por Marc Favre e de sons gerados numa torre industrial de queima de combustíveis, captados por Hugo Paquete no âmbito do projecto Erasmus+ “A Paisagem Sonora em que Vivemos”, com a colaboração do Projecto DME.
A peça remete ainda, de forma subtil, para um episódio em 1979, onde dois habitantes foram mortos num conflito na altura da restituição de terras, no final do período da reforma agrária no Alentejo, uma região que viveu intensamente esse período e que ainda guarda esses momentos nas suas memórias, onde uma das casas em Santiago de Escoural conserva ainda um cravo pintado na sua fachada, desde o 25 de abril desde 74 até hoje. No final, essas memórias diluem-se na paisagem sonora alentejana.
Desde essa altura muitas utopias se esfumaram, mas ficou a memória de milhares de pessoas nas ruas que puderam experienciar a liberdade a passar pelas suas vidas, de uma forma talvez exagerada e sôfrega, mas genuína; tudo era muito urgente… Como diz o Sérgio Godinho numa das suas canções: “Esperar tantos anos torna tudo mais urgente”
É, assim, na alegria e na melancolia de revisitar esse período, que esta peça se inspira.
Como disse também uma vez o José Mário Branco: “Valeu a pena tanta luta? Sim, Valeu…”
Biografias / Biographies
Carlos Marecos
Ana Telles
Ana Telles estudou em Lisboa, Nova Iorque e Paris, tendo-se doutorado na Universidade de Paris IV - Sorbonne (França).Mantém intensa actividade concertística, na Europa, na Ásia e nas Américas, tendo sido solista com diversas orquestras nacionais e internacionais. A sua discografia conta actualmente com mais de vinte e cinco títulos, compreendendo CD’s monográficos, gravações a solo com orquestra e integrada em grupo de música de câmara.
Enquanto investigadora integrada do CESEM, desenvolve investigação nos domínios da Música dos sécs. XX e XXI, Música Portuguesa - Períodos Moderno/Contemporâneo, Música para Piano. É autora de um número significativo de capítulos de livros, artigos em revistas indexadas e edições musicais, incluindo uma edição crítica dos Prelúdios para piano de Luís de Freitas Branco.
Ana Telles é Professora Catedrática e Vice-Reitora para a Cultura e Comunidade da Universidade de Évora.
26 de Outubro (Domingo) / 26th of October (Sunday)
- 10h-13h - Workshop com Jaime Reis / 10AM-1PM - Workshop with Jaime Reis
Workshop: Escutar, registar, transformar os sons das árvores
com Jaime Reis
Destinado a um público em geral, trata-se a uma introdução ao acusmónio DME/Lisboa Incomum montado no Palácio D. Manuel, onde os participantes poderão experienciar o sistema a partir de exemplos do repertório acusmático inspirado em paisagens sonoras naturais.
Formulário de inscrição aqui. / Sign up form here.
Ficha Técnica
João Proença, Técnico de sistema de acusmónio e otimização de sistema
Mariana Vieira, Desenho de sistema de acusmónio
Biografias / Biographies
Jaime Reis
| © Sofia Nunes |
Jaime Reis (n. 1983) é um compositor português.
Estudou Composição e Música Electroacústica com João Pedro Oliveira, Emmanuel Nunes e K. Stockhausen. Continuou os seus estudos de doutoramento na Universidade Nova de Lisboa em Etnomusicologia.
O pensamento musical de Jaime Reis é informado pelo seu grande interesse pela investigação em ciências naturais e pela sua permanente atenção às tradições musicais - e, de facto, espirituais - asiáticas.
Um dos seus focos é a dinâmica das formas, forças e fluxos em música. Explora percursos polifónicos espaciais através de sistemas de som imersivos em forma de cúpula.
Outra característica marcante da sua música é a presença de conceitos complexos que sustentam a construção das suas peças, muito embora não distraindo o ouvinte da sua beleza sensível. As ideias funcionam como funções ocultas que, apesar do seu rigor intelectual, geram formas musicais voluptuosas.
Jaime Reis é professor de Composição e Música Electroacústica na Escola Superior de Música de Lisboa (ESML) e investigador no Instituto de Etnomusicologia da Universidade Nova de Lisboa. É director artístico do Festival DME e do Lisboa Incomum, que desenvolvem uma intensa actividade de investigação e criação de música erudita contemporânea.
A sua música foi tocada em todo o mundo por ensembles e músicos como Christophe Desjardins, Pierre-Yves Artaud, Aida-Carmen Soanea, Ana Telles, ensemble Fractales, Ensemble Horizonte, Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, Machina Lírica, Orchestre de Flûtes Français e Aleph Gitarrenquartett.
Monika Streitová, flautista e Professora na Universidade de Évora
in jaimereis.pt; última actualização: Maio 2020
- 14h-17h - Instalação Sonora / 2-5PM - Sound Installation
Coreto do Jardim Público de Évora
Arara: Sintropia - Acto de Generosidade (2025)
Barry Yuk Bun Wan: The Past is Before Us (2024)
Diogo Caetano: Natureza Morta (2024)
Iván Ferrer-Orozco: Sheep shearing machine (2014)
Jorge Ramos: Paysage (2021)
Luís Salgueiro: Parroting (2025)
Marco Benetti: Memoria di Dafne (2023)
Marco Dibeltulu: Microclima III (2017)
Vera Carvalho: Sonus I - Tempestatis (2025)
Notas de Programa / Programme notes
Arara: Sintropia - Acto de Generosidade (2025)
Na visão teológica de Hildegard of Bingen “Esse vigor que abraça o mundo é quente, é umedecedor, é firme, é verdejante”, “é para que todas as criaturas possam germinar e crescer”.
“Sintropia – acto de generosidade” sugere uma paisagem sonora para redescobrir o vínculo intrínseco ao sistema de complexidade milenar da biodiversidade, e que propõe o relacionamento inter-espécies, como nuvens de entendimento, entre as linguagens dos que dominam o inaudível, narrando uma linha de tempo indecisa entre o mérito e o presságio.
Na coexistência, a doação é um pequeno Éden por parte dos espíritos falantes, nativos. gentis dadores, inesgotáveis corpos de poesia, entre profundidade e a suprema das alturas.
E por isso, contemplando a existência dos gigantes para os resignificar, transgredindo o congelamento dos corpos do homem e convergindo-os também eles à sua inseparável natureza.
A vós:
ALFARROBEIRA, AMIEIRO, AZEVINHO, AZINHEIRA, BUXO, CARVALHOS, CASTANHEIRO, CHOUPO, DRAGOEIRO, EUCALIPTO, FREIXO, LODÃO-BASTARDO, LOUREIRO, MEDRONHEIRO, NOGUEIRA, OLIVEIRA, PILRITEIRO, PINHEIRO, SALGUEIRO-BRANCO, SOBREIRO, TEIXO, ULMEIRO...
Barry Yuk Bun Wan: The Past is Before Us (2024)
""Reflections on Water and Time""
This electroacoustic work draws inspiration from three photographs by Alfred Chi Keung Ko, interpreting their striking imagery through sound. By combining field recordings, synthesized textures, and live instrument samples, the composition creates an auditory dialogue with the photographs, reflecting their atmospheres and textures.
First Image – ""Strange Passage""
This section evokes the enigmatic mood of the photograph. A gain-like noise is used to replicate the coarse, tactile texture of the image, immersing listeners in its eerie atmosphere. Abstract and mysterious tones, produced with the Otamatone, suggest the presence of children on the bridge, but rather than playful, their sounds heighten the photograph’s mystique, adding an otherworldly quality to the scene.
Second Image – ""The Silent Harbor""
The second section paints an aquatic soundscape, drawing from recordings of underwater currents, splashes of water, and the rhythmic strokes of swimming. These organic elements are layered with electronic sounds, which enhance the solemn, meditative quality of the photograph. The interplay of natural and electronic tones captures the harbor’s vastness and its quiet yet dynamic character.
Third Image – ""Walking in the Flood""
The final movement adopts a cinematic approach, blending the deep, resonant tones of the grand-casa (large drum) with the meditative breath of the shakuhachi (Japanese flute). Together, these elements create a reflective and dramatic atmosphere, evoking the silent determination of figures wading through water. The rhythmic interplay mirrors the visual textures and patterns, further enhancing the immersive experience.
This composition transforms Alfred Chi Keung Ko’s visual art into an intricate auditory journey. By emphasizing the textures, emotions, and enigmatic narratives of the photographs, the piece invites listeners to reflect on their interplay of stillness, movement, and time.
Diogo Caetano: Natureza Morta (2024)
As Árvores por onde este vento passou já não existem.
O Prado onde estas ovelhas pastaram já não existe.
O Grande Sobreiro onde estes pássaros cantaram já não existe.
Esta Paisagem já não existe.
Gravações de Campo nos terrenos em volta das Ilhas de Arriolos (fim de 2023, início de 2024)
Órgão Eléctrico - Crumar Toccata
4 Canais
Iván Ferrer-Orozco: Sheep shearing machine (2014)
On my sound gardens, I use material recorded at places where I stay for a while or that I periodically visit. In this case, the material was recorded at a very small and charming town in the province of Burgos, Spain, from where my father in law comes from and that I visit every year on spring and summer: Olmillos de Sasamón. Being along the year one of the coldest regions of Spain, when the good weather comes in later May everything changes, the town triples its population and the nature explodes. It’s also time to shear the sheep.
Jorge Ramos: Paysage (2021)
Dennis Smalley (b. 1946) defines source bonding as the natural tendency to relate sounds to supposed sources and causes and to relate sounds to each other because they appear to have shared or associated origins. Thus, bonding play is an inherent perceptual activity.
Consequently, I began to rethink how and what to think about ‘sound’ and its behaviour, and most importantly, to hear ‘sound’ differently. This self-reflection on my sonic somatic knowledge led to a broader perspective on what I, as a composer and researcher, should consider sound as music. Hence, I wrote Paysage, a soundscape piece based on the processing of the sounds that surrounded me during the writing process. This effect was enhanced by the imposed limitations during confinement, which meant that I had to share the same house to work and to live in, which made me realize how musical sound is constantly all around us.
Luís Salgueiro: Parroting (2025)
Estes registos foram gravados nos dias 5 e 10 de agosto de 2025, no topo do Monte Brasil, em Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. Os sons mais prevalentes — os seus sons ""_keynote_"" — são os das aves que habitam o cume, e que coroam aquele belo trilho na natureza: _Fringilla moreletti_ (tentilhão-dos-açores, endémico e exclusivo das ilhas), uma variedade de aves de médio porte e, especialmente, papagaios e araras, que emprestam à area uma exuberância mais próxima do Brasil que dá o nome à montanha. Somos imersos numa paisagem sonora complexa e articulada. Perto dali, miradouros oferecem vistas de um oceano sem horizonte. A temperatura e a humidade assemelham-se às da pele humana, ajudando a dissolver o nosso sujeito numa sensação ""oceânica"" de unidade com o mundo. Verdadeiramente, um paraíso na Terra.
Só que estas aves — precisamente essas mais exuberantes — estão engaioladas. Junto à gaiola, uma placa: os ""pássaros falantes"". Os visitantes tentam, repetidamente, elicitar deles palavras (linguagem, a mais humana das características).
Num glossário que acompanha a edição definitiva e expandida do seu texto seminal de 1977, _The Tuning of the World_, R. Murray Shaefer oferece a seguinte definição concisa de ecologia acústica: ""o estudo dos efeitos do ambiente acústico, da paisagem sonora, nas respostas físicas ou características comportamentais das criaturas que nela vivem. O seu objectivo específico é chamar a atenção para desequilíbrios que podem ter efeitos prejudiciais ou hostis"". Ao traçar a evolução do nosso ambiente acústico através das relações de produção e organização económica (com uma nítida divisão paradigmática entre paisagens sonoras ""primeiras"" e ""pós-industriais""), deixa evidente a origem antropogénica dessas mudanças.
Assim, ao mesmo tempo que articula um dos principais tropos desta ""primeira"" paisagem sonora natural — o canto dos pássaros —, esta gravação funciona, na verdade, como uma _mise en scène_ estilizada da nossa intervenção no meio ambiente. Como alegoria (isto é, como representação), acaba por se focar naturalmente na linguagem — na mimese como mecanismo intrínseco do ego, precariamente equilibrado entre a alteridade e a violência da auto-reprodução no Outro, ou talvez no uso da linguagem como ferramenta _imperial_ (termo a que Schafer não se esquivava). De qualquer modo, estes usos da linguagem representam metonimicamente todos os ""efeitos prejudiciais ou hostis"" da nossa relação com o metabolismo ambiental.
Esta é, assim, uma interpretação incrivelmente literal das ""relações comunicacionais"", expressas através de informação acústica, como um dos principais materiais e preocupações da ecologia acústica, na proposta de Truax. Ainda assim, essa interpretação, juntamente com a estrutura alegórica desta paisagem sonora e os materiais linguísticos óbvios, devem (espero) realçar ainda mais as alternativas oferecidas pela peça (muito esperançosas, muito românticas e na fronteira do ingénuo) a esta relação hostil com o meio: uma reversão do fluxo mimético (do animal para o humano) como uma dinâmica diferente de coabitação; vocalização, o canto e a música como actividades de devir; a arte como arena de articulação ecosófica entre o ambiente, o social e a subjectividade.
Estes registos foram gravados nos dias 5 e 10 de agosto de 2025, no topo do Monte Brasil, em Angra do Heroísmo, ilha Terceira, Açores. Os sons mais prevalentes — os seus sons ""_keynote_"" — são os das aves que habitam o cume, e que coroam aquele belo trilho na natureza: _Fringilla moreletti_ (tentilhão-dos-açores, endémico e exclusivo das ilhas), uma variedade de aves de médio porte e, especialmente, papagaios e araras, que emprestam à area uma exuberância mais próxima do Brasil que dá o nome à montanha.
Tal como acontece com todos os meios que brincam com a extracção de material de um local real para um ""não-local"" de produção cultural e artística (uma expressão do artista Robert Smithson, pioneiro da Land art, uma prática com a qual o _soundscaping_ tem muitas afinidades), as gravações em campo indexam continuamente a sua origem. Assim, ouvir esta gravação pode (talvez _deva_) significar ouvir _todo_ o Monte Brasil. A Terceira tem sido um ponto geoestratégico chave durante toda a habitação portuguesa na ilha. Subir o vulcão extinto e chegar até estas aves é peregrinar ao longo de uma via sacra de fortalezas militares em ruínas — exceto aquela que ainda está em funcionamento, e que funciona há tanto tempo que tem para contar ter recebido o exílio de Gungunhana, último rei de Gaza, deposto quando o império colonial português lutava para ""pacificar"" Moçambique e estabelecer uma tardia ocupação _de facto_ em território africano. Somos banhados por uma paisagem sonora complexa e articulada. Perto dali, miradouros oferecem vistas de um oceano sem horizonte, ladeados por estruturas de artilharia da época da Primeira Guerra Mundial. A temperatura e a humidade assemelham-se às da pele humana, ajudando a dissolver o nosso sujeito numa sensação ""oceânica"" de unidade com o mundo. Há uma gaiola. As araras estão agitadas; os papagaios, só deprimidos. A ilha continua a figurar nos acontecimentos mais significativos da história militar contemporânea. Verdadeiramente, um paraíso na Terra.
Marco Benetti: Memoria di Dafne (2023)
The myth of Apollo and Daphne is not a love story. It is a tale of violence, albeit induced by the revenge of Eros derided. The sun God's attempt to overpower the nymph daughter of the river Peneus is the current stained act that seeks to overwhelm everything that does not conform to his will. Daphne performs an act of freedom, of self-determination, escaping the rules that dictated her destiny of being a woman, a submissive creature. However, the choice of freedom requires a sacrifice: losing oneself to be reborn in a new form.
[...] quoque Phoebus amat positaque in stipite dextra sentit adhuc trepidare novo sub cortice pectus [...]
[...] so Phoebus loves she and, resting his right hand on the trunk, he still feels trembling in her chest under that new bark [...]
Publio Ovidio Nasone, Metamorphosĕon Libri XV - Liber I - vv. 553 - 554
In the metamorphosis Daphne continues to live clad in the bark of the newborn laurel, but if Phoebus feels her trembling from outside, what does she feel from inside?
Marco Dibeltulu: Microclima III (2017)
The piece was born thanks to a commission of the Amici della Musica di Cagliari. Through the union of two projects, Tradition and Modernity and Erasmus Plus - The soundscape we live in, the association wants to enhance the identity sound heritage of Sardinia by recording the sounds of the “Festa di Sant’Efisio”, the most important religious procession on the island. The sound material was then given to five composers who produced electroacoustic pieces on the main themes of the feast, which were subsequently proposed in multi-channel installations on various occasions. Specifically, this composition is dedicated to “Traccas”, carts decorated with work tools in the fields and typical products of Sardinian gastronomy, pulled by oxen and with on board men, women and children dressed in traditional clothes that sing the typical religious melodies. The piece let the listener to live the experience of the feast only through the sounds, normally subordinated to the images, thus exposing it to an evocative soundscape.
Vera Carvalho: Sonus I - Tempestatis (2025)
"Sonus I – Tempestatis" é uma obra de arte sonora que invoca a natureza e conduz o ouvinte numa viagem por uma paisagem de sons, baseada, essencialmente, na instabilidade atmosférica de uma tempestade. Num conjunto de diversas sensações, entre a calma e a agitação, esta é uma peça em que o trabalho individual de cada som e o trabalho do som em stereo conferem uma nova dimensão à perceção dos fenómenos naturais retratados, transmitindo uma aproximação, quase real, à natureza.
Biografias / Biographies
Arara
ARARA é o renascimento de um corpo de intenções para consigo mesma e, por consequência, o mundo, alimentado pelo reconhecimento e superação de auto-limitações.
Arara, reconhece na sua prática multidisciplinar, a necessidade de improvisação regular onde a voz é, ao mesmo tempo, tela e pincel em câmara lenta. Mais recentemente, ancorada nas múltiplas possibilidades dos diálogos abertos entre imagem, palavra, som e performance, como cruzamento que a catapulta para a liberdade e realização criativa e espiritual.
Barry Yuk Bun Wan
Barry Yuk Bun Wan is a Czech-based composer, sonic artist, guitarist, and a versatile musician whose works span a wide range of genres and media. His music and research have been performed and published internationally across the USA, Canada, Mexico, Brazil, Ecuador, Russia, Sweden, Belarus, Serbia, Italy, the Czech Republic, Slovakia, Poland, Portugal, Spain, Austria, Germany, Belgium, England, Japan, Taiwan, Hong Kong, Thailand, and Malaysia.
He has received numerous awards and recognitions, including First Prize at Musica Nova 2018, and has been featured at prominent international festivals, symposiums, and competitions such as PAYSAGES | COMPOSÉS 2023, 2025 (France) and the Penn State University International New Music Festival and Symposium (USA).
His academic journey spans several renowned institutions, including the Janáček Academy of Music and Performing Arts in Brno, the Academy of Performing Arts in Prague, Jan Evangelista Purkyně University in Ústí nad Labem, the University of London, the London College of Music, Berklee College of Music, and Arizona State University.
He is currently a lecturer in the Intermedia Art Studio at Anglo-American University and is pursuing his second Ph.D. at the Faculty of Education, University of West Bohemia.
Diogo Caetano
Diogo Caetano é Músico e Director de Som.
Cresceu e vive na aldeia de Ilhas no concelho de Arraiolos.
Trabalhou como responsável da direção, design, composição e produção de som para as séries documentais “Dar a Ver” e “À Nossa Guarda” do Museu Nacional de Arte Antiga ambas amplamente premiadas. Incluindo com o Prémio Património Ibérico na categoria de Melhor Estratégia de Comunicação.
Fez direção de som no filme “Bunker: ou contos que ouvi antes do mundo acabar” premiado com a distinção de Melhor Filme Português no Fantasporto 2020.
Expôs no edifício dos Leões da Fundação Santander Portugal e foi professor de Cinema e Multimédia na Escola Artística António Arroio.
Prepara agora o seu novo LP abordando o tema da perda do espaço natural alentejano, a sua relação com o que esse espaço foi, e o que sobra.
Iván Ferrer-Orozco
Iván Ferrer-Orozco is a composer, electronic media performer and electronic music designer. His music has been performed extensively at festivals and by ensembles from Mexico, Spain, Canada, Argentina, Ecuador, Chile, South Korea, Vietnam, Japan, the USA, Germany, Portugal, France, Hong Kong, Italy and Cyprus. He has been an artist-in-residence at institutions including: Akademie der Künste Berlin, Schleswig-Holsteinisches Künstlerhaus, Residencia de Estudiantes, Camargo Foundation, MacDowell Colony, Djerassi, Hooyong Performing Arts Centre, ARTos Foundation, Ibermúsicas, I-Portunus, Conseil des Arts et Lettres du Québec, and more. He performs regularly as a soloist and as a sideman with artists and ensembles from Spain and abroad. In 2019 and 2024, he was appointed by the Mexican government to the Sistema Nacional de Creadores de Arte, a national programme that recognises outstanding artists from all disciplines. In 2021, the International Computer Music Association awarded him the Best Music Award.
Jorge Ramos
| © Teresa Projecto |
Jorge Ramos is a Portuguese multi-award-winning composer, sound artist, and researcher based in London. He has written solo, chamber, choral, symphony, mixed, electroacoustic, live-electronics, film, stage, installations, and advertisement music for festivals, orchestras, ensembles, and soloists across Asia, North America, Central America, South America, and Europe, while also collaborating with other artists and/or institutions on artistic contributions and computer music design.
Commissioners and partners for Dr. Ramos’ work extend beyond the concert hall to major international soloists and bodies such as Arte no Tempo, Banda Sinfónica Portuguesa, Braga Media Arts, Braga ’27, Calouste Gulbenkian Foundation, Casa da Animação, Cat’s Cradle Collective, Frederic Cardoso, gnration, Kotsanas Museum of Ancient Greek Technology, London Philharmonic Orchestra, ORA Singers, Orquestra Clássica do Centro, RE:FLUX ’16 Festival, Ricardo Pires, RTP/Antena 2, Sónia Oliveira, The Hermes Experiment, UNDERSCORE Film Festival.
He is the recipient of some prominent fellowships, grants, and prizes awarded by the Academia de Flauta de Verão, Caixa Geral de Depósitos, Calouste Gulbenkian Foundation, Escola Superior de Música de Lisboa, Festival Internacional de Órgão de Braga, Fernando Otero, Fundação da Juventude, Fundação Gestão dos Direitos dos Artistas, Fundação para a Ciência e a Tecnologia, Help Musicians, iMelody Music Club, Leões de Portugal, Miso Music Portugal, Orquestra Clássica do Centro, Banda Sinfónica Portuguesa, Royal College of Music London, Royal Music Association, RTP/Antena 2, Sociedade Portuguesa de Autores, Tomaribando, The ACTOR Project, The National Flute Association and Portuguese Republic — Ministry of Culture.
Jorge has had roles in various esteemed residencies, programs, mentorships, and composer schemes, including the ENOA Composers Residency (2017) with the Gulbenkian Orchestra and Conductor Nuno Coelho, the Jovens Compositores programme (2018-19) at Estúdios Victor Córdon under the guidance of Luís Tinoco and Victor Hugo Pontes, and Compota 2019 by Sentidos Ilimitados, mentored by Paula Pinto at Biblioteca de Marvila. More recently, he joined the London Philharmonic Orchestra's Young Composers Programme (2024/25), mentored by Pulitzer Prize-winning composer and conductor Tania León, and participated in the ORA Singers Graduate Composers Showcase (2024) under Suzi Digby OBE, where his choral work Munda Me premiered. He also took part in the TalentLAB '24 program at Les Théâtres de la Ville de Luxembourg with YUM!, mentored by Alexandra Lacroix, and was a mentee in the ACTOR Mentorship Program (2021–2023), working with renowned mentors such as Ichiro Fujinaga and Pulitzer Prize winner Roger Reynolds.
He has a particular interest in perception and psychoacoustics. His current musical approach explores the intersection of technology and orchestration/timbral blend, with a focus on intuitive electronic-informed orchestration, instrumental synthesis, computer-assisted orchestration, machine learning, and artificial intelligence. More recently, his work embraces an interdisciplinary hybrid aesthetic that juxtaposes these advanced methods with vintage textures, noir atmospheres, and artistic influences drawn from both past and present. Deeply inspired by the eclectic energy of SOHO-like environments, he finds creative fuel in the collision of eras and the sensory overstimulation of urban life — a curated chaos that mirrors the hybridity of his sonic language. Dr. Ramos aims to push the boundaries of sonic experience and craft new immersive, multi-sensory auditory environments.
Jorge Ramos holds degrees from Conservatório de Música Calouste Gulbenkian de Braga, Escola Superior de Música de Lisboa, and a Doctorate in Music Composition granted by the prestigious Royal College of Music London. He currently serves as a collaborator on contemporary music research at CESEM - Centro de Estudos em Música (PT).
His upcoming projects include An Aria for the Mallard, a collaborative installation with visual artist Rosana Antolí and soprano Claire Rocha Santos, commissioned by the Calouste Gulbenkian Foundation. In addition, he is composing Music for a Greek Museum, a new sound work for the Kotsanas Museum of Ancient Greek Technology (2025–2026), commissioned by the museum as part of the EUROMUSE Project. The work is designed to sonically unify the museum’s exhibitions and will be part of the permanent collection, accompanied by an album release and online concerts.
Luís Salgueiro
Luís Salgueiro is a composer of instrumental, electronic, and mixed music. His works — often characterized by timbral and syntactical exuberance — take inspiration from and interact with concepts drawn from a wide range of fields such as literature, philosophy, computer science, and cybernetics. His most characteristic pieces often include open structural elements that highlight subjective and intersubjective disambiguation and decision-making in musical performance. Recent commissions include pieces for the Sond-Ar’te Electric Ensemble and ars ad hoc.
His music has been performed in Germany, the United States, and across Portugal’s most important venues, including the Calouste Gulbenkian Foundation, Casa da Música’s Sala Suggia, the Main Hall of the National Conservatoire, Palácio da Ajuda, Teatro Aveirense, and Forum Luísa Todi. He has participated in the European Network of Opera Academies, developing work with the Gulbenkian Foundation as well as with the Theaterakademie August Everding, in cooperation with JOiN at the Staatsoper Stuttgart.
Luís holds a Master’s degree in Composition from the Hochschule für Musik, Theater und Medien Hannover, where he studied with Ming Tsao, Gordon Williamson, and Joachim Heintz as a DAAD scholar. Following his studies, he was granted the Stipendium für innovative Musikkompositionen by the Niedersächsisches Ministerium für Wissenschaft und Kultur. He completed his Bachelor’s at the Escola Superior de Música de Lisboa under the guidance of António Pinho Vargas, Carlos Marecos, and Luís Tinoco. He sits on the board and serves as co-artistic director of MPMP Património Musical Vivo, an international network of musicians dedicated to the diffusion and study of music from the Western Classical tradition in Portuguese-speaking countries. In addition to his creative work, he has developed significant work in the fields of music engraving and editing, with a particular emphasis on contemporary music, having contributed to distinguished European publishing houses such as Peters, Casa Ricordi, and Durand – Salabert – Eschig.
Marco Benetti
Marco Benetti is a composer and musicologist. His compositional activity has led him to present projects at international festivals such as Biennale Musica (Venice), ManiFeste (IRCAM - Centre Pompidou), IMPULS (Kunstuniversität Graz), Festival Mixtur (Barcelona), Macerata Opera Festival, , Festival 5 Giornate (Milan) and to collaborate among others with Ensemble InterContemporain, Ensemble Recherche, Divertimento Ensemble, Schallfeld Ensemble, ACRHOME Ensemble, ContempoartEnsemble. He teaches Theory of harmony and analysis at the G. B. Pergolesi Conservatory in Fermo (Marche, Italy). His music is published by BabelScores. He is interested in sound as an unstable, fluctuating, queer phenomenon.
Marco Dibeltulu
Marco Dibeltulu (Alghero, Italy, 1971) studied at the Conservatory of Cagliari Composition, Choral Music and Electronic Music (with Francesco Giomi, Sylviane Sapir and Elio Martusciello). He teaches Musical Technologies at the Liceo Musicale “D. A. Azuni” of Sassari.
His compositions have been selected in many competitions, as 24th International Electronic Music Competition “Luigi Russolo” – Varese; CALL 2006, 2014 – Federazione CEMAT, Rome; 6th International Computer Music Competition “Pierre Schaeffer” 2007 (1st Prize) – Pescara; 360 degrees of 60x60 – Vox Novus, New York City; ICMC 2012 – Ljubljana; NYCEMF 2014, 2015 - New York City Electroacoustic Music Festival; MA/IN 2017 - MAtera INtermedia Festival – Matera; Soundcinema Düsseldorf 2022 (1st Prize); The San Francisco Tape Music Festival 2023, 2025.
He performed at Festivals: Synthèse – Bourges; Zeppelin 2008 – Barcelona; Primavera en La Habana 2008; Audio Art Circus 2008 – Osaka; AKOUSMA XV - AKOUSMA_INTERNATIONAL – Montréal; Audio Art 2021 (CIME) – Kraków; Autumn Waves Festival - Project(ion) Room – Brussels.
Vera Carvalho
Vera Carvalho, natural do Porto, é uma compositora e instrumentista (guitarra clássica), cujo trabalho artístico se destaca em diversas áreas. Frequenta a Licenciatura em Composição na Escola Superior de Música de Lisboa e, ao longo do seu percurso musical, foi aluna de reconhecidos compositores portugueses, como Daniel Martinho e Sérgio Azevedo. Já teve obras estreadas e apresentadas em palcos nacionais, como o Lisboa Incomum (Lisboa) e a Fundação Serralves (Porto), e também internacionais, como na Duke University Chappell (Durham), nos Estados Unidos.
- 18h - Concerto Acusmático / 6PM - Acousmatic Concert
Palácio de D. Manuel
Programa / Programme
Dudu Prudente: Calcaire (2023)
Marcilio Onofre: Jardim Noturno (2025)
David Q. Nguyen: Whale Song Stranding (2021/2025 - shorter version)
António Ferreira: Soundscape with oniric figures (2025)
Mariana Vieira: nova peça (2025)*
Thomas Gorbach: Viola Sylvestris (2015)
*Encomenda Projecto DME e Estreia Absoluta / *Projecto DME commission and World Premiere
Ficha Técnica
João Proença, Técnico de sistema de acusmónio e otimização de sistema
Mariana Vieira, Desenho de sistema de acusmónio
Notas de Programa / Programme notes
Dudu Prudente: Calcaire (2023)
Peça inspirada pela formação da rocha calcária, que compõe o solo de Famenne, na Bélgica, bem como por toda a paleta sonora que existe nessa região.
A narrativa é composta por 3 movimentos:
"Intempéries”: A erosão do solo, que transporta seus detritos até o fundo do mar;
"Diagênese": Acúmulo dos detritos ao longo dos anos;
"O Passeio": Formação de um solo poroso que, graças à presença constante da água, acaba deteriorando-se de maneira cíclica.
Refletindo sobre esse processo, fiz uma analogia com a vida em si, onde ao longo dos anos, acumulamos objetos, pensamentos, convicções, hábitos (a rocha/o corpo), sempre sujeitos a transformações que ocorrem muito lentamente, graças a fenômenos naturais quase imperceptíveis (a água/a alma) que estão presentes e seguem seu curso.
Toda a narrativa é contada a partir do ponto de vista de uma criança que brinca na superfície da água.
Marcilio Onofre: Jardim Noturno (2025)
[PT]
A peça Jardim Noturno é um estudo no qual procuramos criar um ambiente fantástico percepcionado a partir da perspetiva de uma criança. Neste contexto, sons naturais e artificiais misturam-se, formando uma fronteira subtil entre o real e o imaginado.
[ENG]
The piece Jardim Noturno is a study in which we attempt to create a fantastical environment perceived from the perspective of a child. In this context, natural and artificial sounds blend together, forming a subtle boundary between the real and the imagined.
David Q. Nguyen: Whale Song Stranding (2021/2025 - shorter version)
"Whale Song Stranding
Inflections as sound process to sound quality
Emanating otherness of the
Sound quality to sound process from the reflective
Resulting in an immersive rhizome-like sound world of the omnipresent of the dream like and the very literal
As different zones are successive, simultaneous, above, below, before, and after, to neither rise nor sink but only float
A longing as the friction, disputes of the literal and dream-like
And
A persistence of a pulse, heavy, through the literal as a constant movement and the abstract ingenuous stillness, a sound world of the discursive and the narrative
Chiastic process and quality is undermined as the reflections and inflections recur in rounded proportions. The immersive and form is only tangible through this insistence that is perceived as a dream occurring in real-time
Figuratively
Whale Song suggests, quite literally, uncertainty that is
Stuck between the discursive and the narrative,
The moving streams/waves and the pure tones surrounding within,
Stranding"
António Ferreira: Soundscape with oniric figures (2025)
[PT]
Esta é uma paisagem sonora composta. Uma paisagem plausível mas não necessariamente realista ou ecologicamente precisa. Contraste entre arte, artificial, artefacto, natural, presença, ausência...
Nas palavras do filósofo japonês Kitaro Nishida:
“…these blank spaces are wholly different from the background of Western paintings… Instead, the blank spaces are expressed by the forms of the things portrayed. In contradiction to Western culture which considers form as existence and formation as good, the urge to see the form of the formless, and hear the sound of the soundless, lies at the foundation of Eastern culture.”
[ENG]
"This is a composed soundscape. A plausible one but not necessarily realistic or ecological accurate. Contrast between art, artificial, artefact, natural, presence, ausence...
In the words of Japanese philosopher Kitaro Nishida:
“…these blank spaces are wholly different from the background of Western paintings… Instead, the blank spaces are expressed by the forms of the things portrayed. In contradiction to Western culture which considers form as existence and formation as good, the urge to see the form of the formless, and hear the sound of the soundless, lies at the foundation of Eastern culture.”
Thomas Gorbach: Viola Sylvestris (2015)
[PT]
voz: Claudia Haber
Encomenda de Gesäuse National Park e criada para Admont, Museu da Abadia Beneditina de Admont .
Viola Silvestris [latino para violeta de madeira] foi encomendada pelo parque nacional mais jovem da Áustria, "Gesäuse", e pela colecção de arte moderna da abadia de Admont, com 941 anos, situada à entrada do parque no centro da Áustria.
De 1846-1925, o padre Gabriel Strobl recolheu flores e 20.000 moscas que ele nomeou e indexou sistematicamente. Tal como Strobl com os seus insectos, recolhi sons do parque para construir um quadro natural interrompido por ações humanas, passando a expressões latinas dramatizadas de 41 flores faladas por uma actriz. O drama da separação e do corte leva a um mundo de sons dissonantes rotativos que resistem à integração e permanecem não combinados em tensão.
O Texto: Viola sylvestris, Alnus incana, Cartaegus Oxyacantha, Berberis vulgaris, Cornus sanguinea, Daphne Mezereum, Helleborus niger, Euphorbia amygdaloides, Salvia glutinosa, Mentha sylvestris, Clinopodium vulgare, Euphrasia Odontites, Prunella vulgaris, Chaerophyllum hirsutum, Viola biflora, Fragaria vesca, Leontondon hastilis, Circaea alpina, Lysimachia nemorum, Festuca rubra gigantea, Aira caespitosa, Carex sylvatica, Agrostis vulgaris, Solidago virgaurea, Pteris aquilina, Asplenium Filix femina, Hieracium murorum, Gentiana asclepiadea, Prenanthes purpurea, Lactuca muralis, Anthoxanthum odoratum, Solidago virgaurea, Aira flexuosa, Hypericum quadrangulum, Luzula campestris, Oxalis Acetosella, Homogyne alpina, Veronica officinalis, Majanthemum bifolium, Hiracium Auricula, Potentilla Tormentilla.
[ENG]
Voice: Claudia Haber Commissioned by Gesäuse National Park and Made for Admont, Museum of The Benedictine Abbey of Admont
Viola Silvestris [latin for wood violet] is a commissioned composition and permanent sound installation created for the opening of the documentation and information center in the natural history section of the museum at the Benedictine Abbey of Admont, initiated by Gesäuse National Park. As Austria's youngest national park, Gesäuse is managed as a Wilderness Area. This concept is based on the principle of "letting nature be"—deliberately abstaining from human intervention, allowing nature to develop freely and autonomously. Especially the forests, designated as protected biotope forests, are permitted to evolve naturally without interference. This approach creates unique habitats where natural processes such as growth, aging, decay, and renewal occur undisturbed, providing crucial living conditions for numerous specialized species and offering significant insights for ecological research. Particularly, trees and forest ecosystems are central to scientific studies, documenting long-term natural developments and adaptation mechanisms free from human influence. This research provides valuable insights into sustainable and resilient forest management practices for the future.
The sound installation closely ties into the historical and scientific legacy of Father Gabriel Strobl, a Benedictine monk who, from 1846 to 1925, meticulously collected, cataloged, and scientifically described countless flowers and over 20,000 flies. Inspired by Strobl’s passionate collecting, I recorded natural sounds from Gesäuse National Park to initially create a harmonious, natural sonic landscape. This sonic imagery gradually becomes disrupted and disturbed by deliberately introduced human interventions.
The soundscape progresses into dramatized Latin expressions of 41 flower species, spoken by an actress. From this point, the work evolves into an acoustic drama characterized by separation and cutting. The original natural sounds transform into dissonant, rotating sonic objects, no longer harmoniously blending but rather continuously interacting in tension. Thus, Viola Sylvestris compellingly reflects the fragility of nature and critically questions the impact of human actions on our environment.
The Text: Viola sylvestris, Alnus incana, Cartaegus Oxyacantha, Berberis vulgaris, Cornus sanguinea, Daphne Mezereum, Helleborus niger, Euphorbia amygdaloides, Salvia glutinosa, Mentha sylvestris, Clinopodium vulgare, Euphrasia Odontites, Prunella vulgaris, Chaerophyllum hirsutum, Viola biflora, Fragaria vesca, Leontondon hastilis, Circaea alpina, Lysimachia nemorum, Festuca rubra gigantea, Aira caespitosa, Carex sylvatica, Agrostis vulgaris, Solidago virgaurea, Pteris aquilina, Asplenium Filix femina, Hieracium murorum, Gentiana asclepiadea, Prenanthes purpurea, Lactuca muralis, Anthoxanthum odoratum, Solidago virgaurea, Aira flexuosa, Hypericum quadrangulum, Luzula campestris, Oxalis Acetosella, Homogyne alpina, Veronica officinalis, Majanthemum bifolium, Hiracium Auricula, Potentilla Tormentilla.
Biografias / Biographies
Dudu Prudente
Dudu Prudente é baterista, compositor, produtor musical e engenheiro de som. Nascido em Sergipe (Brasil) e baseado na Bélgica, constrói a sua obra a partir do encontro entre diferentes culturas e linguagens sonoras.
Ao longo de duas décadas, colaborou com uma ampla variedade de artistas em múltiplas funções: músico, produtor, técnico de gravação e mistura. É co-fundador do grupo belgo-brasileiro Anavantou, que aproxima tradições do Nordeste brasileiro ao universo belga, além de integrar o grupo experimental Membrana (Brasil) e o trio instrumental Munsch (Bélgica).
Atualmente, reparte o seu tempo entre o Estúdio Orí (Sergipe) e o atelier sonoro MAAR (Bélgica), onde se dedica à pesquisa e à composição de peças electroacústicas, criações sonoras e instalações. Desde 2022, estuda música acusmática e electroacústica no Institute Musiques et Recherches (Lasne, Bélgica), sob orientação de Annette Vande Gorne, referência mundial no género musical. As suas obras já foram apresentadas em festivais como BOEM (Gante) e Electrobelge (Bruxelas). Em 2024, a sua peça Calcaire foi financiada pela Fédération Wallonie-Bruxelles, recebeu uma menção honrosa no Musica Nova Festival (Praga, 2023) e o prémio de melhor composição pelo júri técnico do Concurso Métamorphoses, dentro da programação do Festival L'Espace du Son (Bruxelas, 2024). A sua mais recente criação é Parapitinga Vaz'A Baril, peça acusmática mista para 8 canais, inspirada no Rio Vaza-Barris.
Nas suas composições, Dudu explora microecossistemas sonoros, transformando o gesto, a textura e a escuta electroacústica em matéria orgânica em constante movimento. A sua estética parte do detalhe para o vasto, procurando revelar universos ocultos no som e projetá-los em paisagens imaginárias. Entre o experimental e o visceral, a sua música investiga o encontro entre natureza, memória e tecnologia, moldando experiências que atravessam tanto o íntimo quanto o coletivo.
Marcilio Onofre
[PT]
Marcílio Onofre (1982) é Doutor em Composição Musical, professor do Departamento de Música da Universidade Federal da Paraíba – UFPB e membro do Laboratório de Composição Musical – COMPOMUS/UFPB. Realizou a Licenciatura em Música (piano) e o Mestrado em Composição na UFPB, este último sob a orientação do compositor Dr. Eli-Eri Moura. Possui o Artist Diploma em composição pela Akademia Muzyczna w Krakowie, sob a orientação de Krzysztof Penderecki, com bolsa concedida pelo Mozarteum Brasileiro. A sua produção musical inclui peças para diversas formações instrumentais, vocais e orquestrais. As suas obras têm sido apresentadas em concertos e eventos dedicados à produção musical contemporânea no Brasil e no estrangeiro por grupos como: Arditti String Quartet, Nouvel Ensemble Moderne, Mivos Quartet, Tsilumos Ensemble, IEMA Ensemble, Grupo Sonantis, entre outros. Destacam-se na sua composição trabalhos de criação coletiva com outros membros do COMPOMUS/UFPB e colaborações com o compositor Eli-Eri Moura. Marcílio Onofre recebeu prémios em diversos concursos como, por exemplo: VII Concorso Internazionale di Strumenti per Composizione Soloista, 2010 DuoSolo Emerging Composer Competition, 6th SCCM New Composition, Concurso Nacional de Composição Camargo Guarnieri, Prémio Música Clássica da Funarte, Prémio Latino-Americano de Composição Piero Bastianelli, Concurso Edino Krieger e London Ear Composers Competition. Participou no festival Wittener Tage für neue Kammermusik 2017 (Witten – Alemanha), na Cátedra Manuel de Falla (Sevilha – Espanha) e London Ear (Londres – Reino Unido).
[ENG]
Marcílio Onofre holds a Doctorate in Musical Composition, and he is a researcher and associate professor at the Department of Music at the Federal University of Paraíba, Brazil (UFPB). Marcílio also coordinates the Laboratory of Musical Composition (COMPOMUS/UFPB). He earned his Bachelor's degree in Music with a specialization in piano, as well as a Master's degree in Composition at UFPB, the latter under the guidance of composer Eli-Eri Moura. He later completed an Artist Diploma in Composition at the Krzysztof Penderecki Academy of Music in Krakow, where he studied under the mentorship of Krzysztof Penderecki, supported by a scholarship from the Mozarteum Brasileiro. His creative output encompasses a repertoire that has been performed by renowned groups and ensembles, including the Arditti String Quartet, Nouvel Ensemble Moderne, and Mivos Quartet. Throughout his career, Marcílio Onofre has collaborated with performers, ensembles, other composers, and artists from various fields. His works have been featured in contemporary music festivals and events such as Wittener Tage für neue Kammermusik, the Manuel de Falla Chair, the London Ear Festival, and the Seoul International Computer Music Festival 2024. Over the course of his career, he has been awarded prizes in international composition competitions, such as the Ibermúsicas Prize for Choral Composition (2024). His creative work is notable for themes revolving around memory, childhood, and contemporary cross-cutting issues such as war, migration, and ecology. In this way, the composer contextualizes musical material according to the nature and specific focus of each project.
David Q. Nguyen
[PT]
David Quang-Minh Nguyen é engenheiro de som, designer de som/técnico de mistura e compositor. Os seus interesses atuais residem na composição de obras acusmáticas que exploram a expansão de monitores multi canais, vários tipos de espacialização sonora e áudio imersivo.
[ENG]
David Quang-Minh Nguyen is an audio engineer, sound designer/re-recording mixer, and composer of concert music. His current interests lie in composing acousmatic works that explore multi-channel loudspeaker expansion, various types of sound spatialization, and immersive audio.
António Ferreira
[PT]
António Ferreira estudou Engenharia no Instituto Superior Técnico (IST) entre 1980-1983, tendo paralelamente tomado consciência do seu interesse pela composição musical utilizando meios informáticos. Formalizou este seu interesse ao ingressar no Conservatório Real de Haia, Países Baixos, no qual cumpriu o curso de Sonologia entre 1986-1987 e onde estudou Composição, Sintése Analógica e Digital, Psicoacústica e Música Interativa Digital com Paul Berg, Konrad Boehmer, Joel Ryan, Simon Teemplaars e Jaap Vink. Efetuou várias apresentações em concerto das suas composições interativas no Conservatório de Haia, em Amsterdão no STEIM, na Academia de Arte de Den Bosch e na ICMC 1988 em Colónia, Alemanha. As suas composições eletroacústicas tem sido apresentadas em vários festivais nacionais e internacionais – França, Noruega, Dinamarca, EUA, Itália, Cuba, Hungria, Inglaterra, Chéquia, Irlanda, Brasil e Polónia.
António Ferreira trabalha também, desde 1989, como consultor e perito em poluição sonora e bioacústica no Centro de Análise e Processamento de Sinais do Complexo I do IST, tendo efetuado inúmeros estudos de impacto ambiental no âmbito do ruído e publicado várias comunicações em conferências internacionais (Bioacústica, Acústica Submarina e Poluição Sonora). Especializado, desde 1998, na composição de música eletroacústica de caráter erudito sob suporte como freelancer, António Ferreira editou vários álbuns discográficos com obras originais suas. Recebeu igualmente vários prémios, menções e nomeações, tendo sido finalista no Concurso de Música Acusmática Metamorphoses, no Musica NOVA, Prix Ton Bruynèl, Prix Pierre Schaeffer, BIMESP em São Paulo no Brasil e no Concurso de Música Eletroacústica em Bourges. Foi ainda distinguido com o 1.º Prémio (ex-aequo) no Concurso Internacional de Composição Eletroacústica Música Viva 2013. Nas edições de 2015, 2016 e 2017 da International Computer Music Conference António Ferreira foi membro convidado para o júri no âmbito da música eletroacústica/instrumentos com eletrónica.
[ENG]
Antonio Ferreira is a Portuguese composer who works in the field of electroacoustic music. He creates pieces that blend and explores the boundaries between recorded acoustic sound and generated electronic sound.
Being interested in expanding his knowledge, he entered the Royal Conservatory in The Hague, Netherlands, where he studied sonology between 1986-87. There, he studied composition, analogue and digital synthesis, psychoacoustics and digital interactive music with Paul Berg, Konrad Boehmer, Joel Ryan, George Lewis, Simon Teemplaars and Jaap Vink.
His electroacoustic compositions have been presented at several national (Música Viva, Festival de Aveiro) and international festivals.
He has also worked as a consultant and expert in noise pollution and environmental impact studies at the CAPS of Complex I at IST, having carried out numerous studies in the field of noise pollution and bioacoustics. He published several papers at international conferences.
Currently, he continues to dedicate himself to composition and research, with emphasis on sound spatialization using the Ambisonics technique.
Mariana Vieira
| © Sofia Nunes |
Mariana Vieira (Sintra, 1997) completou a licenciatura em composição e o mestrado em ensino de música na Escola Superior de Música de Lisboa (ESML), sob orientação de Jaime Reis.
O seu catálogo inclui música acusmática, mista e instrumental, para formações de música de câmara, ensemble, orquestra e a solo, bem como obras didácticas.
A sua música foi apresentada em festivais como Young Euro Classic e BachFest (Alemanha), L’Espace du Son (Bélgica), Crossroads e Echoes Around Me (Áustria), Monaco Electroacoustique (Mónaco), Aveiro_Síntese e Música Viva (Portugal).
Foi premiada com o “European Composer Award” (Alemanha), em 2017, com a sua peça Raiz, escrita para a Jovem Orquestra Portuguesa (JOP), o “Electronic Music Composition Contest” da revista Musicworks (Canadá), em 2021, e o concurso “Young Lion*ess of Acousmatic Music”, promovido pelo “The Acousmatic Project” (Áustria), em 2022.
Além da sua produção composicional, tem trabalhado em estruturas artísticas como o Projecto DME, o espaço Lisboa Incomum e a associação EMSCAN.
Enquanto bolseira da FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, frequenta actualmente o Doutoramento em Artes Performativas e da Imagem em Movimento (especialização em Composição), na FBAUL (Universidade de Lisboa), em colaboração com o IPL/ESML, sob a orientação de Carlos Caires e de António Sousa Dias. É Professora Assistente Convidada na Escola de Artes da Universidade de Évora desde 2025.
mariana-vieira.net
Thomas Gorbach
| Thomas Gorbach@MarkusGradwohl |




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