International Summer School for Composers 2023
Sunday / Domingo, 09.07.2023 | 19h30
Concert with Éric-Maria Couturier, Bertrand Chavarria-Aldrete and Jaime Reis
Improvisation (violoncelo) - Eric-Maria Couturier
cello violoncelo
[côrīo]·étilá [2021] - Bertrand Chavarría-Aldrete
guitar and sirimcho guitarra e sirimcho
[côrīobė’[N•Do1/4~]
Étilá nara nomi [p]’so
Aragava go[s•>] boni
fasori[•] …bané
Hegari[h] moôno
Yeti koti la
Bru a[t]
[f]’ta li[h] cē rami
Sonalamiña [ė]
Beorulima [o]
Fori[•]
enilá-étilá
[K] ugūri va]
bah’
né[•]
kinamárabâfrena [Rika Usami] [2022] - Bertrand Chavarría-Aldrete
cello violoncelo
poroeleranâgui
gore
sina
Beh[Sib•>]
Coboroname [KS•]
pegk [•]
igk [•]
m~j~a[LA•]
gegorifoma: kinamarabrafena: kinamarabafrenama [•]
[K•S]
Bora
Geru
Tobe’[N]a
anebotu [•] regaro[B]
Ko[•] Ki, hi
fe’slagomerabamepa[•]
kinamarabafrena
Kereo
Kereo
Ikero[•]kore
fe’slagomerabamepa’K’[M~A][Sib•<][h]
Ksenotuvira, fgoronebofa: kinamarabrafrena[re1/4•<]
Ô[•]de
Ô[•]be
Poro, elera, kinamarabafrenabé [•] ma [N-M•La] [F•<]’h K[•] kore[N-•La]
Torinomoro, poro
Erinomare, ele [K]’ fåa [s][t] ba[S]
Kore, kore, koro[M-i•<Mi]
Kinamárabâfrena
Boh [•]
Magistri Mei : BACH [2020] - Jaime Reis
guitar and electronics guitarra e electrónica
Magistri Mei is a cycle of pieces which deals with the weight and legacy of western classical music tradition.
I assume a particular heritage of rupture, as the very notion of tradition as I understand it impels me to disrupt it.
Magistri Mei é um ciclo de peças que aborda o peso e o legado da tradição da música clássica ocidental.
Assumo uma herança particular de ruptura, uma vez que a própria noção de tradição, como eu a entendo, impele-me a romper com ela.
Pour entrer…s’y profilait [2007] - Alberto Hortigüela
cello and guitar violoncelo e guitarra
The idea behind Pour entrer...s'y profilait for guitar and cello is to perform an instrumental recitation of an excerpt from Marcel Proust's book Albertine disparu ("Albertine disappeared") from his work À la recherche du temps perdu ("In search of lost time"). Proust's text is as follows:
Pour entrer en nous, un être a été obligé de prendre la forme, de se plier au cadre du temps; ne nous apparaissant que par minutes successives, il n’a jamais pu nous livrer de lui qu’un seul aspect à la fois, nous débiter de lui qu’une seule photographie. Grande faiblesse sans doute pour un être de consister en une simple collection de moments; grande force aussi; il relève de la mémoire, et la mémoire d’un moment n’est pas instruite de tout ce qui s’est passé depuis; ce moment qu’elle a enregistré dure encore, vit encore, et avec lui l’être qui s’y profilait.
In order to enter into us, a being is obliged to take form, to bend to the framework of time; it appears to us only in successive minutes, it has never been able to give us more than a single aspect of itself at a time, we receive from it only a photograph. It is no doubt a great weakness for a being to consist of a simple collection of moments; it is also a great strength; it depends on memory, and the memory of a moment has not been illustrated by all that is then already past; the moment it has recorded still lasts, still lives, and with it, that being which was being outlined.
In the composition, Proust's text only comes to the surface at specific moments, remaining hidden for the rest of the time and acting as a structural temporal element of the piece. A slow rhythm of recitation has been proposed, trying to recreate a calm reading of the text and retaining it at certain moments to give rise to fragments that act as commentaries on its meaning.
In the choice and development of the sound material used, two issues were taken into account: the sonorous kinship of certain materials with certain phonetic qualities of the text and their capacity to retain the rhythmic aspect of the recitation, the relative duration of each syllable. It is therefore mainly elements inherent to a recitation as a phenomenon that configure the structural sonority of the piece, while symbolic elements such as sound heights take on a more semantic recreation function.
The form of the piece comes from the synthesis between the flow of the recitation and the insertion of the commentaries to it.
A ideia de Pour entrer...s'y profilait para guitarra e violoncelo é fazer uma recitação instrumental de um excerto do livro Albertine disparu ("Albertine desapareceu") de Marcel Proust da sua obra À la recherche du temps perdu ("Em busca do tempo perdido"). O texto de Proust é o seguinte:
Pour entrer en nous, un être a été obligé de prendre la forme, de se plier au cadre du temps; ne nous apparaissant que par minutes successives, il n’a jamais pu nous livrer de lui qu’un seul aspect à la fois, nous débiter de lui qu’une seule photographie. Grande faiblesse sans doute pour un être de consister en une simple collection de moments; grande force aussi; il relève de la mémoire, et la mémoire d’un moment n’est pas instruite de tout ce qui s’est passé depuis; ce moment qu’elle a enregistré dure encore, vit encore, et avec lui l’être qui s’y profilait.
Para entrar em nós, um ser é obrigado a tomar forma, a dobrar-se ao quadro do tempo; aparece-nos apenas em minutos sucessivos, nunca pôde dar-nos mais do que um único aspeto de si mesmo de cada vez, recebemos dele apenas uma fotografia. É, sem dúvida, uma grande fraqueza para um ser consistir numa simples coleção de momentos; é também uma grande força; depende da memória, e a memória de um momento não foi ilustrada por tudo o que já passou; o momento que registou ainda dura, ainda vive, e com ele, aquele ser que estava a ser delineado.
Na composição, o texto de Proust só vem à superfície em momentos específicos, permanecendo oculto durante o resto do tempo e actuando como elemento temporal estrutural da peça. Foi proposto um ritmo lento de recitação, tentando recriar uma leitura calma do texto e retendo-o em determinados momentos para dar origem a fragmentos que funcionam como comentários ao seu significado.
Na escolha e desenvolvimento do material sonoro utilizado, foram tidas em conta duas questões: o parentesco sonoro de certos materiais com certas qualidades fonéticas do texto e a sua capacidade de reter o aspeto rítmico da recitação, a duração relativa de cada sílaba. São, pois, sobretudo elementos inerentes à recitação enquanto fenómeno que configuram a sonoridade estrutural da peça, enquanto elementos simbólicos como as alturas sonoras assumem uma função de recriação mais semântica.
A forma da peça resulta da síntese entre o fluxo da recitação e a inserção dos comentários à mesma.
Dues sanguines [2016] - Joan Magrané Figuera
cello and guitar violoncelo e guitarra
These two miniature sanguines are named after the pictorial technique of the same name. The "sanguine", which uses haematite -a rock containing iron oxide- as a material and historically linked to the production of sketches, allows a drawing from life rich in detail and possibilities, especially in the representation of the volumes and textures of the flesh, due to the multiple variations in the range of reds (from orangey red to deep red), from which its name derives: its resemblance to the colour of blood. It is precisely these characteristics that I wanted to represent in these two small pieces. The first, sensual and undulating, full of organic nuances, is inspired by a sketch by Michelangelo where Christ, of extraordinary bodily strength despite the scene he represents, is descended from the cross by the Virgin Mary and other women who, on the contrary, form an almost ephemeral, volatile frame.
In the second, it is a small naturalistic drawing by Leonardo da Vinci with a curious structure (the landscape, a leafy grove, appears strangely as a red spot on the upper right, with such a presence in its abstraction that brings it aesthetically close to the art of our days) which inspires an almost purely geometric composition, with concise and directional lines, sometimes slightly sinuous, as if done on the fly, in a natural way.
This work was commissioned by the HEIDELBERGER FRÜHLING festival for its 2016 edition.
Estas duas sanguíneas em miniatura têm o nome da técnica pictórica com o mesmo nome. A "sanguínea", que utiliza a hematite - uma rocha que contém óxido de ferro - como material e está historicamente ligada à produção de esboços, permite um desenho a partir da vida rico em pormenores e possibilidades, especialmente na representação dos volumes e texturas da carne, devido às múltiplas variações na gama de vermelhos (do vermelho alaranjado ao vermelho profundo), de onde deriva o seu nome: a sua semelhança com a cor do sangue. São precisamente estas características que quis representar nestas duas pequenas peças. A primeira, sensual e ondulante, cheia de nuances orgânicas, é inspirada num esboço de Miguel Ângelo onde Cristo, de uma força corporal extraordinária apesar da cena que representa, é descido da cruz pela Virgem Maria e outras mulheres que, pelo contrário, formam uma moldura quase efémera e volátil.
No segundo, é um pequeno desenho naturalista de Leonardo da Vinci com uma estrutura curiosa (a paisagem, um bosque frondoso, aparece estranhamente como uma mancha vermelha no canto superior direito, com uma tal presença na sua abstração que o aproxima esteticamente da arte dos nossos dias) que inspira uma composição quase puramente geométrica, com linhas concisas e direccionais, por vezes ligeiramente sinuosas, como se fossem feitas de improviso, de forma natural.
Esta obra foi encomendada pelo festival HEIDELBERGER FRÜHLING para a sua edição de 2016.
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