Cultura & Sustentabilidade 2025
Cultura & Sustentabilidade 2025
9ª Edição
21 a 23 de Novembro de 2025 | Lisboa Incomum
O evento “Cultura e Sustentabilidade”, coorganizado anualmente pelo Projeto DME no espaço Lisboa Incomum, celebra em 2025 a sua 9.ª edição. Desde 2017, este encontro tem promovido uma reflexão interdisciplinar — artística, científica e política — sobre o papel das práticas artísticas na consciencialização ambiental, envolvendo o público em debates sobre sustentabilidade e ecologia. Através de conferências, concertos e workshops, o evento estimula o diálogo entre criadores, investigadores e sociedade.
À semelhança das últimas três edições, o evento conta com a coorganização do CCMAR – Centro de Ciências do Mar da Universidade do Algarve e decorrerá nos dias 21, 22 e 23 de novembro, tendo como tema central o Oceano. Sob o subtítulo “Migrações e Clima na Década do Oceano”, a programação propõe-se refletir sobre as relações entre a crise climática, os ecossistemas marinhos e os deslocamentos humanos.
O programa inclui concertos do Ensemble DME com a compositora Helga Arias, do Laboratório de Música Mista José Luís Ferreira (ESML) com alunos do Conservatório de Seia e ainda um concerto acusmático. Complementam a programação conferências de investigadores do CCMAR e da RISE-Health, um workshop de reparação de bicicletas e a instalação interativa Travessias, de Vítor Gomes, que confronta os visitantes com a realidade das migrações forçadas.
O evento encerra no dia 23 de novembro com a intervenção do Dr. José Pacheco Pereira.
Produção: Projecto DME-Lisboa Incomum
Co-organização: CCMAR - Prof. Rui Borges e Profª. Isabel Barrote
Programa Geral
21 de novembro
- 18h30-22h – Inauguração da Instalação: "Travessias", de Vítor Hugo Gomes
- 19h00-20h30 – Conferência: “A paisagem da nossa terra. passado, presente e futuro”, com Alfredo Sendim
- 21h00-22h00 – Concerto: Ensemble DME & Helga Arias
22 de novembro
- 14h30-19h30 – Instalação: "Travessias", de Vítor Hugo Gomes
- 15h30-16h30 – Concerto: Alunos do Collegium Musicum & Laboratório de Música Mista José Luís Ferreira - ESML
- 17h00-20h00 – Conferências CCMAR e RISE-Health
23 de novembro
- 11h00-19h30 – Instalação: "Travessias", de Vítor Hugo Gomes
- 11h30-13h00 – Workshop de reparação de bicicletas, com Carolina Néu
- 13h30-19h30 – Mercado sustentável
- 15h30-16h30 – Concerto Acusmático e Laboratório de Música Mista José Luís Ferreira - ESML
- 17h00-20h00 – Encerramento, com a participação do Doutor José Pacheco Pereira
21 de novembro
- 18h30-22h – Inauguração da Instalação: "Travessias", de Vítor Hugo Gomes
“Travessias” é uma instalação interativa de cariz artivista que confronta o visitante com a realidade dramática dos milhares de pessoas forçadas a abandonar os seus países em busca de abrigo e de melhores condições de vida. O artefacto foca-se nas travessias marítimas, colocando em contraste a ideia comum do mar como espaço de introspeção e paz com o seu lado invisível, marcado por sofrimento e tragédia.
Vítor Hugo Gomes
Natural de Gondomar, é licenciado em Design de Animação e Multimédia pelo Instituto Politécnico de Portalegre. Animador 2D desde 2011, participou em várias produções nacionais e internacionais, como Nutriventures, Pronto Era Assim, The Amazing World of Gumball, The Crunchers, entre outras. Atualmente, colabora com o estúdio Essence Cartoon e leciona Animação 2D no Instituto Politécnico de Portalegre.
- 19h00-20h30 – Conferência: “A paisagem da nossa terra, passado, presente e futuro”, com Alfredo Sendim
Os desafios que enfrentamos só podem ser superados através da construção de consciência humana. A pesar de sabermos hoje, muito mais sobre a Vida na Terra e sobre a nossa espécie, a ilitracia geral sobre estes temas, limita a capacidade de opção.
A paisagem é o fruto da interação do Homem com o sistema natural, pelo que importa reler o passado, analisar o presente e preparar o futuro, à luz do que hoje sabemos.
Alfredo Sendim
| © Alfredo Pinheiro |
Administrador de várias empresas no Alentejo, com atividade nas áreas da produção, agroindústria e comercialização de produtos rurais, tem igualmente desempenhado funções de dirigente associativo e docente convidado na Universidade de Évora. Defensor de modelos de agricultura sustentável, como a agricultura biológica e os sistemas multifuncionais, Alfredo Sendim é reconhecido pelo seu contributo para a inovação e valorização do mundo rural português.
- 21h00-22h00 – Concerto: Ensemble DME & Helga Arias
Programa
Helga Arias: Ecos do Profundo*
Mariana Vieira: Quarteto de Cordas
Paulo Ferreira-Lopes: String Quartet n.º 2*
Boris Loginov: Sleep during Insomnia
* Estreia absoluta - Encomenda DME
Helga Arias
Helga Arias (Bilbao, 1984) started her composition studies at the RCSM Victoria Eugenia of Granada. She moved to Italy thanks to a scholarship to study composition with Mario Garuti and Javier Torres Maldonado at the Conservatorio G. Verdi of Milan and then went to Parma, to conclude her studies in composition and computer music with Torres Maldonado.
Between 2014 and 2016 she continued her education in Austria thanks to a full scholarship of the SGAE (Spanish General Society for authors and publishers) with Beat Furrer (Kuntsuniversität Graz) and Karlheinz Essl (Universität für Musik und darstellende Kunst Wien), obtaining both a Postgrad in Composition and in Computer Music with the highest marks.
Besides, she has received individual lessons from other composers such as Michael Jarrell, Kaija Saariaho, J.B. Barrière, Georg Friedrich Haas, Pierluigi Billone, Isabel Mundry, Mark André, Toshio Hosokawa, Chaya Czernowin or Alberto Posadas among others and participated in masterclasses with Helmuth Lachenmann, Wolfgang Rihm, Philippe Manoury, José María Sánchez Verdú, Trevor Wishart or Daniel Teruggi.
She has been awarded in the international contest “Città di Udine”, the RCSM Victoria Eugenia de Granada contest for Symphonic Orchestra, the shut up and listen! Electroacustic festival in Vienna, Wittener Tage für neue Kammermusik Competition 2014, the honorary prize of the Colegio de España en Paris – INAEM 2016, the 2nd prize at the ACC International Composer's Competition (South Korea) or the 3rd prize at the Asia Pacific Saxophone Composition Competition.
Her music has been performed in several festivals and music halls around the world, such as the Fundacion BBVA, Donaueschinger Musiktage, Manifeste Paris, Wittener Tage für neue Kammermusik, EMUFEST Rome, Klangwerkstatt Berlin, Festival Mixtur in Barcelona, Foro Internacional de Musica Nueva (Mexico), Domaine Forget (Canada), Echoraum Vienna, Experimentalstudio Academy of the SWR Freiburg, 3rd Forum for Young Composers in Cascais (Portugal), SCM 2017 Helsinki, ICMC 2017 Shangai, ISCM World Music Days in Tongyeong (South Korea), ZKM Karlsruhe (Germany), Musikfestival Bern, Sonic Matter Festival (Zurich), Philarmonie Luxembourg by ensembles such as International Contemporary Ensemble, Neue Vocalsolisten Sttutgart, Ensemble Inercontemporain, Ensemble SurPlus, International Ensemble Modern Academy (IEMA), Ensemble Vortex, Sigma Project, Trio Feedback, Espai Sonor, Ensemble d’arts, The Riot Ensemble, Vertixe Sonora, Nouvelle Ensemble Moderne, ECCE ensemble, Taller Sonoro, Ensemble Cepromusic, and many others.
In 2020/21 she was artist in residency by the International Contemporary Ensemble and composer in residence as part of an intermediation Project of the University of Heidelberg, the Bundesakademie Trossingen and the Donaueschinger Musiktagen.
She is currently a PhD candidate at the Anton Bruckner Privatuniversität Linz (Austria).
Her work establishes relations between acoustic and electronic resonance and explores the microscopical variations of the sound phenomena. In most recent pieces, she also includes subtle theatrical aspects, collaborative processes and immersive interactions. Her music is edited by Babel Scores.
She lives and teaches in Switzerland.
www.helgaarias.com
Ensemble DME
O Ensemble DME foi criado em 2013 no âmbito do Projecto DME, uma iniciativa fundada pelo compositor Jaime Reis para promover a prática da música contemporânea e electroacústica. Tem trabalhado com maestros como Jean-Philippe Wurtz, Jean-Sébastien Béreau, Pedro Figueiredo, Rita Castro Blanco, Valerio Sannicandro, entre outros.
Mais recentemente, o ensemble tem realizado projectos multidisciplinares, onde se destaca a estreia do espetáculo “Geometrias do Inelidível”, de Jaime Reis, produzido pela EMSCAN em 2022, o concerto co-organizado com o Instituto Italiano de Cultura de Lisboa, “Esplorazioni”, dedicado à relação entre espaço e som, com o compositor e maestro italiano Valerio Sannicandro, assim como colaborações com o Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian em torno de Iannis Xenakis e Mieko Shiomi, uma das fundadoras do movimento Fluxus.
O ensemble tem tocado em vários palcos e festivais, incluíndo a Logos Foundation (Ghent, Bélgica), Palladium (Malmö, Sweden), digressões no Brasil (2015, 2023), Auditorio Santa María (Plasencia, Espanha), Casa da Música (Porto), Fundação Calouste Gulbenkian (Lisboa), Palácio Foz (Lisboa), o Museu Nacional de Arte Antiga (Lisboa), e o Loop Festival (Bruxelas, Bélgica).
Desenvolve ainda vários projectos didáticos e pedagógicos com o intuito de se aproximar das camadas mais jovens de artistas, proporcionando experiências formativas em contexto performativo, oportunidades de criação colaborativa e contacto directo com a linguagem e estética da música contemporânea.
22 de novembro
- 14h30-19h30 – Instalação: "Travessias", de Vítor Hugo Gomes
“Travessias” é uma instalação interativa de cariz artivista que confronta o visitante com a realidade dramática dos milhares de pessoas forçadas a abandonar os seus países em busca de abrigo e de melhores condições de vida. O artefacto foca-se nas travessias marítimas, colocando em contraste a ideia comum do mar como espaço de introspeção e paz com o seu lado invisível, marcado por sofrimento e tragédia.
Vítor Hugo Gomes
Natural de Gondomar, é licenciado em Design de Animação e Multimédia pelo Instituto Politécnico de Portalegre. Animador 2D desde 2011, participou em várias produções nacionais e internacionais, como Nutriventures, Pronto Era Assim, The Amazing World of Gumball, The Crunchers, entre outras. Atualmente, colabora com o estúdio Essence Cartoon e leciona Animação 2D no Instituto Politécnico de Portalegre.
- 15h30-16h30 – Concerto: Alunos do Collegium Musicum & Laboratório de Música Mista José Luís Ferreira - ESML
Programa
Christian Glascock: Global Warning (clarinete baixo e electrónica)
Theodoros Lotis: La Mer Profonde (música acusmática)
Nirmali Fenn: Blown Echoes (oboé e eletrónica em tempo real)
Mariana Vieira: Coro dos Pequenos Cidadãos (Canções 1 e 2)*
*alunos do Collegium Musicum - Conservatório de Música de Seia
Intépretes
Laboratório de Música Mista José Luís Ferreira
Carolina Carneiro, trompa; Catarina Crespo, clarinete baixo; Fruzsina Szűcs, clarinete baixo; Inês; Montoia, vibrafone; Irene Martínez, percussão; Mariana Flores, oboé; Nuno d’Eça, electrónica e direcção; Paula Galeana, violino; Pedro Pádua, sintetizador; Professor: Jaime Reis
Collegium Musicum
Alunos - Teatro: Luís Simeão, João Alves, Matilde Costa, António Fernandes, Lara Gouveia, Letícia Cardoso, Ricardo Pereira, Francisco Caetano, Manuella Linhares, João Miguel Madeira Marques
Coro: Ana Moreira, Clara Simões, Constança Figueiredo, Constança Pina, Constança Costa, Davi Cruz, Emília Braz, Francisco Marques, Frederico Bessa, Gonçalo Aguilar, Íris Silva, Joana Borges, João Patrocínio, Maria Cruz, Maria Marques, Matilde Ferreira, Miguel Garcia, Núria Silva, Simão Pinto, Sofia Júlio, Sophia Félix
Professoras: Ana Catarina Costa (direcção musical); Adriana Neves, Clara Spormann, Joana Gomes Martins (encenação; vídeo);
Notas de Programa
Coro dos Pequenos Cidadãos - Mariana Vieira
Ao compor as cancões para o Coro dos Pequenos Cidadãos, procurei acima de tudo entrar no imaginário que foi inventado e organizado em pequenos textos pelos alunos da Escola Básica de Alumieira, e partir daí para criar mundos sonoros que o refletissem. Os textos que me chegaram eram muito ricos em ideias - sonoras, formais, texturais... - e estavam, desde logo, marcadamente povoados de forma simbólica por elementos do mundo natural (o vento, a chuva, as folhas, o bater do coração...), o que me levou a explorar a utilização de gravações de campo na parte electroacústica para criar texturas que, em conjunto com o coro, evocam estes elementos. No mesmo sentido, também procuro simular características destes elementos naturais de uma forma um pouco mais abstracta, tanto na electrónica como no coro, através de ideias musicais que são desenvolvidas ao longo das canções. Por exemplo, imitando a chuva ao aplicar delays a` parte cantada pelo coro (repetição do mesmo elemento várias vezes), ou escrevendo uma secção do coro apenas com sons sibilantes que evocam o som que fazemos ao pisar folhas secas de árvores. Uma vez que se trata de canções para coro e electrónica, sem recurso a outros instrumentos acústicos, há necessidade de trabalhar a escuta atenta aos meios electroacústicos. Éum processo essencial para a intervenção do coro, não só para as crianças se integrarem nas paisagens sonoras apresentadas, como também para escutar as “pistas” ao nível melódico e ritmico que são apresentadas antes das entradas do coro.
Laboratório de Música Mista José Luís Ferreira - Escola Superior de Música de Lisboa
A prática do Laboratório de Música Mista destina-se a desenvolver competências no domínio da performance da música mista (de reportório ou composta por estudantes de composição especificamente para o grupo), improvisação e experimentação. A música mista pode ser definida como a junção do meio acústico com o meio electroacústico, mais concretamente: a combinação de um ou mais instrumentos acústicos com sons criados, processados ou reproduzidos electronicamente. O Laboratório de Música Mista foi criado pelos professores José Luís Ferreira, sendo atualmente orientado pelo professor Jaime Reis.
O Collegium Musicum - Conservatório de Música de Seia tem como missão implementar e desenvolver o Ensino Artístico Especializado de Música e Teatro na região que abrange os concelhos de Seia, Gouveia, Oliveira do Hospital e Nelas.
- 17h00-20h00 – Conferências CCMAR e RISE-Health
Programa
Paulo Relvas: A Migração das Águas do Oceano: uma Jornada Singular!
Resumo
As variações do clima determinam migrações de seres vivos no nosso Planeta. Mas as variações do clima são elas mesmo determinadas pela “migração” de enormes massas de fluidos terrestres, através da atmosfera e dos oceanos. As grandes migrações do ar na atmosfera, a circulação geral da atmosfera, e da água nos oceanos, a circulação geral dos oceanos, determinam o clima do Planeta e a sua variabilidade.
Vamos limitar a nossa conversa aos Oceanos. Falaremos dos movimentos das massas de água no oceano mundial, migrações invisíveis, silenciosas, por vezes em ambientes extremos e inóspitos a grande profundidade, que arrastam muitos milhões de metros cúbicos de água salina pelo Planeta, com o único objetivo de transportar calor das zonas intertropicais para as regiões polares, e assim regularem o clima da Terra. Esta circulação termohalina (termo de temperatura, halina de sal) é um processo de larga escala, percorre todo o Planeta, mas é facilmente perturbado. Estará a ser afetado pelo aquecimento global, com consequências para o clima da Terra.
Se olharmos mais de perto para essas grandes correntes oceânicas, verificamos que elas não são enormes escoamentos regulares a atravessar os oceanos, como se pensou até há 50 anos. São, isso sim, uma sucessão caótica de meandros contorcidos, pequenas correntes e contracorrentes, filamentos e vórtices de várias escalas. Estas estruturas transientes representam a turbulência do oceano, e constituem a variabilidade do estado do tempo do oceano, por semelhança com o estado do tempo atmosférico. Quando se investigam essas estruturas, verifica-se que elas se desdobram noutras estruturas similares de escala mais pequena. Descendo na escala espacial, voltamos a ter estruturas com escalas ainda mais pequenas a integrar as anteriores, numa cascata turbulenta de dissipação de energia, que podem ser descritos recorrendo a modelos de fractais.
Paulo Relvas
Licenciado em Física pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e doutorado em Oceanografia Física pela University of Wales, Reino Unido. É Professor Associado da Universidade do Algarve e Investigador do CCMAR - Centro de Ciências do Mar do Algarve.
Tem lecionado diversas disciplinas na área da oceanografia e dinâmica do oceano em Portugal e no estrangeiro, a nível de licenciatura, mestrado e em programas doutorais, e exercido cargos de direção em alguns destes programas, bem como a orientação de diversas teses de mestrado e doutoramento.
Tem realizado investigação em processos dinâmicos na zona de transição costeira, oceanografia da plataforma continental, estruturas de mesoescala, mecanismos de afloramento e processos associadas, sistemas de afloramento costeiro e variabilidade de longo prazo, deteção remota aplicada. Ultimamente os interesses de investigação centram-se na circulação costeira ao largo da margem norte do Golfo de Cádis, escoamento da água mediterrânica no Atlântico Norte, oceanografia observacional e observatórios marinhos, inteligência artificial aplicada à deteção de padrões no oceano.
Responsável do observatório oceanográfico IbMa-CSV, ancorado a 20 km a sul de Sagres. Membro do Science Service Group do European Multidisciplinary Seafloor and water column Observatory (EMSO-ERIC). Membro do Comité Português da Comissão Oceanográfica Intergovernamental – UNESCO, do Comité Português da SCOR - Scientific Committee on Oceanic Research e do Núcleo de Observação e Monitorização do Oceano do IPMA – Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Membro de diversas associações científicas internacionais e fundador da APOCEAN – Associação Portuguesa de Oceanografia.
João Silva: Dos habitats marinhos às migrações, uma perspectiva biológica das alterações climáticas
Resumo
As alterações climáticas em curso representam uma convergência sem precedentes de factores de stress físicos e químicos, com impactos já visíveis nos oceanos, e com o potencial dereestruturar fundamentalmente os ecossistemas marinhos, dos polos aos trópicos. Actuando em sinergia, os três factores dominantes - aquecimento, acidificação e desoxigenação – induzem alterações na estrutura e no funcionamento dos ecossistemas e um declínio significativo nos serviços que os sistemas marinhos fornecem à humanidade, incluindo a proteção costeira e a segurança alimentar global. Nesta conversa procuraremos estabelecer ligações directas, ainda que por vezes menos evidentes, entre os processos biológicos afectados pelas alterações climáticas nos oceanos e a perda de condições de vida que levam às deslocações e migrações climáticas de populações humanas.
João Silva
João Silva é Investigador Auxiliar no Centro de Ciências do Mar (CCMAR) do Algarve e a sua principal área de especialização é a ecologia e ecofisiologia de plantas marinhas. O foco principal da sua investigação tem sido nos impactos ecológicos, fisiológicos e moleculares das alterações climáticas, nomeadamente acidificação oceânica e ondas de calor, em ervas marinhas e macroalgas. Colabora também na docência na Universidade do Algarve desde 1997, onde é atualmente Professor Auxiliar Convidado. Mantem ainda um papel activo na divulgação da ciência, através de palestras educativas, formação, colaborações mediáticas, envolvimento com ONG e outras atividades que visam sensibilizar o público para a necessidade de valorizar e preservar os serviços ecossistémicos fornecidos pelas macrófitas marinhas, particularmente no contexto desafiante das alterações climáticas.
Paulo Martel: A Inteligência Artificial na Biomedicina e Descoberta de Fármacos
Resumo
Os recentes avanços na área da Inteligência Artificial (AI) e da Aprendizagem Máquina (ML) estão a ter um enorme impacto em múltiplas áreas da atividade humana. A manipulação de grandes volumes de dados, a identificação de padrões e a geração de novas hipóteses e modelos são apenas alguns aspetos desta revolução. A Biomedicina, a Biologia Molecular e a Descoberta de Fármacos são áreas que, pela sua natureza, se afiguram como candidatos ideais à aplicação destas técnicas.
Muitas patologias são multifatoriais, influenciadas ou dependentes de mutações em múltiplos genes e apresentando enorme diversidade interindividual. A descoberta de fármacos, por outro lado, é um processo de "agulha num palheiro", no qual se procura a molécula ideal num espaço químico de variedade praticamente infinita. Tanto num caso como noutro, AI e ML têm contributos extremamente importantes e estão a transformar profundamente a investigação científica atual.
Na nossa conversa, começaremos por apresentar alguns conceitos básicos sobre AI e ML e a forma como se distinguem de outros modos de produção de conhecimento científico. Em seguida, discutiremos o seu impacto nas áreas da Biomedicina, Biologia Molecular e Descoberta de Fármacos, ilustrando com exemplos.
Paulo Martel
Paulo Martel obteve o doutoramento em Bioquímica Computacional pela Universidade Nova de Lisboa, após passar quatro anos na Dinamarca e na Noruega a realizar trabalhos de investigação sobre Modelação, Simulação e Visualização Molecular de Proteínas. Atualmente, é professor assistente na Universidade do Algarve, onde leciona Bioinformática, Modelação Molecular e Bioquímica Estrutural. Os seus interesses de investigação centram-se principalmente na modelação biomolecular, na conceção computacional de fármacos e na visualização molecular.
23 de novembro
- 11h00-19h30 – Instalação: "Travessias", de Vítor Hugo Gomes
“Travessias” é uma instalação interativa de cariz artivista que confronta o visitante com a realidade dramática dos milhares de pessoas forçadas a abandonar os seus países em busca de abrigo e de melhores condições de vida. O artefacto foca-se nas travessias marítimas, colocando em contraste a ideia comum do mar como espaço de introspeção e paz com o seu lado invisível, marcado por sofrimento e tragédia.
Vítor Hugo Gomes
Natural de Gondomar, é licenciado em Design de Animação e Multimédia pelo Instituto Politécnico de Portalegre. Animador 2D desde 2011, participou em várias produções nacionais e internacionais, como Nutriventures, Pronto Era Assim, The Amazing World of Gumball, The Crunchers, entre outras. Atualmente, colabora com o estúdio Essence Cartoon e leciona Animação 2D no Instituto Politécnico de Portalegre.
- 11h30-13h00 – Workshop de reparação de bicicletas, com Carolina Néu
Este workshop de reparação de bicicletas propõe uma abordagem prática e ecológica à mobilidade urbana. Os participantes aprenderão a afinar mudanças e travões e a substituir câmaras de ar e pneus, promovendo a autonomia e o prolongamento da vida útil das bicicletas — um gesto simples, mas de grande impacto ambiental. Mais do que uma oficina técnica, esta atividade celebra a bicicleta como símbolo de uma cultura sustentável, que valoriza a responsabilidade individual, o cuidado com os recursos e a transformação das nossas rotinas em práticas mais conscientes.
Carolina Néu
Carolina Néu, 25 anos, é licenciada em Ciências Musicais pela Universidade Nova de Lisboa e atualmente frequenta o mestrado em Produção e Tecnologias do Som na Universidade Lusófona. Paralelamente, colabora como voluntária na Associação Cultural Ephemera.
Com experiência em composição, edição e pós-produção de áudio para cinema e televisão, Carolina participou em diversos projetos, incluindo produções internacionais. Também integrou equipas de organização de eventos e iniciativas culturais. Para além da sua atividade na área cultural, possui experiência em reparação de bicicletas, tendo trabalhado durante alguns meses numa oficina. Atualmente, faz parte da equipa de produção do Projeto DME.
- 13h30-19h30 – Mercado sustentável
Lista de ONGs que terão banquinhas:
- 15h30-16h30 – Concerto Acusmático e Laboratório de Música Mista José Luís Ferreira - ESML
Programa
Hugo Xavier Almeida: Declamação (violino e electrónica)
Theodoros Lotis: La Mer Bleue (música acusmática)
Larisa Halis: Unvailed (voz e electrónica)*
Åke Parmerud: Dark Harbour (trompa e electrónica)
António Girão Fonseca: futile futures//:fetus (violino, clarinete, oboé, percussão e sintetizador)*
*estreia absoluta
Laboratório de Música Mista José Luís Ferreira:
Carolina Carneiro, trompa; Catarina Crespo, clarinete baixo; Fruzsina Szűcs, clarinete baixo; Inês Montoia, vibrafone; Irene Martínez, percussão; Mariana Flores, oboé; Nuno d’Eça, electrónica e direcção; Paula Galeana, violino; Pedro Pádua, sintetizador; Professor: Jaime Reis
Laboratório de Música Mista José Luís Ferreira - Escola Superior de Música de Lisboa
A prática do Laboratório de Música Mista destina-se a desenvolver competências no domínio da performance da música mista (de reportório ou composta por estudantes de composição especificamente para o grupo), improvisação e experimentação. A música mista pode ser definida como a junção do meio acústico com o meio electroacústico, mais concretamente: a combinação de um ou mais instrumentos acústicos com sons criados, processados ou reproduzidos electronicamente. O Laboratório de Música Mista foi criado pelos professores José Luís Ferreira, sendo atualmente orientado pelo professor Jaime Reis.
- 17h00-19h00 – Encerramento, com a participação do Doutor José Pacheco Pereira
José Pacheco Pereira
José Pacheco Pereira nasceu no Porto em 1949 e é licenciado em Filosofia pela Universidade do Porto. É professor, investigador de história contemporânea portuguesa, jornalista, cronista, político e professor universitário.
Ativo na luta contra a ditadura antes do 25 de Abril, manifestou-se ativamente contra o Estado Novo. No âmbito político, foi deputado na Assembleia da República (V, VI e VII Legislatura), deputado ao Parlamento Europeu, Vice-Presidente da Comissão Política Nacional do PSD, membro do Conselho Nacional do PSD e Presidente da Comissão Política Distrital de Lisboa. Em 1995, foi eleito Presidente do Grupo Parlamentar do PSD. Em 2020, tornou-se membro do Conselho Consultivo do CEN.
Publicou mais de uma dezena de livros sobre História e Política e colabora regularmente na imprensa escrita, rádio e televisão. Foi autor dos programas televisivos “EPHEMERA” (TVI 24) e “Ponto Contraponto” (SIC Notícias). Atualmente, integra o painel do debate político “Princípio da Incerteza” (CNN Portugal e TSF), anteriormente “Circulatura do Quadrado” e “Quadratura do Círculo”.
É autor dos blogues Abrupto, Estudos sobre o Comunismo e Ephemera. Dedicando-se há muitos anos à preservação de livros, periódicos, documentos e objetos da história contemporânea portuguesa, fundou e mantém o Arquivo/Biblioteca Ephemera, o maior arquivo privado português.
É membro da Academia de Ciências, Classe de Letras, e Doutor Honoris Causa pelo Iscte.
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